tag:blogger.com,1999:blog-79563810734764777902024-03-13T22:52:24.651-07:00TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO EM MUTIRÃOTdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.comBlogger45125tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-59788816633083262015-11-03T12:17:00.003-08:002015-11-03T12:17:55.102-08:00II CONGRESSO CONTINENTAL DE TEOLOGIA<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">MEMORIAL
DE UMA IGREJA QUE CAMINHA COM ESPÍRITO A PARTIR DOS POBRES<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-rwYsFKoRXB8/VjkWWetlVAI/AAAAAAAAAQg/Gmrn7CQui08/s1600/IMG_3610.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="http://4.bp.blogspot.com/-rwYsFKoRXB8/VjkWWetlVAI/AAAAAAAAAQg/Gmrn7CQui08/s320/IMG_3610.JPG" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><!--[if gte vml 1]><v:shapetype
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<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De 26 a 30 de outubro de
2015 participei do II Congresso Continental de Teologia, promovido por
Ameríndia e pelo Instituto São Tomás de Aquino (ISTA), ocorrido na Casa de
Retiro São José, em Belo Horizonte, Minas Gerais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Fui muito bem acolhido no
dia 25, na casa das Irmãs Sacramentinas, e lá reencontrei o querido amigo Pablo
Richard e outros jovens teólogos e teólogas da libertação, originários de
vários países da América Latina e Caribe, que conheci em 2012 durante o
Congresso Continental de Teologia ocorrido na Unisinos, em São Leopoldo, Rio
Grande do Sul. Ouvi de Pablo Richard um singelo elogio ao meu novo livro <b><i>Espiritualidade
da Libertação Juvenil</i></b> (CEBI, 2015), e o quanto essa publicação é
necessária para a formação de novos teólogos e teólogas da libertação em todo o
Continente. Ouvir tais palavras me encheram de alegria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pude ouvir histórias dos
bastidores das Conferências de Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida;
notar a preocupação com o avanço de forças ultraconservadoras em toda a América
Latina e Caribe; celebrar a alegria do Evangelho nas mudanças propostas pelo
Papa Francisco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Na manhã do dia 26, acolhi o
querido Frei Carlos Mesters, que chegava de Angra dos Reis-RJ e que foi tomar
um café na casa das Irmãs Sacramentinas, onde ele tem uma amiga de muitos anos.
Frei Carlos sempre com uma disposição de adolescente, apesar de ter mais de 80
anos, e com uma alegria contagiante. Me despedi e fui para o ISTA, para a
última reunião de preparação e organização do Congresso com a equipe de
Ameríndia e com o padre Manoel Godoy, que me pediu para marcar o tempo de
caminhada da casa até o ISTA; “caminhando devagar”, como bem disse, para depois
avisar aos participantes do II Congresso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A caminhada foi maravilhosa,
pois passei por dentro da Pontifícia Universidade Católica, olhando o prédio
antigo, todo em branco e azul em contraste com os prédios novos; daqui a pouco
avistei o Museu e finalmente cheguei ao ISTA, onde fui recebido por Manoel
Godoy e a equipe de Ameríndia. Almoçamos juntos e fomos para a Casa de Retiro,
onde credenciados continuamos a acertar os últimos detalhes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A partir das 15 horas a Casa
começou a receber teólogos e teólogas de todo o Continente. O idioma foi o
espanhol, misturado em alguns momentos com o português. No final, todos, todas
se entenderam muito bem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A conferência inaugural foi
feita pelo professor Leonardo Boff. Nos dias seguintes, seria a vez de Gustavo
Gutiérrez, Carlos Mesters, Francisco Orofino, Victor Codina, José Oscar Beozzo,
Pedro Trigo, várias teólogas da libertação; finalmente o II Congresso fez uma
linda homenagem a João Batista Libanio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O II Congresso Continental
de Teologia avançou nos temas teológicos lançando perspectivas, propondo
prospectivas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Se assumiu publicamente
apoiar o Papa Francisco nas mudanças que ele aos poucos vem fazendo. Uma carta
feita por Leonardo Boff, lida em plenária, e assinada por todos, todas, foi
enviada ao Papa Francisco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nos grupos de trabalho e nas
comunicações científicas, as discussões tiveram profundidade teológica o que
leva a equipe de Ameríndia a pensar numa publicação escrita que contemple os
grupos e as comunicações, dando oportunidade para novos teólogos e teólogas da
libertação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Criei um poema a partir dos
relatórios enviados pela maioria dos grupos de trabalho e que resume bem a
criatividade e o compromisso de mulheres e homens envolvidos nas discussões
teológicas daqueles dias:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">IGREJA QUE CAMINHA
COM ESPÍRITO E A PARTIR DOS POBRES<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">A
Divina Ruah vem antes e caminha ao nosso lado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">A
Divina Ruah sustenta as vozes em defesa da vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Reconstruir
a Igreja enquanto discipulado de iguais<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">é
garantir a cidadania que irá cicatrizar a ferida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">O
diálogo é a casa onde hospedamos o outro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Tudo
é sagrado para quem encontra e respeita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Eis
a revolução humana que nos faz crescer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Misericórdia
é o dom que a profecia não rejeita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">A
equidade, a igualdade e a diversidade,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">são
novas práticas pastorais e da educação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">O
Reino de Deus acontece no meio do povo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">como
Palavra viva que jorra do coração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Os
pontos fundamentais na história bíblica,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">deveriam
ser os pontos da experiência humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Fé
na Palavra, fé na gente, que lê com olhos novos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">a
realidade a partir dos pobres que não é profana<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">As
cidades enquanto sinais de esperança<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">são
aquelas que promovem a pluralidade:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">de
religião, de sonhos, de trabalho, de cultura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Onde
brotam espaços de participação e liberdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">O
Bem Viver é a exigência maior do Reino de Deus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Se
completa em autenticidade no seguimento da luz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Os
mártires e os profetas são sinais para hoje, neste lugar,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">e,
por isso, nada é mais alto que o mandamento da cruz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">A
Igreja que caminha com Espírito,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">que
tem como riqueza o carisma e não o poder:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">é
a Igreja que caminha a partir dos Pobres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt;">Comunidade
que constrói o homem e a mulher!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> De
tudo o que vi e ouvi, posso dizer que a transmissão de conhecimento ocorreu de
forma espontânea nos momentos de intervalos e na hora do almoço e do jantar. As
mães e os pais da Teologia da Libertação ficaram desde o primeiro dia do
Congresso, se misturaram em nosso meio, não deixaram de responder a nenhuma
pergunta, brincaram, sorriram, nos levaram as lágrimas com seus depoimentos
cheios de vida, ternura, vigor e esperança. Victor Codina me deu um abraço
apertado quando me viu e me disse: “Li o seu livro Espiritualidade da
Libertação Juvenil, gostei muito, parabéns”. Diego Irarrazaval ao me presentear
com seu novo livro, me disse: “Seu livro Espiritualidade da Libertação Juvenil
é uma ferramenta importantíssima para o trabalho com as lideranças juvenis,
siga em frente, esse é o caminho”. Marcelo Barros me contou da alegria de
reencontrar tanta gente bacana e sedentas da Teologia da Libertação. Gustavo
Gutiérrez e Leonardo Boff falaram muitas coisas para mim, que até o presente
momento, ainda estou refletindo e rezando, acredito que mais para frente irei
colocar todas em prática, pois são indicações preciosas para ser um teólogo da
libertação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> De
todas essas conversas nasceu a vontade de voltarmos para nossos países, para
nossas casas, e pensarmos como difundir as propostas do Congresso no meio das
juventudes, criar novos espaços para observação da realidade e da transmissão
da Teologia da Libertação de acordo com cada lugar. Surgiu a ideia de se fazer
no Brasil um II Encontro Nacional de Juventudes e Espiritualidade Libertadora,
já que o anterior foi fruto do primeiro Congresso, e deu muito certo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Sou
muito grato ao padre Manoel Godoy, a Rosario, e a toda a equipe de Ameríndia,
que me convidaram para ajudar a organizar e a trabalhar no II Congresso
Continental de Teologia, eu nunca mais vou esquecer todos os momentos ali
vividos, guardei cada um deles dentro do meu coração. E rezando cada um deles,
me preparo para seguir nesta caminhada, levando em frente, com outros jovens teólogos
e teólogas da libertação a tarefa de continuar a defender a vida, a ser Igreja
dos Pobres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Não
se sabe ainda quando e onde será o III Encontro Continental de Teologia; nos
corredores ouvi conversas que sugerem ser próximo à canonização de D. Oscar
Romero (El Salvador) e ou nos 50 anos da Conferência de Medellín (Colômbia).
Cenas dos próximos capítulos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Emerson Sbardelotti<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mestrando em Teologia – PUC-SP<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Autor de <i>Espiritualidade da Libertação Juvenil</i>. São Leopoldo: CEBI, 2015.<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Autor de <i>Utopia Poética</i>. São Leopoldo: CEBI, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Constantia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Autor de <i>O Mistério e o Sopro</i> – Roteiros para Acampamentos Juvenis e
Reuniões de Grupos de Jovens. Brasília: 2005.<o:p></o:p></span></div>
TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-860510902694274312014-02-09T12:45:00.001-08:002014-02-09T12:45:32.614-08:00JUSTIÇA E PROFECIA A SERVIÇO DA VIDA!<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JUSTIÇA
E PROFECIA A SERVIÇO DA VIDA!<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Sq8g8Xmun0s/UvfoyswxAZI/AAAAAAAAAPM/2q1lOdhKr5g/s1600/cebs.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Sq8g8Xmun0s/UvfoyswxAZI/AAAAAAAAAPM/2q1lOdhKr5g/s1600/cebs.jpg" height="238" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> O
que posso dizer destes dias em que vivi na Diocese do Crato, em Juazeiro do
Norte, no Cariri, do Ceará de Padre Cícero, no Ceará de Patativa do Assaré, no
Ceará do 13º. Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Próximo
ao mistério de Deus no meio de tantos romeiros, tantas romeiras, prefiro me
calar e lembrar na mente e em meu coração, momentos que nunca se apagarão...que
estão cravados para sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Tive
a imensa alegria de ser adotado pelo povo guerreiro do Norte I: Amazonas e
Roraima, que me abraçaram, que me beijaram, como se eu já estivesse com eles a
muito tempo e que nosso encontro fosse um reencontro...neste momento as
lágrimas rolam por saudade e por amor a todos, todas que daqui para frente
estarão em minhas orações e lembranças...e são muitas...muitos risos
também...quero reencontrá-los, reencontrá-las em breve.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Fui
acolhido por uma família especial do Cariri, do Crato/CE, a Família Lobo: me
deixaram a vontade com meu novo irmão, eu tenho um irmão indígena...(risos)...o
querido Delmir, que deve chegar em breve em Belém do Pará...é um choro de
alegria o de agora e de muita saudade...saudade das minhas novas irmãs, do meu
novo irmão, de painho e mainha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> No
dia 07 de janeiro, após o credenciamento me dirigi para Assaré, a cidade do
poeta profeta Patativa. Que alegria estar ali naquele pequeno lugarejo de onde
brotou um verdadeiro ser humano. Eu agora sei que minha pesquisa em torno dele
será ainda mais difícil, pois parafraseando Luiz Gonzaga a respeito de Jackson
do Pandeiro: “Quando a gente encontra alguém que é muito melhor...a única coisa
a se fazer é ficar quieto”. Ao conversar com as meninas da Casa da Memória
Patativa do Assaré, e ver nos olhos delas, o amor pela história do grande
mestre do Assaré, é que senti que ainda tenho muito a fazer e a crescer
enquanto ser humano, poeta e cantador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Voltei
de lá com a sacola cheia de livros, discos e um documentário, enquanto escrevo
esta memória, ouço e canto uma canção chamada SINA (Raimundo Fagner / Ricardo
Bezerra / Patativa do Assaré):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eu
venho desde menino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Desde
muito pequenino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Cumprindo
o belo destino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Que
me deu Nosso Senhor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não
nasci pra ser guerreiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nem
infeliz estrangeiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eu
num me entrego ao dinheiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Só
ao olhar do meu amor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Carrego
nesse meus ombros<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
sinal do Redentor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E
tenho nessa parada<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quanto
mais feliz eu sou<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eu
nasci pra ser vaqueiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sou
mais feliz brasileiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eu
num invejo dinheiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nem
diploma de doutor...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> A
noite celebramos a abertura dos trabalhos. E abracei Reginaldo Veloso e Zé Vicente
e outros artistas da caminhada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E começou no dia 08, de
fato, o Intereclesial, com uma linda celebração e tantas vozes e chapéus, que
eu disse baixinho: “Obrigado Jesus por revelar seu amor aos pequeninos”...e o
Caldeirão esquentou ainda mais quando Francisco, bispo fraterno de Roma nos
mandou sua mensagem de amor, afago e carinho...quando um irmão indígena nos
lembrou que podem nos tirar tudo, mas nunca irão matar nossas raízes...e
assim...a paz! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Depois
de dez anos, abracei meu querido irmão e amigo Vilsom Basso, scj, hoje bispo de
Caxias – MA...e assim...a paz!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E reencontrei a família do
querido amigo e irmão Zé Martins num vagão...ops...num rancho em sua
homenagem...ao abraçar a Angela e as filhas do Zé...a emoção foi grande
demais...e assim...a paz!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Todos
os dias as famílias, apesar do calor e do cansaço, nos recebiam com sorrisos,
beijos e abraços e isso nos dava ainda mais força.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> No
dia 09 saímos em missão, visitando paróquias e conhecendo um povo
lindo...ouvimos histórias, recitação de cordel, deixamos chapéus e levamos no
peito a certeza que Deus está muito mais perto dos pobres do que imaginamos. E
vimos neles os profetas e profetisas que ainda não somos...mas estamos a
caminho...e assim...a paz!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> No
mesmo dia, subimos ao Horto de nosso Padim Padi Ciço...fomos pedir sua benção,
fomos rezar os mártires de nossa caminhada: todos, todas. Foi lida a Carta
fraternal que será enviada ao querido Papa Francisco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> No
dia 10 retornamos aos ranchos, depois de ouvirmos um animado Luis Mosconi, fiel
romeiro e articulador das santas missões populares e o querido Frei Carlos
Mesters, que no alto de sua simplicidade nos ensinou como trabalhar com o povo
a partir dele próprio e da Palavra de Deus. A noite cantamos com Zé Vicente e
os artistas da caminhada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> No
dia 11 escolhemos o Paraná como estado que acolherá o próximo Intereclesial das
Cebs, o 14º., na cidade de Londrina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Depois
partimos em romaria para o que seria a caminhada jubilar em homenagem ao
centenário da Diocese do Crato. Depois aconteceu a Missa de Envio e com a lua
surgindo, nos abraçamos uma vez mais, numa irmandade linda, desejosos de nos
reencontrar nessas estradas todas da vida e manter sempre viva a profecia,
defendendo a vida, lutando por justiça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Que
Deus nos abençoe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Que
Deus vos abençoe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Amém.
Axé. Awerê. Aleluia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Emerson Sbardelotti<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">12 de dezembro de 2014<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">23:45<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Vitória do Espírito Santo<o:p></o:p></span></div>
TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-72235829626116648312014-02-09T10:58:00.006-08:002014-02-09T12:27:03.402-08:00EU VENHO DE LONGE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-G92A79fXR4M/Tm4OymeXGjI/AAAAAAAAAK0/d_Qy2ptBNN4/s1600/eu+e+z%25C3%25A9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-G92A79fXR4M/Tm4OymeXGjI/AAAAAAAAAK0/d_Qy2ptBNN4/s1600/eu+e+z%25C3%25A9.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">EU VENHO DE LONGE</span><br />
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Eu venho de longe, eu venho de lá</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">De uma época que não é a de agora</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">De uma vida sofrida e tão comprida</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Que só o canto é o que consola</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Desde os meus tempos de menino</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Vejo a vida ser exterminada</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Meus olhos cheios de lágrimas</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">E o corpo sem força para nada</span><br />
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Mas eu tenho a minha poesia</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">E com ela eu insisto em falar</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Verdades inquietas que incomodam</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Para que a sociedade possa mudar</span><br />
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Eu venho de lá, eu venho de longe</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Trago nas mãos o peso dos dias</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">De uma época que não é a de agora</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Semeando amor e fechando feridas</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Desde os meus tempos de menino</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Vejo minha gente ser maltratada</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Fecho os meus olhos e a alma viaja</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Minhas mãos cansadas e calejadas</span><br />
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Mas eu tenho a minha poesia</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">E com ela eu insisto em falar</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Verdades inquietas que incomodam</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Para que a sociedade possa mudar</span><br />
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Emerson Sbardelotti</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">09 de fevereiro de 2014</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">16:06</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">*direitos reservados*</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-89334885904419850442014-02-09T10:46:00.001-08:002014-02-09T10:46:44.102-08:00O PENSAMENTO EURÍSTICO DE JOÃO BATISTA LIBÂNIO<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O PENSAMENTO EURÍSTICO!<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">Emerson
Sbardelotti Tavares<a href="file:///C:/Documents%20and%20Settings/Emerson%20Sbardelotti/Desktop/TEXTOS/O%20PENSAMENTO%20EUR%C3%8DSTICO.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></b></span><!--[endif]--></span></a><o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-W0DFLsBl1gE/UvfM_SfdXYI/AAAAAAAAAO8/rbvS0lbpbjE/s1600/libanio+no+c%C3%A9u.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-W0DFLsBl1gE/UvfM_SfdXYI/AAAAAAAAAO8/rbvS0lbpbjE/s1600/libanio+no+c%C3%A9u.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">"O
que é o pensamento eurístico? É aquele pensamento que depois de ler alguém,
conhecer alguém, eu começo a pensar!" João Batista Libanio<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Conheci o padre João Batista
Libanio, no ano de 1985, Ano Internacional da Juventude. Ele havia sido um dos
conferencistas naquele final de semana e nos falava sobre o Mundo dos Jovens
(título dado a um de seus livros sobre e para a Juventude), as expectativas que
se abriam no limiar da história da juventude brasileira. Com imensa humildade,
amor e humor, o padre Libanio se aproximava de nós como verdadeiro assessor,
pois suas inquietações nos levavam a pensar sobre o que estávamos vivendo na
realidade de então. Ele nos fazia perguntas fáceis, mas que necessitavam de
demoradas respostas, respostas ruminadas, respostas que fizessem o grupo
crescer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Ele em todos os seus livros,
didaticamente, sempre fez questionamentos que iam, vão, no mais íntimo de nosso
ser. Mesmo sendo um Doutor em Teologia, não abria mão de estar no meio dos
pobres, do Povo Santo de Deus, apesar de toda erudição que tinha, conseguia
conversar de forma simples, delicada, para cada público um discurso, sempre
coerente e vivo. Aprendi com ele e tento
a cada dia viver: um bom teólogo não pode estar nunca somente na academia, ele
tem que estar onde o povo está, caso contrário de nada valerá a teologia que
recebeu e que faz!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Eu não conhecia os escritos do padre
Libanio, mas conhecia os de seus amigos queridos: Leonardo Boff e Carlos
Mesters. Através dos livros destes dois, e também depois daquela conferência,
comecei a comprar seus livros, e assisti-lo em VHS que uma editora católica
produzia, vídeos sobre Espiritualidade, Teologia, Jesus de Nazaré. Ele falava
sobre todos os campos da teologia com imensa facilidade, convicção e clareza.
Foi a partir do estudo de sua obra que comecei a entender melhor o que era a
Teologia da Libertação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Autor de 125 livros, sem contar
artigos, não se recusava a escrever de próprio punho, cartas respondendo
perguntas ou me concedendo uma entrevista. Em todos os nossos encontros, e não
foram poucos, sempre trazia o recente livro, autografado, e eu lhe dizia que um
dia escreveria e também o presentearia. “<i>Estarei
esperando</i>...” sempre dizia e sorria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Em 2012, nos agradecimentos da
monografia <i>Ecoteologia: dos gritos dos
pobres ao grito da Terra na perspectiva da Teologia da Libertação em Leonardo
Boff</i>, que apresentei, assim está escrito:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">“<i>Aos teólogos e teólogas da libertação, pela
coragem e pelo testemunho de fé e vida frente às perseguições e martírios. A
Leonardo Boff, João Batista Libanio, Marcelo Barros, Carlos Mesters e D. Pedro
Casaldáliga, que mantêm viva a fé e a fiel esperança</i>”. Lhe enviei um
arquivo para seu email com a mesma, e ele respondeu: “<i>Obrigado. Siga em frente!</i>”. Neste ano tive o prazer de
reencontrá-lo, o que seria a nossa última vez juntos, no Congresso Continental
de Teologia, ocorrido na Unisinos – RS. Neste Congresso, eu lhe entreguei meus
dois primeiros livros: <i>O Mistério e o
Sopro – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens</i>.
Brasília: CPP, 2005 e <i>Utopia Poética</i>.
São Leopoldo: CEBI, 2007. O que ele com um imenso sorriso me disse: “<i>Até que enfim...parabéns...siga em frente!</i>”
Na ocasião lhe perguntei se em meu terceiro livro (que ainda não está
concluído) ele faria a apresentação? “<i>Seria
um prazer. Afinal, temos que dar apoio aos novos teólogos da libertação!</i>”.
Como era bondoso o professor Libanio...me chamar de novo teólogo da libertação.
Ao escrever me emociono lembrando destas palavras, e peço a Deus, que essa
profecia se cumpra. Infelizmente no último dia 30 de janeiro de 2014, o Moreno
de Nazaré o chamou para junto dele. Fico com a lembrança do professor bondoso,
inteligente, bem humorado e cheio de amor pela teologia e pelo povo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Da
minha parte irei me dedicar com afinco ao Mestrado em Teologia Sistemática. Ele
me enviou um email dizendo: “<i>Parabéns por
mais esta conquista, não se esqueça nunca do povo.</i>”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Em
nossa última conversa, dias antes de começar a Ampliada Nacional da Pastoral da
Juventude, falávamos sobre a juventude, sobre o processo da educação da fé e
ele sempre me pedia, me dizia isso: "<i>que
tenha coragem de lutar por uma pastoral livre, corajosa e libertadora</i>"!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Obrigado
professor querido por tudo o que semeou entre nós. A Teologia e a Teologia da
Libertação perde um de seus maiores mantenedores do diálogo e do respeito, a
Igreja perde um de seus maiores pensadores contemporâneos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">E
eu sigo por aqui, nas suas pegadas, com amor, humor e humildade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Até
o nosso próximo encontro Libanio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">ENTREVISTA COM JOÃO
BATISTA LIBANIO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">EM
ABRIL DE 2002<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">João
Batista Libanio, padre jesuíta, teólogo, educador e escritor, Belo Horizonte/MG<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Esta
entrevista foi concedida ao Jornal ESPERANÇA JOVEM, da Pastoral da Juventude,
da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Cobilândia, Vila Velha-ES.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Entrevistado
por Emerson Sbardelotti Tavares<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">EMERSON
– O que é a Teologia da Libertação? É a única teologia da América Latina? É a
melhor?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">LIBANIO:
A Teologia da Libertação é, antes de tudo, uma libertação da Teologia. Ela quer
ser uma teologia para a nossa situação e não simples xerox da teologia de
outros países. Ao querer ser uma teologia para a América Latina, ela parte dos
problemas da América Latina. Ora o maior problema que nós vivemos é a situação
de opressão, de exploração das grandes massas populares. E a única maneira de
superar uma situação de dominação é lutar pela libertação. Queremos, como
cristãos, embarcar nessa luta pela libertação dos pobres, motivados e
iluminados pela nossa fé.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">A
TdL é a teologia que motiva e ilumina o cristão na luta pela libertação. Por
isso se chama Teologia da Libertação. Ela não organiza, nem faz a libertação.
Isso fazem os homens e mulheres que estão lutando. Ela quer simplesmente ajudar
esses homens e mulheres, que são cristãos, a verem o que a sua fé diz sobre tal
luta, motivando-a, iluminando-a, criticando-a nos pontos em que possa ter
entrado algo de anti-cristão. O papel da TdL é muito importante para sustentar
a fé do cristão comprometido. Pois vimos com tristeza no passado muitos
cristãos que, ao engajarem-se na luta, perderam a oposição entre fé e política,
entre fé e luta libertadora, entre fé e compromisso social. Mostrar isso é uma
das maiores tarefas da TdL.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Ela
não é a única teologia da América Latina, mas aquela que nasceu aqui e se
orienta para a nossa situação. Não se trata de comparar mas de ver sua
relevância e pertinência para nossa situação latino-americana.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">EMERSON
– As CEBs são ainda um fenômeno ou não representam mais um novo jeito de ser
Igreja?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">LIBANIO:
As CEBs são ainda verdadeiro jeito de ser Igreja. Mas há vários tipos de CEBs.
Há aquelas que amadureceram. Há outras que fraquejaram e outras que
desapareceram.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">As
CEBs têm manifestado uma capacidade criativa no campo da liturgia precisamente
lá onde o ministro ordenado não chega regularmente. Elas continuam revelando um
compromisso libertador, firme e decidido, sem talvez a aura militante de outras
décadas, mas não menos sério e eficiente. Enfim, aí esta a vida das CEBs em sua
beleza simples e corajosa.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">EMERSON
– Num mundo globalizado e globalizante, qual é o cenário de Igreja que
sobressai atualmente na América Latina e Brasil?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">LIBANIO:
Predomina ainda na Igreja Católica, o cenário da Instituição. A preocupação
interna com sua estrutura ainda é muito acentuada. No entanto, há sinais de um
forte sopro carismático que vivifica toda a Igreja e flexibiliza suas
instituições. Há crescente apreço à Palavra de Deus, às liturgias da Palavra,
ao estudo da fé. E também ainda permanece animador em muitos setores da Igreja
um entusiasmo no compromisso com o processo libertador dos pobres.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">EMERSON
– O que deve representar o estudo da teologia para a PJB? E o que a PJB deve
representar para a teologia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">LIBANIO:
Muito. A teologia é a busca de intelecção de fé. Na idade jovem se é mais
exigente quanto as razões para crer. Deixa-se de ser criança que freqüenta a
religião pelas mãos dos pais. Agora o jovem anda com suas pernas. Em termos de
fé, significa aprofundá-la. E para fazê- lo, nada melhor que a teologia. E, por
sua vez, a teologia também deve levar em consideração as perguntas que os/as
jovens lhe levantam. Eles/as são como a febre do organismo da sociedade.
Revelam a existência da infecção sem talvez apontar para qual ela seja exatamente.
E a teologia percebendo tal aviso e alarme mergulha no problema e aprofunda.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">EMERSON
– Qual a mensagem que o sr. daria para os nossos grupos de base da PJB?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">LIBANIO:
Num mundo de desesperança e desânimo, ser um sinal de coragem e engajamento.
Num mundo que só valoriza o presente, acreditar no futuro, forjando utopias.
Num mundo hedonista, mostrar que o verdadeiro prazer está na entrega de si aos
outros. Num mundo de corrupção política, exercer vigilante controle sobre a
administração pública para evitar a malversação dos bens públicos. Num mundo de
violência, revelar a liberdade e transparência acolhedora da tolerância e do
amor. Enfim, anunciar em palavras e ações que é possível criar uma sociedade
alternativa a esta que aí está, começando já no seu meio juvenil o ensaio do
mundo futuro de fraternidade, igualdade, acolhida, paz e amor.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">EMERSON
– Pe. Libanio, nas comemorações de 75 anos de tua existência só temos agradecer
a sua valiosa contribuição para o crescimento de nossos jovens, de nossas
jovens na caminhada de PJB. Muito obrigado!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Documents%20and%20Settings/Emerson%20Sbardelotti/Desktop/TEXTOS/O%20PENSAMENTO%20EUR%C3%8DSTICO.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> <span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Mestrando em Teologia Sistemática
pela PUC-SP (Campus Ipiranga); Bacharel em Teologia pelo Instituto de Filosofia
e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo; Licenciado em História
pelo Centro Universitário São Camilo/ES (Campus Vitória); Bacharel em Turismo
pela Faculdade de Turismo de Guarapari/ES; Autor de <b>O Mistério e o Sopro – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de
grupos de jovens</b>. Brasília: CPP, 2005 (www.cpp.com.br); Autor de Utopia
Poética. São Leopoldo: CEBI, 2007 (www.cebi.org.br). Assessor para as áreas de
Mística e Espiritualidade, Juventude, Bíblia e Liturgia. Correio eletrônico:
prof.poeta.emerson@gmail.com. <o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-6198766420377527572012-10-11T18:23:00.002-07:002014-02-09T10:39:47.659-08:00MEMÓRIA E PROFECIA!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-KfGmTeQOpeM/UHdw7f83GBI/AAAAAAAAAOE/PCeNwLYQLR0/s1600/CongressoEspanhol+2012.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-KfGmTeQOpeM/UHdw7f83GBI/AAAAAAAAAOE/PCeNwLYQLR0/s320/CongressoEspanhol+2012.jpg" height="320" width="222" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MEMÓRIA
E PROFECIA!<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O que vivi nestes dias aqui
na Unisinos, em São Leopoldo – RS, em meio a tantas pessoas maravilhosas,
oriundas de todos os cantos do continente americano, não tem explicação. Pela
primeira vez participei do Congresso Continental de Teologia, no momento,
enquanto aluno do bacharelado em Teologia, pelo Instituto de Filosofia e
Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, e confesso, boquiaberto,
que tudo o que ouvi e vi fortaleceram ainda mais a minha fé numa Igreja que
quer ser verdadeiramente a Igreja dos Pobres e tornar mais evidente a abertura
iniciada pelo Beato João XXIII em 1962. Volto para Vila Velha, Espírito Santo,
com a certeza que tenho muito a fazer por minha Igreja. Me comprometo, de
coração e alma com a Opção pelos Pobres, com a defesa permanente da Vida, em
levar adiante o legado e a herança da Teologia da Libertação, que aqui foi me entregue
e a todos que participaram do Congresso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Passaram por aqui os pais da
Teologia da Libertação de todo o continente americano. Com carinho, amor,
paciência, sapiência e humildade, comum de quem muito caminhou, escutou,
ascultou, acima de tudo, viveu o Evangelho encarnado nas paixões de nossa gente
afroameríndia foram mostrando que é nossa a hora de continuarmos o legado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É claro que senti falta de
nossas matriarcas da Teologia da Libertação, mas em todas as missas e momentos
de espiritualidade que participei pedi a Deus que as abençoasse onde estivessem
e que as mantivessem fortes na caminhada, sempre fiéis ao Povo Santo de Deus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um grupo de corajosos bispos
rezaram e compartilharam suas memórias e experiências. E puderam comprovar, que
as pessoas estavam ali para aprenderem um pouco mais, e não cometerem heresias,
como pensam alguns. Em especial, D. José
Maria Pires, padre conciliar, testemunha ocular do Concílio Ecumênico Vaticano
II, que aos 95 anos, voz firme e humor inabalável, nos fez viajar aos anos de
1962 – 1965. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Seria injustiça da minha
parte esquecer, por ventura, o nome de algum conferencista ou novos amigos que
fui conhecendo pelos corredores e no restaurante universitário, por isso não
citarei nominalmente, mas guardarei em meu coração todas as palavras que ouvi e
que recebi, dos experientes teólogos da libertação e também de novos teólogos
que estão surgindo no cenário. Acredito que a passagem está sendo feita: da
primeira geração de teólogos da libertação, para uma segunda e finalmente para
uma terceira geração – a minha e a de muitos que lá estavam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Confesso que retorno cheio
de alegrias e esperanças, mas também de muitas crises... Crises, que bem ou
mal, me farão crescer teologicamente, humanamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A nossa missão a partir desse
Congresso Continental de Teologia só tende a aumentar, desistir não é uma
palavra que eu irei usar, não importa o que possa acontecer, pois não sou
inocente e sei que o cenário de Igreja atual não vê com bons olhos essa
organização, esse modo de pensar e ser Igreja. Já diria um profeta mártir de
nossos dias atuais: “PREFIRO VIVER PELA VIDA, DO QUE VIVER PELA MORTE”!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Neste momento histórico,
sinto o quanto é urgente e necessário não deixar cair a profecia e pude conversar,
ouvir, abraçar, sorrir e beijar, profetisas e profetas, que não se calam e que
continuam a testemunhar um Deus que se coloca ao lado dos mais fracos, dos
espoliados, violentados, excluídos e esquecidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Que o sangue de nossos
mártires não nos deixem esquecer, acomodar e parar nunca!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Que o cuidado entre os seres
e para com os seres seja por toda a Terra, por ela devemos doar nossas vidas se
for preciso, é o mínimo pelo muito que ela nos oferece.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A Ecologia é o novo
paradigma, é a nova preocupação, é a nova crise hodierna. É o viés pelo qual
teremos que refletir e colocar em prática neste século, ou pereceremos todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Me perguntaram outro dia: o
que sobrou da Teologia da Libertação?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eu respondi: Deus e os
Pobres!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Hoje eu responderia: Deus,
os Pobres e bons teólogos e teólogas da libertação que participaram do
Congresso Continental de Teologia, e que irão escrever, irão divulgar, farão chegar
a todos os lugares a fiel esperança.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Que nos 50 anos do Concílio
Ecumênico Vaticano II, não pensemos no Concílio Ecumênico Vaticano III, mas no
Jerusalém II.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 369.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Emerson Sbardelotti</span></div>
TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-82527396961445748752012-10-10T18:40:00.002-07:002014-02-09T10:40:01.846-08:00CONGRESSO CONTINENTAL DE TEOLOGIA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-4ZSoBnkowSw/UHYiW77awtI/AAAAAAAAAN0/2isz4jPuQW4/s1600/CongressoEspanhol+2012.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-4ZSoBnkowSw/UHYiW77awtI/AAAAAAAAAN0/2isz4jPuQW4/s320/CongressoEspanhol+2012.jpg" height="320" nea="true" width="222" /></a></div>
TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-85805382064433369392012-01-17T16:11:00.000-08:002012-01-17T16:11:36.810-08:00TdL em Mutirão 39<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-BRGcbR0P3wA/TxYOJOUjn9I/AAAAAAAAAMw/1nDmgbvCWaQ/s1600/1.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" kba="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-BRGcbR0P3wA/TxYOJOUjn9I/AAAAAAAAAMw/1nDmgbvCWaQ/s320/1.jpeg" width="226" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>ESPIRITUALIDADE LIBERTADORA & MÍSTICA</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong></strong></div><strong><div style="text-align: justify;"><br />
</div></strong><strong><div style="text-align: justify;"><br />
</div></strong><strong><div style="text-align: justify;"><br />
</div></strong><div style="text-align: justify;"><strong><em>“Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá!” Gilberto Gil </em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A juventude é o sacramento do novo, e ela pode dar pistas para uma mística e espiritualidade libertadora no seguimento do Moreno de Nazaré.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O caminho para quem quer viver, não adianta falar apenas de mística e de espiritualidade, com características pejoteiras, não é nada fácil de ser percorrido, principalmente, por se espelhar no itinerário feito por Jesus e as Primeiras Comunidades.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A mística e a espiritualidade libertadora é regada com o sangue dos mártires!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E com o sangue dos mártires não se deve brincar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Essa é a nossa herança enquanto desejosos de experimentar a mística e a espiritualidade de Jesus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A juventude (mesmo se sabendo que na atualidade, grande parte dela, não vive num contexto cristão católico, numa família cristã católica e não foi ou não quer ser iniciada na fé) já poderia dizer, que a mística e a espiritualidade, juntas, são um caminho a ser trilhado...com sacrifícios e sorrisos...erros e acertos...mas o que é mística? O que é espiritualidade?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para entender tais palavras e compreender seus conceitos é preciso ir às suas raízes: Mística, tem sua raiz na palavra mistério (mystérion – em grego – cf. Mc 4,11; 1Cor 2,1.7; Cl 1,27; Ef 1,9).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Leonardo Boff nos diz que o “mistério não equivale a enigma que, decifrado, desaparece. Mistério designa a dimensão de profundidade que se inscreve em cada pessoa, em cada ser e na totalidade da realidade e que possui um caráter definitivamente indecifrável. [...] Mistério, portanto, não constitui uma realidade que se opõe ao conhecimento. Pertence ao mistério ser conhecido. Mas pertence também ao mistério continuar mistério no conhecimento. Aqui está o paradoxo do mistério. Ele não é o limite da razão. Ao contrário. É o ilimitado da razão. Por mais que conheçamos uma realidade, jamais se esgota nossa capacidade de conhecê-la mais e melhor. Sempre podemos conhecê-la mais e mais. E isso indefinidamente”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando falamos de mística nos referimos ao mistério que nos faz viver. É o mistério que comunica, é o sentido que tende a construir uma fraternura na Terra: harmonia com a Natureza, com as coisas todas, entre nós, com Deus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É cantar aquele refrão do amigo Zé Vicente: “Todas as coisas são mistério! Todas as coisas são mistério!”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mística é o fio condutor, uma linha invisível que une a memória e os sonhos, que une a História e a Utopia, que une o passado e o futuro e que faz do presente uma grande festa, uma grande celebração!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Boff diz ainda que, “a mística não é pois, o privilégio de alguns bem-aventurados. Mas é uma dimensão da vida humana, à qual todos têm acesso, quando descem a um nível mais profundo de si mesmos, quando captam o outro lado das coisas e quando se sensibilizam diante da riqueza do outro e da grandiosidade, complexidade e harmonia do universo. Todos, pois, somos num certo nível, místicos. [...] Os místicos dão nome ao mistério. É sua ousadia, pois o mistério é inominável”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A mística é o inominável!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Há vários conceitos e definições de espiritualidade, pois há várias espiritualidades. A que se propõe trabalhar aqui é a espiritualidade da libertação, cristã, católica, “pé-no-chão”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Espiritualidade, tem sua raiz na palavra Espírito (ruah – em hebraico – cf. Gn 2,7).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O teólogo chileno, Segundo Galilea , nos diz que “a espiritualidade é conjunto de práticas e atitudes que manifestam a experiência de Deus (do Espírito Santo), numa pessoa, numa cultura, ou numa comunidade. É toda existência humana que põe em marcha a existência pessoal e comunitária. Trata-se de um estilo de vida que dá unidade profunda ao nosso orar, nosso pensar e nosso agir”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A espiritualidade é o andar nos caminhos de Deus!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É fazer nosso o olhar de Deus. O olhar contemplativo de quem descobre o que não vê.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É fazer nosso o escutar de Deus. O escutar contemplativo de quem ausculta o que não se ouve.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">D. Pedro Casaldáliga nos diz que “o espírito de uma pessoa é o profundo e o dinâmico de seu próprio ser: suas motivações maiores e últimas, seu ideal, sua utopia, sua paixão, a mística pela qual vive e luta e com a qual contagia. “Espírito” é o substantivo concreto, e “espiritualidade” é o substantivo abstrato. [...] Toda pessoa está animada por uma espiritualidade ou por outra, porque todo ser humano – cristão ou não, religioso ou não – é um ser também fundamentalmente espiritual. [...] O Deus de Jesus é o nosso Deus. Ele é a nossa profundidade máxima de nossa vida. A causa de Jesus é a nossa causa. Nosso viver é o Cristo (cf. Fl 1,21). Ele é a nossa paixão e seu Espírito é nossa espiritualidade”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Todos nós carregamos nas costas uma pergunta fundamental: “qual é o sentido da minha vida, da minha existência?”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Essa pergunta ganha um contorno novo quando uma crise se abate sobre a humanidade, sobre a sociedade, sobre a Igreja, sobre a família...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E é aí que acontece o fenômeno da fé mágica. A busca do milagrismo: “Deus vai aparecer, e vai dar um jeito em tudo. Ele vai dar um jeito na minha vida!”</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E o que é o milagrismo?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É a transferência da responsabilidade dos seres humanos para Deus!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por causa da situação caótica, transferimos para Deus a responsabilidade da mudança. Para que isso aconteça cada um deve conhecer a sua história pessoal, pois a ação de Deus se dá através da nossa ação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E pode se perguntar: “Deus faz milagre na História?”. Faz! Mas jamais fora das coordenadas da História!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não adianta ter somente fé, antes de qualquer coisa, está a experiência de Deus. Somente depois, com o tempo, vem a fé.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Experimentar Deus para se ter fé em Deus!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quem não experimenta a Deus não tem fé em Deus!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Boff nos diz que “a fé só tem sentido e é verdadeira quando significa resposta à experiência de Deus, feita pessoal e comunitariamente. Fé é então, expressão de um encontro com Deus que envolve a totalidade da existência, o sentimento, o coração, a inteligência, a vontade. Os lugares e os tempos deste encontro se transformam em sacramentais, pontos referenciais da experiência de uma superabundância de sentido inesquecível”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A CNBB em seu documento sobre a Evangelização da Juventude, destaca alguns meios para o crescimento da fé:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A oração pessoal: diálogo íntimo, profundo com Jesus Cristo, no Espírito que fortalece a dignidade enquanto filhas e filhos diante do Pai.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A oração comunitária: em comunidade é apresentado a Deus, os sucessos, as fraquezas, os sonhos, as lutas do povo, as celebrações dominicais. O domingo é o dia de encontrar-se com outros/as jovens e revigorar-se espiritualmente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A participação na comunidade: a comunhão fraterna é essencial na vida cristã e toda juventude é convidada, desde cedo, a fazer esta experiência através de seu envolvimento nas diversas responsabilidades na comunidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A leitura orante da Sagrada Escritura: crer na Palavra de Deus é essencial para um processo de crescimento do/a jovem que quer se comprometer cada vez mais com o projeto do Criador. São quatro passos ou atitudes da Leitura Orante (Lectio Divina) da Bíblia:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">1º. Passo: a leitura – o que o texto diz em si?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">2º. Passo: a meditação – o que o texto diz para mim/nós?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">3º. Passo: a oração – o que o texto me/nos faz dizer a Deus?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">4º. Passo: a contemplação – começar a ver o mundo em que vivemos com os olhos dos pobres, com os olhos de Deus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A vivência dos sacramentos: encontrar-se com Jesus, também na celebração dos sacramentos: de se tornar adulto na fé (batismo), de ser ungido para a missão (crisma), de ser testemunha da misericórdia e do perdão (reconciliação) e de ser pão para as necessidades do próximo (eucaristia).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A devoção a Nossa Senhora: o/a jovem se sente abraçado pela Mãe, meditando junto com ela os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os diversos encontros espirituais: momentos especiais para a juventude quando confrontamos com a pessoa, a proposta, a prática e a pedagogia de Jesus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As leituras e reflexões: são de grande valia as leituras teológicas e espirituais, sempre com a ajuda de um bom dicionário bíblico, litúrgico, de símbolos, de mística e espiritualidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Emerson Sbardelotti</div><div style="text-align: justify;">Estudante de Teologia do Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo</div><div style="text-align: justify;">Assessor Paroquial da Pastoral da Juventude na Paróquia NS da Conceição Aparecida, Cobilândia, Vila Velha - ES</div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-43406717466628087592012-01-17T16:04:00.000-08:002012-01-17T16:04:24.241-08:00TdL em Mutirão 38<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-K2_OaVNJV1g/TxYMaYwaw6I/AAAAAAAAAMo/da3-e_lvskI/s1600/DSC05049.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" kba="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-K2_OaVNJV1g/TxYMaYwaw6I/AAAAAAAAAMo/da3-e_lvskI/s320/DSC05049.JPG" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>A MÍSTICA E A ESPIRITUALIDADE DA PASTORAL DA JUVENTUDE</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>“Uma Igreja que não confere centralidade aos pobres e não assume a causa da justiça dos pobres não está na herança de Jesus”. Leonardo Boff – Teólogo.</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na América Latina e no Caribe, no Brasil, precisamente, o compromisso com as causas do Reino, nas causas do Povo, fizeram da Pastoral da Juventude, um ponto de encontro para as discussões sócio-políticas, econômicas e religiosas que não podem ser vividas, entendidas e interpretadas separadamente: eis o longo Caminho de Emaús a ser percorrido!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Falar de Mística e Espiritualidade, nos dias atuais, dias de muita violência, pode representar e significar <strong>FUGA!</strong> E está significando fuga. Está significando: uma falta de compromisso com a realidade a qual estamos inseridos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Falaremos aqui, da Mística e da Espiritualidade da Pastoral da Juventude, portanto, uma mística e uma espiritualidade pé-no-chão, cristã, católica e da Libertação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É encontrar em nós e na comunidade o Mistério que nos faz viver com os pés no chão, mesmo quando voamos alto em nossos sonhos e utopias, atentos aos apelos, aos clamores de nossa gente simples, espoliada, excluída, marginalizada.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tenho dito nas assessorias que presto aos grupos de base que:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Mística é o fio condutor, uma linha invisível que une a memória e os sonhos, que une a História e a Utopia, que une o passado e o futuro e que faz do presente uma grande festa .</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><br />
</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong>Espiritualidade é aquilo que faz no ser humano uma transformação. O nosso modo de entender o que há de transcendente à nossa volta .</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Entendo por transcendente, aquilo que vai além dos limites da experiência, o que nos ultrapassa. Assim dizemos que Deus e as realidades espirituais são transcendentes.</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mística e Espiritualidade não são terrenos onde só andam os que possuem algum tipo de religião. Religiosos ou ateus, todos possuem seus critérios de interpretar os fatos, de enxergar o invisível em tudo o que lhes chega ao conhecimento. As pessoas são diferentes, mas todas têm uma mística e uma espiritualidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nestes anos todos de diakonia e koinonia à Pastoral da Juventude e principalmente ao Reino, entendo que o único espaço de revelação do transcendente que nos é concedido nesta Vida passa exatamente pelas realidades mundanas nas quais existimos, e por elas optamos, sofremos e nos alegramos. Nossos sonhos, nossos valores fazem parte da nossa mística e da nossa espiritualidade porque eles modificam o filtro através do qual enxergamos e interpretamos o mundo. Eles modelam a qualidade da nossa mística e espiritualidade e principalmente do nosso agir enquanto seres humanos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Necessitamos do mistério, necessitamos do invisível.</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A palavra mística tem a sua raiz na palavra <strong>MISTÉRIO = O QUE ESTÁ VELADO, OCULTO.</strong> Este mistério, para nós da Pastoral da Juventude, é o Mistério Pascal do Moreno de Nazaré, Vivo-Crucificado-Ressuscitado; é a partir dele que a nossa mística acontece, e demais nenhuma outra.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Assim também nossa espiritualidade. A palavra espiritualidade tem sua raiz na palavra <strong>ESPÍRITO = SOPRO, HÁLITO DE VIDA.</strong> É o Espírito Santo de Deus que nos faz caminhar em direção aos jovens, aos pobres, ao Povo, nas causas do Reino, inclusive no martírio.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nossa mística e espiritualidade busca mais o sentido da Vida!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se encaramos, se assumimos que somos apenas seres humanos, por isso mesmo, imperfeitos, devemos deixar Deus ser Deus, e daí nossa felicidade será intensa, completa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estamos vivendo uma crise da pós-modernidade: guerras, corrupção, violência, aumento do consumo de drogas, AIDS. Neste contexto, o retorno do sagrado é muito forte e desordenado.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desordenado, pois vários deuses aparecem como se fossem águas represadas. E aparecem aos montes e para todos os gostos. Deuses, no plural, costuma a se equivaler a <strong>ÍDOLOS</strong>. Aqui na América Latina e no Caribe, o problema não é a falta de Deus, mas o excesso de deuses. Nós temos deuses para tudo quando é lado.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Então qual é o Deus verdadeiro?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Deus verdadeiro é o Deus desconhecido que Paulo falava!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Deuses conhecidos são feitos para satisfazer nossa imagem e semelhança, são deuses do escambo, são deuses do lucro.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando se conhece muito Deus, é que deixou de ser Deus, passou a ser um produto em nossas mãos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Deus verdadeiro é sempre desconhecido!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Deus desconhecido se descobre no <strong>INFERNO: </strong>no inferno do sofrimento humano! No momento em que já quase não existe a dignidade humana, onde toda fiel esperança quase desaparece.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se a mística e a espiritualidade não levam à liberdade, não é mística e espiritualidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se não faz com que o ser humano possa caminhar, não tem sentido acreditar em sua existência.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Moreno de Nazaré desce ao inferno do sofrimento humano para caminhar e abraçar o Deus Verdadeiro!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não há outra forma de chegar a Deus se não for pelo sofrimento humano, não tem jeito. Fazer um deus segundo a própria vontade, somente irá justificar toda pequenez e egoísmo que há dentro de cada um.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Acreditar nos passos que podem e devem ser dados, um de cada vez, viver intensamente cada um desses passos é o primeiro caminho para se viver a mística e a espiritualidade da Pastoral da Juventude.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É preciso voltar às fontes primordiais de nossa fé, de nossa vida.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Melhor do que receber o copo d’água é ir a fonte!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A fonte de toda atividade profética da Pastoral da Juventude é o Moreno de Nazaré!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Deve-se tentar segui-lo na medida do possível; seus passos devem ser passos dados no cotidiano; é tentar cumprir o mandamento novo: amar a Deus como elemento fundante de uma mística e espiritualidade que brota do chão de nossos dias, que germina de nossa realidade dura e sofrida.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os bispos diziam em Puebla (1979): “a opção preferencial pelos jovens é a mais notável tendência da vida religiosa latino-americana” , e é a mais notável tendência da vida da juventude que se coloca à disposição do Reino neste Continente da Esperança.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jovens comprometidos com a realidade na qual se está inserido se tornam referenciais para toda a comunidade, para toda a Igreja e para toda a sociedade. Ao se afastarem de suas bases por conta de compromissos assumidos na estrutura eclesial, o elo se que quebra, se isso acontece com frequência, algo está errado na caminhada.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um grupo de base da Pastoral da Juventude sempre reza, sempre ora, mas não esquece que toda discussão, parte de dentro para fora da Igreja, não há portas fechadas, não há línguas estranhas, nem anjos subindo ou descendo, pois se fala o que a juventude entende e compreende, não pode haver panelinhas, nem falsidades, deve prevalecer sempre: o respeito, a amizade, o diálogo e o perdão.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>A mística e a espiritualidade nasce do sangue derramado pelos mártires da caminhada latino-americana e principalmente do sangue do primeiro mártir: o mártir Jesus!</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A mística e a espiritualidade da Pastoral da Juventude não é para gente frouxa,não é para gente covarde; é mística e espiritualidade cristã que tem sua centralidade num ser humano, judeu, do século I E.C., um habitante das regiões do Oriente Médio, queimado de sol, agricultor, carpinteiro, contador de histórias, desde o nascimento: pobre (como a maioria dos pobres que encontramos nas ruas de nossas cidades todos os dias mas que não se dá a devida atenção).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Toda mística e espiritualidade da Pastoral da Juventude nasce de uma profunda vivência orante bíblico-litúrgica.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como é prazeroso para um grupo de base poder degustar e refletir a Palavra de Deus a partir da realidade em que vive, usando inclusive, o método da Leitura Orante da Bíblia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Iniciando a reunião, o encontro de irmãos, rezando o Ofício Divino: das comunidades, da juventude, dos mártires da caminhada...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se colocando na frente de Deus, disposto a escutá-lo e saber o que Ele pede.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Todo grupo de base da Pastoral da Juventude inicia seu caminho místico, seu itinerário espiritual, a partir da Sagrada Escritura, da Sagrada Liturgia, inculturadas e encarnadas no cotidiano.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Deve construir suas experiências, escutando o que Deus fala hoje, agora mesmo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Orar é escutar o que Deus tem a nos falar!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Orar é silenciar, mesmo no turbilhão barulhento de nossos dias!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Orar é auscultar o que a natureza-criação expressa cotidianamente!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Orar é agradecer-pedir quando todos os sentidos de nosso corpo embebedarem-se do sopro de Deus: <strong>RUAH – VIDA!</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><br />
</strong></div><div style="text-align: justify;">Quem está com sede quer água!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas beber em qual poço? Com qual vasilha? Com qual balde?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como se está buscando esta fonte, aqui no grupo, na comunidade, na Igreja, no Brasil, na América Latina e no Caribe?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Que fonte é esta que me faz caminhar no deserto? Que deserto é este?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Que fonte é esta que me faz refletir sobre mística e espiritualidade?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Que fonte é esta que me faz praticar?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A fonte, a água, o poço: há um mistério que envolve todo o processo de procura e encontro, há algo que transcende.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A fonte Jesus é transcendente mas não está longe! Está aqui e agora. Está nas realidades mundanas nas quais existimos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Beber em seu próprio poço: descobrir o caminho que leva de volta às alegrias-tristezas, conquistas-decepções...aquilo que busca o sentido da Vida!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Qual o sentido da tua vida?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Você faz parte da herança de Jesus de Nazaré?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sim ou sim?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Emerson Sbardelotti</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estudante de Teologia do Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Assessor paroquial da Pastoral da Juventude na Paróquia NS da Conceição Aparecida – Cobilândia, Vila Velha - ES</div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-20325644637245195942011-12-21T11:09:00.000-08:002011-12-21T11:09:39.837-08:00TdL em Mutirão 37<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-t5TjX1Oz2Wk/TvIuopOqXDI/AAAAAAAAAMg/9WDap0YwTQU/s1600/comblin.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="149" oda="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-t5TjX1Oz2Wk/TvIuopOqXDI/AAAAAAAAAMg/9WDap0YwTQU/s200/comblin.bmp" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>O VATICANO II - </strong><strong>CINQUENTA ANOS DEPOIS</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>Pelo Pe. Prof. Dr. José Comblin *</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><em>In memorian</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Síntese:</strong> Para o Autor, o Vaticano II chegou tarde. Não houve tempo suficiente para implementar seu espírito, porque, logo após seu encerramento, aconteceu a maior revolução cultural do Ocidente e os desafetos do Concílio acusaram-no dos problemas surgidos dessa revolução e foram ouvidos. Por isso, a Igreja não só continuaria tendo dificuldade de adequar sua linguagem segundo os novos tempos, mas, fixando-se em esquemas mentais do passado, até faria o movimento contrário. Assim, por um lado, o Vaticano II ficará conhecido na história como uma tentativa de reformar a Igreja, e, por outro, como um sinal profético, uma voz evangélica, uma chamada para olhar para o futuro - como Medellín, em relação à América Latina, também contestado, é um farol que mostra o caminho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>1. Antes do Concílio</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A maioria dos bispos que chegou ao Concílio Vaticano II não entendia para que tinham sido convocados. não tinham projetos. Pensavam, como os funcionários da Cúria, que o Papa, sozinho, podia decidir tudo, e não era necessário convocar um concílio. Havia, porém, uma minoria muito consciente dos problemas do povo católico, sobretudo nos países intelectual e pastoralmente mais desenvolvidos. Lá, tinham experimentado episódios dramáticos ocasionados da oposição entre as preocupações dos sacerdotes mais inseridos no mundo contemporâneo e a administração vaticana. Sabiam o que tinham sofrido sob o pontificado de Pio XII, que se opunha a todas as reformas, tão esperadas por muitos. Todos os que buscavam uma inserção da Igreja no mundo contemporâneo, com seu desenvolvimento das ciências, sua tecnologia e nova economia, bem como seu espírito democrático, se sentiam reprimidos. Havia, pois, uma elite de bispos e cardeais que estavam vem conscientes das reformas que percebiam como necessárias e, então, decidiram aproveitar a oportunidade oferecida providencialmente por João XXIII. A Cúria não aceitava as ideias do novo Papa, e muitos bispos curiais estavam desconcertados, uma vez que o modelo de Papa de João XXIII era muito diferente do modelo dos Papas Pios, modelo considerado obrigatório desde Pio IX.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As comissões preparatórias do Concílio eram claramente conservadoras, e, por isso, no dia da abertura do Concílio, as perspectivas dos teológos e peritos trazidos pelos bispos mais conscientes eram bastante pessimistas. Porém, o discurso de abertura de João XXIII rompeu decididamente com a tradição dos Papas anteriores. João XXIII anunciou que o Concílio não se encontrava reunido para fazer novas condenações de heresias, como era de praxe. Disse que se tratava de apresentar ao mundo uma outra imagem de Igreja, imagem que a tornaria mais compreensível aos contemporâneos. A maioria dos bispos não entendeu nada e pensou que o Papa não tinha dito nada, porque não tinha mencionado nenhuma heresia. Para o Papa, não se tratava de aumentar o número de dogmas, mas de falar ao mundo moderno de tal modo que ele pudesse entender. Uma minoria entendeu a mensagem e percebeu que teria o apoio do Papa em sua luta contra a Cúria.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Cúria tinha uma estratégia. Havia um jeito de anular o Concílio. As comissões tinham preparado documentos sobre todos os assuntos anunciados. Todos os documentos eram conservadores e não permitiam nenhuma mudança significativa em matéria de pastoral. Estes documentos seriam entregues às comissões conciliares, que os aprovariam, e o Concílio seria concluído em poucas semanas, com documentos inofensivos, que não mudariam nada. O importante era fazer uma lista de comissões com bispos conservadores e explicar ao Concílio que o mais prático seria aceitar as listas já preparadas pela Cúria, uma vez que os bispos da assembléia não se conheciam.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O primeiro que descobriu esta estratégia foi Manuel Larraín, bispo de Talca, no Chile, e presidente do CELAM. Ele, com Helder Câmara - eram amigos íntimos, acostumados a trabalhar juntos - foram avisar os cabeças do episcopado reformador. A Cúria tinha preparado uma lista de membros de comissões, escolhidos de tal maneira que se sabia que aprovariam os textos curiais sem dificuldade. Tratava-se, então, de rechaçar as listas preparadas pela Cúria e pedir que comissões fossem eleitas pelo próprio Concílio. Os líderes - Doepfer, de Munique, na Alemanha; Liénart, de Lille, na França; Suenens, de Malinas, na Bélgica; Montini, de Milão, na Itália, e mais alguns - tomaram a palavra e pediram que o próprio Concílio nomeasse os membros das comissões, o que foi aprovado por aclamação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A conclusão foi que as novas comissões rechaçaram todos os documentos preparados pelas comissões preparatórias, o que foi uma afirmação do episcopado em relação à Cúria romana. O Papa estava feliz. Claro que, em poucas horas, Manuel Larraín e Helder Câmara fizeram listas de bispos latino-americanos que podiam integrar as comissões, e outros fizeram o mesmo em relação a outros Continentes, também porque Manuel Larraín tinha muitos contatos mundo afora. Desde o início, ficou claro que o Concílio travaria uma batalha após outra contra a Cúria romana. O Papa não tinha força para mudar a Cúria. Até hoje, os Papas são prisioneiros da Cúria, que teoricamente depende deles. A administração é mais forte do que o governante da Igreja, como sucede em muitas nações. A administração pode impedir qualquer mudança somente por sua inércia. Nem sequer João Paulo II se atreveu a intervir na Cúria. Impotente em Roma, ele foi ao mundo, onde foi aclamado triunfalmente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A maioria conciliar que o grupo renovador conseguiu conquistar não queria ruptura e, por isso, sempre deu importância à minoria conservadora, que embora pequena, representava os interesses da Cúria. Por isso, muitos textos ficaram ambíguos, uma vez que depois de um parágrafo reformista vinha um parágrafo conservador que afirmava o contrário. Anunciavam-se temas novos, mas logo se abria espaço para temas velhos, da tradição dos Papas Pios. Essa ambiguidade prejudicou muito a aplicação do Concílio.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A minoria conciliar e a Cúria não se converteram. Com efeito, opõem-se ao Vaticano II e encontram argumentos nos próprios textos conciliares conservadores. Quando João Paulo II citava os textos do Vaticano II, citava os textos mais conservadores, como se os outros não existissem. Por exemplo, na Lumen Gentium, está claro o destaque que se dá ao Povo de Deus; evidentemente, quando se trata da hierarquia, o Povo de Deus desaparece e tudo continua como sempre. Em 1985, por instigação do então cardeal Ratzinger, a expressão ´"povo de Deus" foi eliminada do vocabulário do Vaticano. Desde então, nenhum documento romano faz referência ao Povo de Deus, que era tema importante da Constituição conciliar. O cardeal Ratzinger tinha descoberto que "povo de Deus" era um conceito sociológico, embora o conceito de "povo" não se encontre nos tratados de sociologia. O povo não existe sociologicamente, porque é um conceito teológico, bíblico!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esta situação terá muita importância na ulterior evolução do Vaticano II, na Igreja. Desde o começo, houve um partido ao qual sempre se deu importância e poder, e que lutou contra todas as novidades. Nas eleições pontifícias - que, como sempre, são manipuladas por alguns grupos -, o problema do Vaticano II foi decisivo, e os Papas foram eleitos, porque se sabia de suas restrições aos documentos conciliares em tudo o que estes têm de novo. O atual Papa pode viver mais dez anos ou mais. Depois dele, podemos imaginar que novamente será eleito um Papa pouco comprometido com o Concílio, para usar um eufemismo, porque os grupos que defendem essa posição são muito fortes na Cúria e no colégio dos cardeais; e não há sinais de que as futuras nomeações possam trazer mudanças de orientação. As últimas, na Cúria, são eloquentes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>2. De 1965 a 1968</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A história da recepção do Vaticano II foi determinada por um acontecimento totalmente imprevisto. 1968 é uma data simbólica, a da maior revolução cultural na história do Ocidente, mais que a Revolução francesa ou a Revolução russa, porque diz respeito à totalidade dos valores da vida e de todas as estruturas sociais. A partir de 1968, o que ocorreu foi muito mais do que um protesto dos estudantes. Foi o começo de um novo sistema de valores e de uma nova interpretação da vida humana.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Vaticano II respondeu às interrogações e aos desafios da sociedade ocidental em 1962. Os problemas tratados, as respostas propostas, as discussões sobre as estruturas eclesiais, as ideias sobre uma reforma litúrgica, tudo isso tinha sido preparado por teólogos e pastoralistas, sobretudo a partir dos anos 30, nos países da Europa central: França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suíça e algumas regiões do norte da Itália. A sociedade européia, destruída pela guerra, estava reconstruída, e a Igreja ocupava um lugar de destaque na sociedade. Era governo na Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e tinha participação nos governos da França. Na verdade havia perdido contato com a classe operária; porém estava diminuindo numericamente em função da evolução da economia para os serviços. O número de católicos praticantes também estava diminuindo, embora não de maneira que chamasse a atenção. A Igreja contava com um clero fiel, um episcopado bastante instruído; embora socialmente pouco reformista, identificava-se com os partidos democrático-cristãos. O grande problema da Igreja era a tensão entre os setores mais comprometidos com a nova sociedade e o mundo romano de Pio XII, apoiado pelas Igrejas de países menos desenvolvidos e mais tradicionais, como a Espanha, Portugal, a América Latina, a Itália - sobretudo ao sul de Florença - e pelas populações católicas do Sudeste europeu. Os problemas eram estruturais; não atingiam nem os dogmas nem a moral tradicional.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em 1968, começava abruptamente uma revolução total, portanto, que atingia todos os dogmas e toda moral tradicional, bem como todas as estruturas institucionais, tanto da Igreja como da sociedade. Em 1968, teria sido impossível o Vaticano II, porque não haveria ninguém ou quase ninguém para entender o que estava passando. O Vaticano II respondeu aos problemas de 1962; não tinha respostas aos desafios de 1968. Em 1968, o Concílio teria sido um Concílio conservador, assustado pelas radicais transformações culturais que então começavam.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As manifestações exteriores da revolução dos estudantes em todo o mundo ocidental desenvolvido foram reprimidas com facilidade. Por isso, muitos pensaram que ela teria sido um episódio sem consequências significativas. Na verdade, era o começo de uma nova era, que ainda se encontra em pleno desenvolvimento. 1968 significa mudança de toda a política, a educação, a organização da vida, a economia e de todos os valores morais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">1968 é uma data simbólica que evoca os grandes acontecimentos que mudaram o mundo na década dos anos 60, sobretudo a partir de 1965.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>a.</em></strong> 1968 significou uma crítica radical a todas as instituições estabelecidas e a todos os sistemas de autoridade. Era a contestação global a toda a sociedade organizada tradicional. A crítica dirigia-se ao Estado, à Escola em todos os seus níveis, ao Exército, ao sistema jurídico, aos hospitais. Era uma crítica a todas as autoridades estabelecidas que mandam por força das estruturas e fazem de todos os cidadãos prisioneiros das instituições. É evidente que a Igreja católica está incluída nessa crítica. A Igreja católica era o típico modelo de um sistema institucional radicalmente autoritário. Ela foi imediatamente atacada e denunciada com vigor. As mudanças conciliares, tão típicas, não podiam convencer a nova geração. O Vaticano II era totalmente inofensivo, se comparado à revolução cultural iniciada em 1968.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>b.</em></strong> 1968 iniciou uma luta contra todos os sistemas de pensamento, o que foi chamado de “os grandes relatos”. Os sistemas são formas de manipulação do pensamento, são expressões de dominação intelectual. Não se aceita nenhum sistema que tenha a pretensão de ser “a verdade”. Com isso, sofrem os dogmas e o código moral da Igreja católica, bem como toda a sua pretensão de “magistério”. O Vaticano II nem sequer podia imaginar que tal situação tivesse sido possível. Lá, não houve discussão de nenhum dogma, e todo o sistema de pensamento nunca foi questionado. Agora, a nova geração contesta todo o sistema doutrinal da Igreja católica, porque esse sistema não permite o livre exercício do pensamento. Não é que a nova geração queira negar todo o conteúdo doutrinal; não quer é aceitar todo um sistema, sem discuti-lo primeiro; e não quer aceitá-lo em bloco. Quer examinar cada elemento, aceitar ou não aceitar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>c.</em></strong> Simultaneamente se deu a explosão da revolução feminista. O descobrimento da pílula, que permite evitar a fecundação e que, portanto, facilita a limitação da natalidade, despertou universal entusiasmo entre as mulheres que tomaram conhecimento da novidade. Era um elemento básico para a libertação das mulheres, que assim deixavam de ser totalmente dependentes de maternidades repetidas. Também era uma novidade para a Igreja. Na Bíblia, nada havia sobre essa técnica. Os episcopados dos países socialmente mais desenvolvidos e o s teólogos consultados pelo Papa opinaram que, na moral cristã, não havia nada que pudesse condenar o uso da pílula. Todavia, o Papa deixou-se impressionar pelo setor mais conservador, embora minoritário, e publicou a encíclica <strong><em>Humanae Vitae</em></strong>, que teve o efeito de uma bomba. Muitos não conseguiam acreditar que o Papa tivesse assinado essa encíclica. A revolta entre as mulheres católicas foi enorme. Elas não aceitaram a proibição papal e aprenderam a desobediência. A partir desta data, veio o êxodo das mulheres. Ora, as mulheres são as que transmitem a religião. Quando, pois, as mulheres deixaram de ensinar a religião a seus filhos, apareceram gerações que ignoram totalmente o cristianismo. Muitos bispos ficaram desnorteados; não podiam fazer nada, porque o Concílio não havia sequer tocado no exercício do primado do Papa. O Papa decide sozinho, mesmo contra todos. fora o caso: o Papa havia decidido contra os bispos, os teólogos, o clero, os leigos informados. Por infelicidade, foi obra do Papa Paulo VI, que, por tantos méritos na história do Concílio, aparecia como um homem de abertura de mente. Por que justamente ele? De outro Papa ter-se-ia entendido melhor, embora o efeito produzido teria sido igual. Para muitos, a <strong><em>Humanae Vitae</em></strong> era um desmentido do Vaticano II. Nada tinha mudado!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>d.</em></strong> 1968 e a sociedade de consumo. Até então, o consumo era regulado pelos costumes. Havia um consumo moderado e limitado. Os ricos não ostentavam sua riqueza. O consumo dependia da regularidade da vida: comida regulares e tradicionais, festas tradicionais com gastos tradicionais, num ritmo de vida em que o trabalho ocupava o lugar central. A partir da década de 60, o trabalho deixou de ocupar o centro da vida. De ora em diante, o centro se constitui na busca do dinheiro, a fim de pagar as férias, os fins de semana, as festas e o consumo festivo. O trabalho permite o consumo. O trabalho agrícola desaparece nos países mais desenvolvidos, e o trabalho industrial diminui. As estruturas sociais estimulam o consumo, e os que não podem consumir se consideram inferiores. As pessoas gastam o que não têm e pagam em 12, 48, 70 prestações. Pode-se consumir sem pagar logo. Paga-se depois de anos. Os jovens gastam o mais que podem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>e.</em></strong> O capitalismo descontrolado. A supressão de todas as leis que controlam os movimentos de capitais estimula a corrida à riqueza. A nova moral qualifica as pessoas pelo dinheiro que acumulam e pela ostentação de sua riqueza. De ora em diante, os donos do capital fazem o que querem e como querem, correndo o risco de provocar crises financeiras, cujas vítimas são os pequenos. Até a queda do comunismo na URSS, o magistério lutava contra esse comunismo e dava pouca atenção ao rápido crescimento de uma nova forma de capitalismo. Na América Latina, a Igreja reagia muito timidamente à conquista econômica por grandes centros capitalistas mundiais. Na prática, a Igreja vai esquecendo-se da Gaudium et Spes e vai aceitando a evolução do capitalismo descontrolado. A doutrina social da Igreja perdeu todo o sentido profético, porque na prática, não houve aplicação alguma em casos concretos. Na prática, o magistério aceitou o novo capitalismo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nada disso foi provocado pelo Concílio. Não se pode atribuir ao Vaticano II tudo o que sucedeu como consequência da grande revolução cultural do Ocidente. Mas essa revolução teve, sim, imediatas repercussões na juventude da Igreja. Todos sentiram que a instituição da Igreja estava sendo profundamente questionada e desprestigiada. Esse desprestígio não veio do Vaticano II, mas, sim, da grande crise cultural. O efeito mais visível foi a crise sacerdotal: uns 80.000 sacerdotes deixaram o ministério. Quase todos os seminaristas abandonaram os seminários. Pelos adversários do Concílio, tudo isso foi consequência do mesmo. Na verdade, nele não havia nada que pudesse explicar este fenômeno, nem explicar a saída de milhões de católicos leigos. Tudo se explica porém, a partir da revolução cultural da juventude.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>3. A reação da Igreja foi a que se podia temer</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os Papas e muitos bispos aceitaram o argumento dos conservadores, segundo os quais os problemas da Igreja vinham do Vaticano II. Vários teólogos que tinham sido defensores e promotores dos documentos conciliares mudaram e adotaram a tese dos conservadores, entre eles o próprio Papa atual. Começaram a dizer que o Concílio “foi mal interpretado”. Por isso, o Papa convocou um Sínodo extraordinário, em 1985, por ocasião dos 20 anos do encerramento do Concílio, para lutar contra as falsas interpretações e dar uma interpretação correta. Na prática, a nova interpretação, a “correta”, consistia em suprimir tudo o que havia de novo nos documentos do Vaticano II. Um sinal emblemático foi a condenação da expressão “Povo de Deus”. Acabou-se a época das experiências, dizia João Paulo II. Praticamente, o que se fez foi repetir o que se tinha feito depois da Revolução francesa: fechar portas e janelas, a fim de cortar a comunicação com o mundo exterior e reforçar a disciplina, para evitar as saídas. Não se conseguiu, porém, evitar as saídas. O problema é que a Igreja já não conta com um imenso campesinato pobre. Na América Latina, os pobres vão para os evangélicos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desde então, na linguagem oficial, faz-se referência ao Concílio, sua mensagem permanece, porém, ignorada. O Concílio permanece na memória e na fundamentação das minorias sensíveis à evolução do mundo que nele buscam argumentos para pedir mudanças e respostas aos desafios do mundo atual. A juventude – os novos sacerdotes incluídos – não sabe o que foi esse Vaticano II, que, para eles, não suscita nenhum interesse. Estão mais interessados no catolicismo anterior ao Vaticano II, com sua segurança, sua beleza litúrgica e a justificação de um autoritarismo clerical que os exime dos problemas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A reação da Igreja manifestou-se pela a volta à disciplina anterior. O símbolo dessa reação foi o novo Código de Direito Canônico, em que se mantém toda a estrutura eclesiástica do Código de 1917, às vezes, com uma linguagem menos autoritária e mais florida. O Novo Código fechou as portas a todas as mudanças que podiam inspirar-se no Vaticano II. Tornou-se historicamente inoperante o Vaticano II.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em relação ao mundo, a prioridade dada à luta contra o comunismo – um comunismo já em plena decadência – fez com que a Igreja aceitasse, em silêncio – os silêncios da doutrina social da Igreja, dizia o padre Calvez -, o capitalismo desenfreado que se instalou na década de 70. Na América Latina, o Vaticano apoiou as ditaduras militares e condenou todos os movimentos de transformação social, em nome da luta contra o comunismo. A partir do governo Reagan, a aliança com os Estados Unidos manteve-se fiel, até a guerra do Iraque, que, pro fim e por um momento, abriu os olhos do Papa. Dessa forma, a Igreja, em sua pastoral real, se aliava aos poderosos do mundo e se condenava a ignorar o mundo dos pobres. As nomeações episcopais foram altamente indicativas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na América Latina, a reação da Igreja frente à revolução cultural iniciada no mundo desenvolvido foi muito dolorosa. Destruiu algo novo que estava nascendo. Pois, na América Latina, o Vaticano II significou uma mudança real. Foi o Vaticano II que converteu o episcopado e boa parte do clero, bem como dos religiosos. Havia sacerdotes, religiosos, leigos e também bispos que tinham feito uma opção pelos pobres. Em Roma, os bispos latino-americanos se encontraram e foram evangelizados pelos bispos da opção pelos pobres. O CELAM, com a aprovação de Paulo VI, convocou a assembléia de Medellín, que mudou os rumos da Igreja, porque tirou conclusões práticas do Concílio. Fez opção pelos pobres e comprometeu-se por uma mudança social radical; legitimou as comunidades eclesiais de base e a formação dos leigos a partir da Bíblia; optou pela ação política. As CEBs trouxeram uma estrutura nova, em que os leigos tinham possibilidade de iniciativa e um poder real, embora limitado. Em várias regiões, Medellín não foi aceito ou não foi aplicado, mas houve regiões importantes em que ele mudou a Igreja, e esta mudança provinha da aplicação do Vaticano II.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Todo esse movimento foi sistematicamente atacado, em Roma, com argumentos proporcionados por setores reacionários da América Latina. Desde 1972, a campanha contra Medellín foi dirigida por Alfonso López Trujillo. Apesar dessa campanha, em Puebla, em 1979, Medellín se salvou. Porém, no pontificado de João Paulo II, a pressão aumentou. As advertências romanas, as nomeações episcopais, as expressões de repressão contra os bispos mais comprometidos com Medellín tiveram efeito. A condenação da teologia da libertação, em 1984, queria dar o golpe final. A carta do Papa à CNBB, no ano seguinte, limitou um pouco o alcance da condenação, porém, a teologia da libertação continuou algo suspeito.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>4. O que fica do Vaticano II</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Hoje em dia, as reformas conseguidas pelo Vaticano II parecem-nos muito tímidas e totalmente inadequadas por causa de sua insuficiência. Ter-se-á que ir muito mais longe, porque o mundo mudou mais nos últimos 50 anos do que nos 2.000 anteriores.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Do Vaticano II destacamos o seguinte, que deve permanecer como uma base para as reformas futuras:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- O retorno à Bíblia como referência permanente da vida eclesial, acima de todas as elaborações doutrinais, os dogmas e as teologias.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- A afirmação do Povo de Deus como participante ativo na vida da Igreja, tanto no testemunho da fé como na organização da comunidade, com uma definição jurídica de direitos e com direito a recurso nos casos de opressão por parte das autoridades.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- A afirmação da Igreja dos pobres.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- A afirmação da Igreja como serviço ao mundo e sem buscar poder.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- A afirmação de um ecumenismo de participação mais íntima entre as Igrejas cristãs.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- A afirmação do encontro entre todas as religiões, incluindo as opções não-religiosas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Uma reforma litúrgica que use símbolos e palavras compreensíveis para os homens e as mulheres de hoje.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>5. As condições da humanidade, hoje: em radical transformação</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>a. Como entender a fé?</em></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A partir da modernidade, muitos cristãos perderam a fé ou imaginaram que a haviam perdido, porque tinham uma ideia equivocada da mesma. Atualmente, esse fenômeno se multiplica, porque a formação intelectual se desenvolveu, e muitos ficaram com uma consciência religiosa infantil ou primitiva, que eles logo rejeitam ou perdem, assim que chegam à adolescência.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os povos primitivos, de cultura oral, e as crianças crêem tanto nos objetos religiosos como nos objetos de sua experiência. Por isso, é fácil imaginar que a fé é algo como a experiência imediata. Quando se dão conta de que não podem crer nos objetos da religião dessa forma – uma vez que adquirem espírito crítico -, crêem que perdem a fé, uma vez que a confundem com sua consciência religiosa infantil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A fé é diferente da experiência imediata, do conhecimento científico ou do conhecimento filosófico. O objeto da fé é Jesus Cristo, sua vida. É aderir a essa vida e adotá-la como norma de vida, porque ela tem um valor absoluto, porque essa vida é a verdade: é assim que devemos ser homens e mulheres. Não é uma evidência que não permite dúvidas. É uma percepção de verdade, que nunca suprime uma fresta de dúvida, porque sempre é um ato voluntário e porque não se vê essa verdade. O crente não se sente obrigado a crer. É um ato de entrega de sua vida; é a eleição de um caminho. Não há evidência de que Jesus vive e está em nós, mas se reconhece, porque se sente uma presença que é um chamado repetido, apesar de todas as dúvidas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Hoje em dia, o Papa condena como relativismo fenômenos próprios do ser humano atual, que não consegue mais entender a maneira tradicional de conhecer os objetos da religião. Estes já não fazem parte de sua experiência de vida. A fé é um conhecimento todos especial da vida de Jesus, incomparável com as certezas que ele adquire no dia a dia da vida. Esta condição do ser humano atual demanda uma profunda revisão da teologia da fé. Já está sendo feita esta revisão da teologia, mas ela não é divulgada, o que permite que milhões de adolescentes percam a fé, sobretudo porque não se lhes explica o que é.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>b. A religião</em></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nossos contemporâneos deixam os atos litúrgicos oficiais da Igreja porque os acham chatos. A repetição do mesmo é chata. A repetição de “domingos do ano” durante tantas semanas é algo chato. A linguagem litúrgica é pior, porque se dá em língua popular. Quando a liturgia era em latim, era melhor, porque não se entendia. Uma vez que se entende, se nota que o estilo é insuportável. Ela se utiliza de uma linguagem pomposa, formalista, de uma linguagem de corte: “humildemente pedimos...” Ninguém fala assim hoje em dia. “Associamos nossa voz à voz dos anjos...”, fórmula convencional que não corresponde a nada na vida. E há centenas de fórmulas semelhantes. Os carismáticos salvam a situação, porém sua liturgia está longe de ser uma introdução ao mistério de Jesus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>c. A moral</em></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nossos contemporâneos não aceitam códigos de moral, nem que se lhes imponham ou proíbam condutas porque estão no código. Eles querem entender o valor dos preceitos ou das proibições. Ou seja: estão descobrindo a consciência moral que permite descobrir o valor dos atos. Não aceitam a voz de uma consciência que nada mais é do que a voz do “superego”. Antes, a base da moral cristã era a obediência à autoridade. Devia-se fazer ou não fazer, porque a Igreja o mandava ou o proibia. Por isso, tantas vezes os leigos perguntam: pode-se fazer isso? Se o sacerdote dizia que sim, o problema moral estava solucionado. Isso já pertence ao passado.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>d. A comunidade</em></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O cristianismo é comunitário. Porém, as formas tradicionais de comunidade tendem a debilitar-se. A própria família perdeu muito de sua importância, porque seus membros se encontram menos. A paróquia atual perdeu o sentido de comunidade. Estão aparecendo muitas novas formas de pequenas comunidades, baseadas na livre escolha. Essas comunidades terão capacidade de celebrar a eucaristia, o que supõe que haja uma pessoa apta para presidir a eucaristia em cada grupo de umas 50 pessoas. Não há nenhuma dificuldade doutrinal, uma vez que nos primeiros séculos a situação era essa e não houve problemas. Isto é fundamental, porque uma comunidade que não se une em torno da eucaristia, na verdade, não é uma comunidade cristã. Os sacerdotes estarão com o bispo de cada cidade importante, em tempo integral, para evangelizar todos os setores da sociedade urbana.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Evidentemente, não sabemos quando ou como isso chegará. É pouco provável que um Concílio que reúna somente bispos possa descobrir as respostas aos desafios do tempo. As respostas não virão da hierarquia, nem do clero, mas, sim, dos leigos que vivem o Evangelho no mundo por eles entendido. Por isso, temos que estimular a formação de grupos de leigos comprometidos simultaneamente com o Evangelho e com a sociedade humana em que trabalham.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Vaticano II ficará na história como uma tentativa de reformar a Igreja no final de uma época histórica de 15 séculos. Seu único defeito é que veio tarde demais. Três anos depois de sua conclusão, caía na maior revolução cultural do Ocidente. Seus detratores o acusaram de todos os problemas surgidos dessa revolução cultural e, com isso, o mataram. Porém, o Vaticano II permanece um sinal profético. É uma voz evangélica, numa Igreja prisioneira de um passado que não sabe superar. Não pôde reformar a Igreja, como queria. Foi, porém, um chamado para olhar para o futuro. Ainda há movimentos poderosos que pregam a volta ao passado. Temos que protestar. Quando pessoas que nada entendem da evolução do mundo contemporâneo querem refugiar-se num passado sem abertura para o futuro, temos que denunciar. Para nós o Vaticano II é Medellín. Também quiseram matar Medellín. Medellín permanece como um farol que nos mostra o caminho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Última reflexão: o futuro da Igreja católica está nascendo na Ásia e na África. Será muito diferente. Aos jovens há que se dizer: aprendam chinês!</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">In memoriam.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">*Homenagem ao Autor, falecido aos 27 de março de 2011.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fonte: Revista Eclesiástica Brasileira, julho de 2011, p. 629 – 641, Vozes.</div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-25693483251928582312011-10-18T18:01:00.000-07:002011-10-18T18:20:05.100-07:00TdL em Mutirão 36<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-DnOarQGhX5c/Tp4hQH5L4QI/AAAAAAAAALw/1fw6B9VBTpY/s1600/Emerson+Sbardelotti+3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" oda="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-DnOarQGhX5c/Tp4hQH5L4QI/AAAAAAAAALw/1fw6B9VBTpY/s320/Emerson+Sbardelotti+3.jpg" width="198" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>JUVENTUDE: ROSTO DA TRINDADE.</strong></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O presente artigo tem como objetivo apresentar a juventude como rosto da Trindade Santa. A face mais bonita do Deus Uno e Trino que armou sua tenda no meio da humanidade, que se revelou, tornando-se assim uma indizível aventura de conhecer a Deus. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É uma grande aventura pensar e falar sobre o Deus de nossa fé, principalmente quando se pode cantar como faz a juventude que se prepara para o Dia Nacional da Juventude – 25 anos da Pastoral da Juventude Capixaba que acontecerá no último domingo do mês de outubro de 2011, na Praça do Papa, em Vitória - ES [1] :</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">“Dizem que o sol, deixou de brilhar</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Que as flores mais belas não perfumam mais </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os jovens teriam deixado de amar </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De crer na esperança de poder mudar </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Que as lutas e os sonhos o vento espalhou </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E que envelheceram as forças do amor </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se fosse assim que digam vocês </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De quem é o rosto que ainda sorri </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De quem é o grito que nos faz tremer </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Defendendo a vida, o modo de ser </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De quem são os passos marcados no chão </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Unindo o compasso de um só coração </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enquanto existir um raio de luz </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E uma esperança que a todos conduz </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Existe a certeza, plantada no chão </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ternura e beleza não acabarão </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pois a juventude que sabe guardar </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Do amor e da vida não vai descuidar </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O rosto de Deus é jovem também </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E o sonho mais lindo é ele quem tem </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Deus não envelhece, tampouco morreu </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Continua vivo no povo que é seu </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se a juventude viesse a faltar </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O rosto de Deus iria mudar”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sobre a juventude há muitos pontos de vista para analisá-la; indico a classificação mais objetiva e sintética, construída em mutirão, que parte da perspectiva cristã católica e comprometida com milhares de grupos de jovens espalhados pelo Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As quatro visões de juventude [2] :</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">1. Visão Biocronológica: define a juventude em termos de idade, etapa de transição. Aquela que tem de 15 a 24 anos [3] .</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">2. Visão Psicológica: identifica a juventude com os conflitos pessoais em que tem a vida nas mãos, mas não tem o reconhecimento e a capacidade, etapa de construção da identidade: tempo de opções e definições.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">3. Visão Sociológica: vê na juventude um grupo social e, dentro dele, diferentes setores.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">4. Visão Cultural-Simbólica: procura ver a juventude em seu habitat cultural, produzindo movimentos culturais que acentuam a estética e o lúdico.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para DICK (2003), estaria faltando, entre essas visões uma quinta: a Visão Jurídica ou Legal de Juventude – aquela que impera em muita leitura ou abordagem a respeito do tema [4] .</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No Brasil, tanto as diretrizes da Secretaria Nacional de Juventude como o Plano Nacional de Juventude, definem como jovens aqueles que têm entre 15 e 29 anos. Mas o que é juventude?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">LIBANIO (2004), diz que há um olhar duplo: o da sociedade para o jovem e o do jovem para si mesmo. A sociedade olha o jovem e o considera em fase importante do desenvolvimento de sua personalidade. Mas também, o vê como alguém subordinado e ainda submetido a uma marginalização do trabalho e das funções políticas. O jovem olha a si mesmo e entra numa idade de apropriação das diferenças que o afetam no campo sociopsicológico, ao mesmo tempo que se prepara para enfrentar situações adultas diferenciadas, passando do mundo particularista da família para o mundo universalista do trabalho e das relações sociais. Os grupos de jovens ajudam a integrar o modelo de família com a vida em sociedade. A escola surge como lugar intermediário da socialização entre a sociedade e a família [5] .</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A CNBB (2007), afirma que, conhecer os jovens é a condição prévia para evangelizá-los. Não se pode amar nem evangelizar a quem não se conhece. Se busca conhecer a geração de jovens cuja evangelização se apresenta como um dos grandes desafios da Igreja neste início do século XXI. Destaque para a subjetividade, para as novas expressões da vivência do sagrado e a centralidade das emoções, enquanto elementos da nova cultura pós-moderna que influenciam no processo de evangelização dos jovens e no fenômeno da indiferença de uma parcela da juventude face à Igreja. (...) A evangelização da juventude interessa muito à Igreja e aos seus pastores. Temos um compromisso sério com a formação das novas gerações que, pressionadas por tantas propostas de vida, necessitam de muito discernimento,de coragem, de verdadeiros caminhos e, principalmente, de nossa presença amiga: “Os jovens têm o direito de receber da Igreja o Evangelho e de ser introduzidos na experiência religiosa, no encontro com Deus e no contato com as riquezas da fé cristã. E os pastores da Igreja têm grande desejo de lhes comunicar a Boa-Nova de Jesus Cristo e de acolhê-los na comunidade eclesial”. Estamos certos de que o presente e o futuro da própria Igreja dependem desta nossa opção “afetiva e efetiva” por eles, como, também, a nossa sociedade progredirá à medida que puder contar com cidadãos verdadeiramente capacitados a testemunhar, defender e propagar os valores do Evangelho, todos eles a favor da vida plena para o ser humano. (...) Desejamos, juntos, abrir caminhos para favorecer o desenvolvimento dos jovens, quanto ao anúncio do querigma, à educação aos valores cristãos, à formação bíblica e teológica, à iniciação à vida litúrgica, ao ensino religioso nas escolas e universidades, à educação para a solidariedade e para a fraternidade; à superação de preconceitos; à educação psicoafetiva; à formação na ação e para a cidadania. Estamos convictos de que a formação da juventude contribui para a promoção da dignidade de sua vida em todos os aspectos [6] .</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">FORTE (2005), diz que a Igreja provém da Trindade, é estruturada à imagem da Trindade e ruma para o acabamento trinitário da história. (...) A Igreja vem da Trindade: o universal desígnio salvífico do Pai, a missão do Filho, a obra santificante do Espírito edificam a Igreja como “mistério”, obra divina no tempo dos homens, preparada desde as origens, reunida pela Palavra encarnada, sempre de novo vivificada pelo Espírito Santo. A Igreja é ícone da Trindade Santa: por uma “não-mediocre analogia”, ela é comparada ao mistério do Verbo encarnado, na dialética do visível e do invisível, ao mesmo tempo em que a sua “comunhão” – una na diversidade das Igrejas locais, dos seus carismas e ministérios – reflete a comunhão trinitária. (...) A Igreja orienta-se para a Trindade: é Igreja dos peregrinos na conversão e reforma contínuas, em comunhão com a Igreja celeste, preparando-se desde já para a glória final [7] .</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em Medellín, a Igreja vê na juventude a constante renovação da vida da humanidade. A juventude é o símbolo da Igreja, chamada a uma constante transformação de si mesma. Por isso ela se esforça por desenvolver uma pastoral de conjunto, uma Pastoral da Juventude autêntica. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em Puebla, a Igreja diz que a juventude é uma atitude face à vida na sua etapa transitória e destaca seus traços mais característicos: seu espírito de aventura, sua capacidade criadora, seu desejo de liberdade, o fato de serem sinal de alegria e felicidade, exigindo autenticidade, simplicidade e humildade. A Igreja confia nos jovens, sendo eles a sua esperança. Eles são os dinamizadores do corpo social e do corpo eclesial, por isso a Igreja faz a evangélica opção preferencial pelos jovens com vistas à sua missão no continente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em Santo Domingo, a Igreja quer abrir espaços de participação para a juventude através de uma pedagogia da experiência, promovendo o protagonismo através do método VER-JULGAR-AGIR-REVER-CELEBRAR.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em Aparecida, a Igreja propõe aos jovens o encontro com Jesus Cristo vivo à luz do Plano de Deus, que lhes garanta a realização plena de sua dignidade de ser humano; privilegiando na Pastoral da Juventude processos de educação e amadurecimento na fé como resposta de sentido e orientação de vida. A Pastoral da Juventude ajudará os jovens a se formar de maneira gradual, para a ação social e política e a mudança de estruturas, conforme o desejo do Papa João XXIII um mês antes da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II: “A Igreja se apresenta tal como quer ser: a Igreja de todos e particularmente a Igreja dos pobres”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">BOFF (1999), diz que a concepção trinitária de Deus nos propicia uma experiência global do mistério divino. Cada ser humano se move dentro de uma tríplice dimensão: na transcendência, da imanência e da transparência. Pela transcendência ele se ergue para cima, rumo às origens de si mesmo e às referências supremas. O Pai emerge nesta experiência, pois Ele é o Deus da origem sem ser originado, é o Deus do princípio sem ser principiado, é o Deus da fonte da qual tudo promana. É a referência última. Pela imanência o ser humano se encontra consigo mesmo, com o mundo a ser organizado, com a sociedade que ele constrói em relações horizontais e verticais. A imanência constitui o espaço da revelação humana. O Filho é por excelência a revelação do Pai; em sua encarnação assume a situação humana como é, em sua grandeza e decadência. Ele quer uma sociedade fraterna e sororal que reconhece suas raízes. Pela transparência queremos ver unida a transcendência com a imanência, o mundo humano com o mundo divino, a tal ponto que, respeitadas as diferenças, se façam transparentes. No esforço humano queremos experimentar o dom de Deus; anelamos por um novo coração e pela transformação do universo. O Espírito Santo constitui a força de amorização divina e humana, a transfiguração de tudo. Que seria o ser humano se não tivesse o Pai, se não se enraizasse em algo maior e não fosse envolvido num mistério de ternura e de aconchego? Seria como um bólido perdido no espaço e um peregrino sem rota e sem rumo. Que seria de nós, se não tivéssemos o Filho, se não soubéssemos de onde viemos, se não acolhêssemos a cada instante a vida recebida como dom, se não pudéssemos amar o Pai maternal ou a Mãe paternal? Que seria da pessoa humana se não tivesse relações dialogais e fraternas, se não pudesse abrir-se a um tu? Não seria apenas um peregrino sem rota e sem rumo, seria um caminhante solitário num mundo agressivo e opaco. Que seria do ser humano sem o Espírito Santo, sem um mergulho em seu próprio coração, sem a força de ser e de transformar a criação? Seria um peregrino sem entusiasmo e privado da coragem necessária para a caminhada. Sem o Espírito não poderíamos crer em Jesus nem entregar-nos confiadamente ao regaço do Pai. Assim como a transcendência, a imanência e a transparência constituem a unidade dinâmica e integral da existência, de forma análoga o Pai, o Filho e o Espírito Santo se unificam integradoramente na comunhão recíproca plena e essencial. Cada pessoa humana surge como imagem e semelhança da Trindade; o pecado introduz uma ruptura nesta realidade, sem destruí-la totalmente. A sociedade foi eternamente querida por Deus para ser sacramento da comunhão trinitária na história; o pecado social e estrutural denigre esta vocação que sempre permanece como um chamamento a ser atendido mediante as libertações históricas que visam criar as condições para que o Pai, o Filho e o Espírito Santo possam ser significados no tempo [8] .</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A juventude experimenta a Trindade como o centro ardente da fé pois ela vem dos Apóstolos; a mesma fé trinitária que a Igreja sempre professou a partir de Jesus de Nazaré.</div><div style="text-align: justify;"><br />
[1] TREVISOL, Jorge. O Mesmo Rosto. Intérprete: Artistas Capixabas. In: DNJ - DIA NACIONAL DA JUVENTUDE. <strong>25 anos da PJ Capixaba - Chega de Violência e Extermínio de Jovens</strong>. Vitória: Independente, 2011, 1DVD, faixa 1.<br />
<br />
[2] CELAM - Conselho Episcopal Latino-Americano. Seção Juventude - SEJ. <strong>Civilização do Amor: Tarefa e Esperança. Orientações para a Pastoral da Juventude Latino-Americana</strong>. São Paulo: Paulinas, 1997.<br />
<br />
[3] A UNESCO defende esta concepção.<br />
<br />
[4] DICK, Hilário. <strong>Gritos Silenciados, Mas Evidentes - Jovens Construindo Juventude na História</strong>. São Paulo: Edições Loyola, 2003.<br />
<br />
[5] LIBANIO, J.B. <strong>Jovens em Tempos de Pós-Modernidade - Considerações socioculturais e pastorais</strong>. São Paulo: Edições Loyola, 2004.<br />
<br />
[6] CNBB. <strong>Evangelização da Juventude - Desafios e Perspectivas Pastorais</strong>. São Paulo: Paulinas, 2007.<br />
<br />
[7] FORTE, Bruno. <strong>A Igreja Ícone da Trindade</strong>. 2a.ed. São Paulo: Loyola, 2005.<br />
<br />
[8] BOFF, Leonardo. <strong>A Trindade e a Sociedade</strong>. 5a.ed. Petrópolis: Vozes, 1999.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Emerson Sbardelotti</div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-19745011584102431672011-10-18T06:48:00.000-07:002011-10-18T06:48:56.760-07:00TdL em Mutirão 35<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Otzc8gsSZKA/Tp2Dsl484fI/AAAAAAAAALo/g3TUftpqr3c/s1600/anel+de+tucum.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" oda="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-Otzc8gsSZKA/Tp2Dsl484fI/AAAAAAAAALo/g3TUftpqr3c/s320/anel+de+tucum.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>IGREJA DOS POBRES: FUNDAMENTO DE UMA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO</strong> </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>INTRODUÇÃO</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No meio do século passado, a Igreja Católica se encontrava em uma encruzilhada entre prosseguir com uma dogmática que esteve presente por toda a Idade Média ou refletir as mudanças advindas do mundo moderno. Tínhamos uma atmosfera de tensão que se refletia na Cúria romana, a saber: de um lado estava a realidade centralizadora que sempre caracterizou a estrutura eclesial e do, outro, uma proposta de abertura para o diálogo com a realidade moderna, com suas dúvidas, desconfianças e com seu choque de injustiças. </div><div style="text-align: justify;">Neste artigo, pretendemos refletir em que panorama se desenvolveu a Igreja dos pobres na América Latina, sua fundamentação teológica e o que constitui efetivamente esse ser dos pobres como base para uma Teologia da Libertação. A pesquisa tem como foco analítico os seguintes pontos: (1) João XXIII e o Concílio Vaticano II, (2) Medellín e a Igreja da América Latina, (3) Teologia da Libertação e (4) Eclesiologia da Libertação. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>1. JOÃO XXIII E O CONCÍLIO VATICANO II </strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O papel de João XXIII no Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) foi de singular importância. Não somente pelo ato de conclamar o referido concílio, mas por introduzir nele uma perspectiva de atualização para a Igreja mundial (<strong>aggiornamento</strong>). É inegável que grande foi a surpresa quando o "papa bom”, até então considerado um papa de transição, abriu as portas da Igreja que pareciam seladas para o mundo moderno. O Espírito acordara de um sono duradouro, era, portanto, hora de trabalhar para abri-lhe caminho. (C.f SANTOS, 2OO7, p.19). </div><div style="text-align: justify;">João XXIII expressa na bula <strong><em>Humanae Salutis</em></strong> o anseio pelo qual passou ao realizar o primeiro anúncio do Concílio (25 de janeiro de 1959): "foi como a pequena semente que depusemos com ânimo e mãos trêmulas”. Nada mais humano ao realizar ato tão divino. O Papa sentia que a Igreja tinha por obrigação demonstrar vitalidade, jovialidade (renovação) e irradiar novas luzes ao surgimento de uma nova era (C.f João XXIII, 1961, p 254). Esse aggiornamento era mais que necessário, pois a mais de 16 séculos a Igreja esteve presa a uma dogmática intra ecclesia para, enfim, anunciar a sua abertura <em>ad extra</em>.</div><div style="text-align: justify;">Vejamos o que diz João XXIII em seu pronunciamento às vésperas do Concílio Vaticano II, datado de 11 de setembro de 1962: "Em face aos países subdesenvolvidos, a Igreja se apresenta como é e como quer ser: a Igreja de todos e particularmente a, Igreja dos pobres” (João XXIII apud Aquino, 2005, p 209). Apesar de não termos tido no concílio o aprofundamento que necessitara a Igreja dos pobres, a fala de João XXIII aponta para um viés que até então era pouco debatido: o de uma Igreja que deve assumir em si a perspectiva dos que estão à margem do mundo. </div><div style="text-align: justify;">O Espírito deu sinais de que essa discussão não passaria despercebida, como podemos comprovar através de históricas intervenções. É de especial atenção a manifestação do cardeal Lercaro: </div><div style="text-align: justify;">"O mistério de Cristo nos pobres não aparece na doutrina da Igreja sobre si mesma e, no entanto, essa verdade é essencial e primordial na revelação (...). É nosso dever colocar no centro deste Concílio o mistério de Cristo nos pobres e a evangelização dos pobres” (Lercaro, apud Aquino, 2005, p.209). </div><div style="text-align: justify;">Essa manifestação resultou posteriormente resultou em uma reflexão contida no capítulo 8 do documento conciliar<strong><em> Lumen Gentium</em></strong>. Corroborando com Lercaro destacamos o pronunciamento do bispo de Tornai, Charles-Marie Himmer, pelo significado que expressa e por seu peso, quando em aula conciliar afirmou: "primus lócus in Ecclesia pauperibus resevandus est” (o primeiro lugar na Igreja é reservado aos pobres). De fato, a causa dos pobres estivera longe de ser ponto central do concílio, a não ser por intervenções pontuais, pois "esta não era a temática que constituía efetivamente o espírito conciliar” (SOBRINO, 1982, p.101). </div><div style="text-align: justify;">Havia no concílio um corpo de bispos que representavam os países do "terceiro mundo” e que gozavam de bastante simpatia do papa João XXIII. Nele estava presente nosso saudoso Dom Helder Câmara. Astuto e movido por uma insistência evangélica torna-se uma das referências do grupo da "Igreja dos pobres”. Certa vez, perguntado por um jornalista se esse grupo consistia mais um grupo de pressão, respondeu: </div><div style="text-align: justify;"><strong>Gosto muito da expressão que nos vem de nossos irmãos franceses: "Igreja servidora e pobre”. O Santo Espírito nos interpelou, nos convocou. Abriu-nos os olhos sobre o dever de cristãos, sobretudo de pastores, a fim de agirmos como o Cristo que, pertencendo a todos, se identificou com os pobres, os oprimidos, com todos aqueles que sofrem. Começamos a procurar como a Igreja toda, especialmente cada um de nós, poderia ser "servidor e pobre”</strong> (BEOZZO, 1993, p.95).</div><div style="text-align: justify;">Essa "pressão” vira "expressão” de vida quando, ao término do Concílio, celebrando a eucaristia na catacumba de Domitila, o grupo da Igreja dos pobres firma um pacto de propagação de uma Igreja servidora e pobre, para "obterem a graça de serem plenamente fiéis ao Espírito de Jesus „que vos consagrou e vos enviou para evangelizar os pobres‟ (Lc 4,18)” (C.f BEOZZO, 1993, p. 96). Esse compromisso ficou conhecido como o Pacto das Catacumbas[1]. Nele estiveram presentes alguns bispos brasileiros[2], que tinham por objetivo expressar com verdade aos "irmãos no Episcopado” o compromisso de viverem uma vida de pobreza, de rejeitar todos os símbolos ou privilégios do poder e de fazer dos pobres o local por excelência para se exercer os ministérios episcopais. Os bispos encerram o texto com um "ajuda-nos Deus a sermos fiéis”, demonstrando que uma Igreja dos pobres é, de fato, uma fidelidade a Deus. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>2. MEDELLÍN E A IGREJA DA AMÉRICA LATINA</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Episcopado latino-americano animado em colocar em prática as decisões do Vaticano II, marcou passo na história, quando após três anos do término do Concílio, realizou a segunda Conferência Episcopal latino-americana na cidade de Medellín. </div><div style="text-align: justify;">Medellín refaz, num certo sentido, o Vaticano II e, em muitos pontos dá um passo além: aí emerge pela primeira vez a importância das comunidades de base, esboça-se a teologia da libertação, aprofunda-se a noção de justiça e de paz ligadas aos problemas de dependência econômica, coloca-se o pobre no centro da reflexão do continente (BEOZZO, 1993, p. 117-118). </div><div style="text-align: justify;">Medellín prossegue na reflexão iniciada no Vaticano II e por seu incentivador João XXIII. O Papa bom, através de suas encíclicas sociais, toca de forma comprometedora a Igreja da América Latina (Cf. BEOZZO, 1995, P.118). No decorrer do Concílio, como vimos antes, surgiu uma corrente que colocava os pobres como centro da ação evangelizadora e por isso comprometia-se com eles. É, pois, nesta linha que se encontravam os bispos que participam de Medellín. </div><div style="text-align: justify;">Conscientes da realidade do continente, os bispos reunidos em Medellín reconhecem que a Igreja não poderia ficar indiferente as injustiças sociais existentes na América Latina. O documento que traz as Conclusões de Medellín está carregado de uma profunda solidariedade para com o povo que sofre. Nele os bispos assumem que a Igreja da América Latina esteve letárgica e, por isso, sentem-se obrigados, como pastores, a dar voz aqueles que não a têm: </div><div style="text-align: justify;">"Um surto de clamor nasce de milhões de homens, pedindo a seus pastores uma libertação que não lhes chega de nenhuma parte. Agora nos estais escutando em silêncio, mas ouvimos o grito que sobe de vosso sofrimento...” (MEDELLÍN, 1979, P.143). </div><div style="text-align: justify;">Foi no alvorecer de Medellín que se gestou a Teologia da Libertação (Cf. Oliveros, 1990, p. 30). Isso se deu por uma coesão no episcopado latino-americano e por uma situação histórica popular de opressão e libertação. Na Conferência, a Igreja se compromete a denunciar a carência injusta dos bens necessários para sobrevivência da maioria na América Latina e compromete-se a viver juntos deles (Cf. MEDELLÍN, 1979, p.145). Orienta, portanto, que seus trabalhos pastorais sejam realizados nos setores mais pobres e necessitados. </div><div style="text-align: justify;">Percebe-se, todavia, que a Igreja se apropriou da temática dos pobres. Não como meros receptores de um "assistencialismo caridoso”. Em Medellín a Igreja se faz pobre! Isto é, assume a missão deixada por Jesus que sendo rico se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com sua pobreza (2Cor 8,9), e compromete-se a "apresentar ao mundo um sinal claro e inequívoco da pobreza do Senhor”. (MEDELLÍN, 1979, p. 150). </div><div style="text-align: justify;">A semente está lançada e começa a germinar no seio das comunidades latino-americanas uma experiência de fé que emerge da vida ameaçada e de uma Igreja profética que ouve o clamor do povo. Nasce nas comunidades de base um novo modo de se fazer teologia, fruto de uma prática pastoral anunciada por Medellín. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>3. TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A teologia da libertação nasce do rejuvenescimento que o Vaticano II causou na Igreja da América Latina. Pela primeira vez na história, surge um modo de se fazer teologia tendo como premissa a situação dos povos e das pessoas que constituem o continente latino-americano[3]. A teologia da libertação traz a realidade dos povos para ser aprofundada a luz da fé, oferecendo uma nova visão da missão da Igreja no nosso continente. </div><div style="text-align: justify;">Medellín, como vimos anteriormente, destacou de forma profética a situação de injustiça em que viviam os povos de diversos países latino-americanos e esta constatação virou uma bandeira de muitos em favor dos menos favorecidos, o que impulsionou a vários cristãos a comprometerem-se em desenvolver uma nova teologia: "uma nova consciência eclesial começou a se formular a partir de um novo modo de viver a fé daqueles que estavam comprometidos com os pobres e sua libertação” (OLIVEROS, 1990, p.30). Cria-se uma nova concepção do que é fazer teologia na América Latina, a novidade da teologia da libertação foi descobrir que não somente falar de Cristo configura a sua presença no meio dos pobres. Seu pensamento transformador foi se compromete com as pessoas exploradas, a maioria em nosso continente. O próprio Jesus em oração nos diz: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, por teres ocultado isso aos sábios e aos inteligentes e por tê-lo revelado aos pequeninos” (Mt 11, 25-27). De fato, é nos pequeninos desta terra que se configura mais claramente o Mistério de Deus. </div><div style="text-align: justify;">Ao contrastar as desigualdades institucionalizadas na América Latina, viu-se que o estado de pobreza que a maioria esmagadora se encontrava não poderia ser a vontade de Deus. A experiência de Moisés com o povo de Israel serviu de base bíblica para se (re)compreender a missão da Igreja. A situação desumana de escravidão e pobreza impulsionaram as reflexões à luz da Palavra de Deus. Viver a Boa Nova implicava necessariamente em uma nova consciência do "ser” e do "como ser” Igreja. A referência do "ser Igreja” está vinculada ao modo de como Igreja a (instituição) se apresenta ao se contrastar com uma realidade desumana e ser tocada por ela, à de se buscar novas práticas pastorais que respondam as necessidades do povo que está preso em cativeiro[4]. Por outro lado, a idéia do "como ser” quer um esforço de reflexão epistemológica da Igreja aos novos desafios e isso é o que faz uma eclesiologia da libertação. </div><div style="text-align: justify;">Uma fisionomia nova, um rosto novo de Igreja que tem o Espírito de Medellín foi a base para o desenvolvimento da eclesiologia da libertação. As Comunidades Eclesiais de Base são o exemplo da reunião de cristãos (ecclesia) comprometidos com a fé no Deus de Jesus, e por isso, atuantes no processo de libertação do povo. </div><div style="text-align: justify;">A Igreja dos pobres na América Latina não nasce somente de um esforço acadêmico. Ela nasce, primeiramente, da experiência do povo que sofre. Mesmo sem a idéia de teologia o povo latino-americano se recusa a entregar-se a uma estrutura de morte, por isso, emerge dele várias práticas libertadoras[5]. Somente a partir desta prática é que a Igreja se vê impulsionada a fazer uma reflexão eclesiológica. Essa reflexão é caracterizada como o ato segundo, pois o ato primeiro é práxis (GUTIERREZ, 2000, p.18), uma reflexão crítica a luz do Evangelho sobre a vida e a prática cristã eclesial, abre-se neste contexto uma nova forma de anunciar o querigma. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>4. ECLESIOLOGIA DA LIBERTAÇÃO </strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A teologia da libertação viu na Igreja dos pobres a fidelidade mais singular à pessoa de Jesus Cristo. Nela, se encontra um Deus que ouve o clamor do povo (Ex 3,7b), essa experiência eclesial se tornou a base práxica para sua sustentação teológica. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Igreja dos pobres despertou várias desconfianças a respeito da sua unidade eclesial, como uma continuação da Igreja de Jesus Cristo: Una, Santa, Católica e Apostólica. Vejamos, portanto, como a Igreja dos pobres não fere essa unidade, pelo contrário, à torna mais explicita, uma vez que tem os pobres como o centro de sua reflexão teológico/pastoral. </div><div style="text-align: justify;">Um só Deus, um só Senhor, um só batismo, um só Espírito, como expressa São Paulo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na verdade existe um só Senhor, Jesus Cristo, e Jesus histórico, crucificado, servo de Javé e ressuscitado; existe um só Deus, que quer vida aos homens, escuta o clamor dos oprimidos, morre com eles na história e mantém sempre vivos os gemidos de parto de uma nova criação; existe um só Espírito, renovador da história, doador de vida e que fala pelos profetas de outrora e pelos atuais (SOBRINO, 1982, p.111). </div><div style="text-align: justify;">Podemos perceber a unidade dos pobres desta Igreja, nela se expressa os pobres como sujeitos ativos desta realização histórica com todos os percalços que a situação de pobreza os coloca. Quando a Igreja se expõe a ouvir as mazelas pelas quais passam os pobres, a enxergar o exemplo de fé que é a vida deles, ela realiza o milagre de socializar que o núcleo da fé é algo que não se divide, anuncia-se. Não se trata de uma predileção de ordem social. Trata-se, sobretudo, de uma unidade com todas as instituições e pessoas de bem, agora de um formato macro, que tem os pobres como fio condutor da ligação com o Ressuscitado. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>A. A santidade contida na Igreja dos pobres</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A característica de "santa” atribuída a Igreja é uma característica lógica, pois nela se configura um sinal de salvação, e é ela a continuadora do sacramento histórico do amor de Deus, seria uma contradição dizer que ela não é santa (SOBRINO, 1982, p.114). A problemática se estabelece em reconhecer que a Igreja como instituição imersa em uma realidade está em si, configurada em uma estrutura de pecado é, portanto, também, pecadora. Quem concede a característica de santidade a Igreja, é Deus, "e assim não cremos simplesmente na Igreja santa, mas em Deus que santifica a Igreja” (SOBRINO, 1982, p.115).</div><div style="text-align: justify;">A Igreja dos pobres reconhece a dimensão pecadora e santa da Igreja. O que a Igreja dos pobres faz é desenvolver características concretas ao amor e ao pecado, nos mostra que para dar visibilidade a santidade contida na Igreja, a práxis do amor tem que ser concreta (perdoem-me a redundância), não como propostas ou discursos "benevolentes”, mas de recriar uma nova realidade do seio de suas comunidades. Para a Igreja dos pobres, a santidade não está contida no estereótipo que vestem seus representantes, mas, aí a pirâmide se inverte, a santidade salvará o mundo na medida em que a Igreja se autoassuma como serva. A santidade nasce a partir de baixo, da solidariedade que brota dos pobres, da comunhão com aqueles que foram perseguidos e martirizados. "Optar pelos pobres é automaticamente optar pela forma de santidade do Servo” (SOBRINO, 1982, p.118). Recupera, portanto, a dimensão de santidade que fora disseminada por Jesus, a quenose. Sem essa santidade a Igreja não encontraria em si a verdade que a constitui.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>B. Sua dimensão universal</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A catolicidade que constitui a Igreja é a representação da sua universalidade, isto é, a Igreja enquanto católica tem como centro a totalidade do mundo, o que implica: </div><div style="text-align: justify;">Visto que nem todos são "homens” da mesma maneira no que se refere a seus meios, direitos e liberdades, aquela comunidade em que todos verão conjuntamente a glória de Deus é criada através da eleição dos humildes, ao passo que os poderosos incorrem no juízo de Deus (SOBRINO, 1982, p. 119-120). </div><div style="text-align: justify;">Isso não quer dizer, que se fira a universalidade, pelo contrário, o fato de ser universal, carrega em si uma tradição histórica pelos os que sempre estiveram escondidos da totalidade. O que a Igreja dos pobres faz, é demonstrar que essa parcialidade para com os que sofrem é uma forma práxica para um amor universal. Nesse mesmo sentido, percebe-se que a Igreja dos pobres em nível "local” desenvolve claramente uma originalidade com personagens próprios[6] e a partir de figuras do passado cria uma autoconsciência para reler sua a história. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>C. Tradição apostólica</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A apostolicidade que constitui a Igreja serve para demonstrar a continuidade de sua ligação direita com os apóstolos, em ordem cronológica e a continuação de uma estrutura eclesial apostólica. A Igreja se constitui em si mesma missionária, "ela existe para evangelizar” (Evangelii Nuntiandi, 1975, n.14). E evangelizar é afirmar que todo o caráter próprio da Igreja (oração, vida religiosa, escuta da Palavra, etc.) não teria sentido pleno senão se converter em testemunho. </div><div style="text-align: justify;">A Igreja dos pobres é uma Igreja autenticamente missionária, ela adquire prioritariamente essa característica porque se faz pobre. Isso quer dizer, que essa primazia da essência se configurou mais verdadeira quando os pobres não foram somente os destinatários da missão, mas quando eles foram constituídos missionários. "Não basta dizer que a práxis é o ato primeiro. É necessário considerar o sujeito histórico desta práxis: os que até agora estiveram ausentes da história” (GUTIERREZ, 1977, p.42).</div><div style="text-align: justify;">Com o receptor da missão sendo missionário, surge aí uma conotação própria da sua realidade, uma vez que os pobres tornam-se anunciadores da Boa Nova, tornam-se, também, denunciadores das estruturas pecaminosas. Cabe a Igreja perceber que quando ela se converte em Igreja dos pobres esta se encontra mais fielmente ligada a sua tradição, pois, qualquer pessoa que não está inserida na realidade de sofrimento, desesperança, humilhação que passa a grande maioria dos habitantes desta terra, não refletirá com propriedade a tradição apostólica. Os pobres oferecem a direção a ser seguida! </div><div style="text-align: justify;"><strong>Percebe-se, portanto, que uma Igreja que se constitui em: Una, Santa, Católica, Apostólica e dos pobres, desenvolve em si uma ortodoxia mais propriamente evangélica. </strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Veremos nos dois pontos seguintes de que forma o ser dos pobres configura em si um critério de identidade singular ao passo que é constitutivo da Igreja de Jesus e como os sujeitos/destinatários privilegiados do anúncio do Reino modificam de forma estrutural a Igreja.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>4.1 O SER DOS POBRES COMO NOTA DA IGREJA DE JESUS</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No caminho elementar que constitui a Igreja dos pobres está a sua fidelidade a Jesus Cristo, principalmente pela característica essencial em ser dos pobres. Há quem pense que a dimensão dos pobres na Igreja refere-se a um vertente social contida nela, como se Igreja tivesse somente uma função assistencialista com referência aos menos favorecidos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Uma Igreja dos pobres não é aquela que se coloca fora da realidade de conflito que a cerca, propondo-se somente a oferecer seu auxílio e nem aquela que o faz somente por um conceito ético. Ser dos pobres é algo constitutivo do próprio ser Igreja, é algo que perpassa os conceitos puramente sociológicos ou uma dimensão particularizante de classe social. Afirmar teologicamente sobre a Igreja dos pobres, é dizer que o Espírito de Deus que animou Jesus a anunciar a Boa Nova (Lc, 4, 18-19) é o mesmo que deve orientar a vivência eclesial de sua herdeira, traz portanto, uma questão fundamental de ortopráxis eclesial e de ortodoxia teológica (AQUINO, 2005, p.210), isto é, de uma forma de ser cristão e de seguir Jesus.</div><div style="text-align: justify;">No centro da vida da Igreja está a realização do Reino de Deus. Essa centralidade é circunstância sine qua non para a vivência de um cristianismo que tem como princípio a vida e morte de Jesus de Nazaré. Em Mateus 5, quando Jesus proclama as Bem-Aventuranças e inverte o conceito de "felizes”, assumi-se de fato que todos os desgraçados e infelizes: os pobres, aqueles que sofrem, que choram, que são perseguidos, na verdade, que para imensa maioria "não contam”, a eles é reservado o Reino de Deus. </div><div style="text-align: justify;">Se como vimos, o Reino está, sobretudo para os pobres e no centro da vida da Igreja se encontra a sua implantação, portanto, uma Igreja que não está constitutivamente para os pobres significa que não está para o Reino, pode-se afirmar que nem Igreja se configura! A felicidade dos bem aventurados não está na pobreza, na fome, na dor ou na perseguição; está na presença de Deus junto deles (VIGIL, p 62). Uma Igreja que se proclama como "Sacramento de Cristo” (LG.1, 1964), isto é, como sinal visível de sua presença entre nós, não pode negligenciar o fato de que a vida de Jesus de Nazaré foi sempre ao lodo dos últimos, assim como também sua morte (Mt 15,27; Lc 22,37). A Igreja que é herdeira desta realidade histórica (SOBRINO, 1982, p. 107) não pode esquecer esse ensinamento eclesiogênico[7].</div><div style="text-align: justify;">Assumir a realidade de miséria, dor, sofrimento, martírios é afirmar que todo princípio de organização da Igreja se faz a partir dos pobres, não como "parte” dentro dela, mas como autêntico lugar teológico de compreensão da práxis cristã. Não queremos afirmar aqui que o ser "dos pobres” esgota a identidade da Igreja, mas que é fundamentalmente um dado de fé. A Igreja de Jesus Cristo é a Igreja dos pobres.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>4.2 O SER DOS POBRES COMO PRINCÍPIO ESTRUTURADOR DA IGREJA EM SUA TOTALIDADE. </strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na medida em que a Igreja percebe, na fidelidade a pessoa de Jesus de Nazaré, os pobres como ponto de partida e de convergência da sua ação pastoral ela se vê impelida a dar demonstrações claras desta vivência. Destarte, os pobres configuram uma forma própria do ser Igreja na medida em que encontram na sua vida comunitária a ligação com Deus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Percebemos, pois, que a configuração feita pelos pobres na Igreja que junto deles se estrutura torna-se perceptível na maneira em que: celebram os sacramentos, assumindo o sinal como festa da vida, na forma como fazem a leitura da Palavra de Deus, reconhecendo nela a sua realidade de dor e o rosto de um Deus que caminha junto e liberta e nos cânticos que nos entoam mais diversos momentos celebrativos, que revigora a força de estar lutando por um novo céu e uma nova terra (Cf. Ap 21,1). </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A fé faz com que os pobres se neguem a entregar-se ao acaso. Converter as estruturas neste conceito de rocha viva (1Pd 2,5a) é saborear a utopia do Reino que "lhes foi preparado deste a criação do mundo” (Mt 25,32). </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>CONCLUSÃO</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nossa intenção ao escrever o presente artigo foi demonstrar, mesmo que não profundamente, de que forma a Igreja dos pobres é fundamento para a teologia da libertação. Levamos em conta a problemática que decorre da particularização existente neste modelo de Igreja para explicitar que é um requisito estritamente evangélico. Percorremos do Vaticano II à sua influência na Igreja da América Latina, que desenvolveu suas reflexões próprias, para enfim, demonstrar que essa opção pelos pobres não recai em um erro de ortodoxia, pelo contrário demonstra a fidelidade mais singular de uma Igreja que caminha nos passos de Jesus de Nazaré. </div><div style="text-align: justify;">Neste artigo realizamos um pequeno ensaio de reflexão com o sentimento de percorrer os caminhos já trilhados por muitos. Acreditamos que a Tradição de uma Igreja sempre viva não se coloca jamais longe dos pobres desta terra. Demonstramos, aqui, a nossa convicção na Igreja Una, Católica, Apostólica e dos Pobres... É com e por eles que somos a Igreja de Cristo, do Ressuscitado! </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">[...] Mas é importante, Mariama, que a Igreja de teu filho não fique em palavra, não fique em aplauso. Não basta pedir perdão pelos erros de ontem. É preciso acertar o passo de hoje sem ligar ao que disserem. Claro que dirão, Mariama que é política, que é subversão. É Evangelho de Cristo, Mariama [...]. (D. Helder Câmara, 1982).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS </strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">ALBERIGO, Guiseppe. História dos Concílios Ecumênicos. São Paulo: Paulus, 1995. </div><div style="text-align: justify;">AQUINO, J. "Igreja dos pobres: sacramento do povo universal de Deus”, in TOMITA, Luiza. – VIGIL, José. M. [orgs.]. Pluralismo e Libertação. Por uma Teologia Latino-Americana Pluralista a partir da Fé Cristã. São Paulo: Loyola, 2005, p. 193-214. </div><div style="text-align: justify;">BEOZZO, José Oscar. A Igreja do Brasil: de João XXIII a João Paulo II, de Medellín a Santo Domingo. Petrópolis: Vozes, 1993. </div><div style="text-align: justify;">_______.Nota sobre os participantes da Celebração do Pacto das Catacumbas Disponível em www.ccpg.puc-rio.br/nucleodememoria/.../beozzocatacumbas.pdf. Acesso em 10 de jun. 2011. </div><div style="text-align: justify;">Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. </div><div style="text-align: justify;">BOFF, Leonardo. Eclesiogênese: a reinvenção da Igreja.São Paulo: Record, 2008. </div><div style="text-align: justify;">________.Teologia do Cativeiro e da Libertação. Petrópolis: Vozes, 1980. </div><div style="text-align: justify;">CAMARA, Helder. "Louvação a Mariama”, in NASCIMENTO, Milton. Missa dos Quilombos, Universal Music, 1982. </div><div style="text-align: justify;">CELAM.Conclusões de Medellín. São Paulo: Paulinas, 1979. </div><div style="text-align: justify;">Constituição Dogmática Lumen Gentium. São Paulo: Paulinas, 2006. </div><div style="text-align: justify;">Documentos de João XXIII: (1958-1963). São Paulo: Paulus, 1998. </div><div style="text-align: justify;">GUTIERREZ, Gustavo. A verdade vos libertará: confrontos. São Paulo: Loyola, 2000. </div><div style="text-align: justify;">_______. Teología desde el reverso de la historia. Lima: Centro de Estudios y Publicaciones, 1977. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">JOÃO XXIII. Humanae Salutis. Roma, 1961. </div><div style="text-align: justify;">KLOPPEMBURG, Boaventura. Concílio Vaticano II, Vol. V, Quarta sessão. Vozes, 1966. </div><div style="text-align: justify;">OLIVEROS, Roberto. "Historia de la teología de la liberación”, in ELLACURIA, Ignacio – SOBRINO, Jon. Conceptos fundamentales de la Teología de la Liberación. Tomo I. Madrid: UCA, 1990.</div><div style="text-align: justify;">PAULO VI. Evangelli Nuntiandi. Roma, 1975. </div><div style="text-align: justify;">SANTOS, Carlo. C. Teologia da Libertação: obra de Deus ou do diabo? Disponível em http://www.slideshare.net/carlosnaweb/teologia-da-libertao-obra-de-deus-ou-do-diabo-5437697. Acesso em 18 de jun. 2011. </div><div style="text-align: justify;">SOBRINO, J. Ressurreição da Verdadeira Igreja. São Paulo: Loyola, 1982. </div><div style="text-align: justify;">VIGIL, José Maria [org.]. Descer da Cruz os Pobres: Cristologia da Libertação. São Paulo: Paulinas, 2007.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Notas:</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(1) Pode-se constatar na obra de: KLOPPEMBURG, Boaventura. Concílio Vaticano II,Vol V, Quarta sessão. Vozes, 1966.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(2) Para mais informações ver em: BEOZZO, José Oscar. Nota sobre os participantes da Celebração do Pacto das Catacumbas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(3) Tem-se como marco principal da teologia da libertação, o livro de: Gustavo Gutierrez.Teologia da Libertação.Petrópolis, Vozes, trad. Jorge Soares, 1976.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(4) Pode-se aprofundar nesse sentido no livro de: BOFF, Leonardo. Teologia do Cativeiro e da Libertação. São Paulo: Vozes, 1980.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(5) Surgem sindicatos, movimentos populares, associação de moradores, de mães, etc.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(6) Podemos lembrar de Bartolomeu de las Casas ( o protetor dos índios) e dos mártires da América Latina que conscientes da necessidade de "fazer acontecer” o Reino, doaram suas vidas através dos mais diversos modos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(7) Para maior aprofundamento vide a reflexão feita em: BOFF, Leonardo. Eclesiogênese: a reinvenção da Igreja. Record, 2008.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">[Este trabalho foi orientado pelo Prof. Dr. Francisco de Aquino Junior].</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">João Leondenes Facundo de Souza Junior</div><br />
<br />
Fonte: <a href="http://www.adital.com.br/">http://www.adital.com.br/</a>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-59803249300248808862011-10-18T06:19:00.000-07:002011-10-18T06:19:44.056-07:00TdL em Mutirão 34<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-8PVQlpFS0vE/Tp180euiSkI/AAAAAAAAALg/82XYm0Oxhyo/s1600/MinoMuralSaoFelix.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="115" oda="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-8PVQlpFS0vE/Tp180euiSkI/AAAAAAAAALg/82XYm0Oxhyo/s320/MinoMuralSaoFelix.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>GÊNESE, CRISE E DESAFIOS DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>I. A gênese</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Teologia da Libertação (TdL) nasce na América Latina e Caribe num contexto histórico bem definido. Três ordens de fatores marcam e explicam sua gênese e seu desenvolvimento. Primeiramente, numa perspectiva sócio-econômica e política, grande parte dos países latino-americanos e caribenhos, sofria sob o peso da ditadura militar. Acrescida da dependência econômica em relação ao Primeiro Mundo, os regimes de exceção contribuem poderosamente para agravar as desigualdades sociais que se verificam no interior dos países periféricos do Terceiro Mundo, bem com entre estes e os países centrais. Nesse estado de coisas, opressão política e dívidas sociais crescentes constituíam duas faces da mesma moeda. As nações subdesenvolvidas, embora formalmente independentes, na verdade viviam sob a égide de uma nova colonização, ou melhor, jamais haviam saído dela.</div><div style="text-align: justify;">Em segundo lugar, desde uma perspectiva científica, o instrumental de análise social marxista jogava luz sobre essa realidade de domínio político e econômico. Na medida em que disseca a partir de suas entranhas o funcionamento da acumulação capitalista, a teoria marxista põe a nu as contradições do liberalismo econômico. Basta uma olhada rápida às obras de Gustavo Gutierrez, Juan Luis Segundo, Clodovis e Leonardo Boff, Jon Sobrino, Hugo Asmann, Ellacuría – entre tantos outros – para dar-se conta de que, em termos de análise social, implícita ou explicitamente, elas se guiam pela matriz teórica do marxismo. Convém não esquecer, porém, que os autores da TdL recorrem a essa matriz teórica muito mais para entender a gênese da opressão social, do que na busca de um projeto social alternativo. Neste caso, a orientação e a luz partem antes da Palavra de Deus.</div><div style="text-align: justify;">A terceira ordem de fatores que ajuda a entender o surgimento da TdL está vinculada ao campo eclesial. Cinco aspectos desta inflexão eclesial devem ser destacados. Primeiro, a experiência da Ação Social Católica nos anos 50 e 60, especialmente entre a classe operária francesa. A difusão do método VER-JULGAR-AGIR mergulha aí suas raízes, ajudando a entender os problemas sociais através de uma pedagogia crítica, por um lado, e de uma prática transformadora, por outro. </div><div style="text-align: justify;">Depois, temos a realização do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), como tentativa bem sucedida de a Igreja entrar em diálogo aberto com o mundo moderno. Tratava-se, em poucas palavras, de afinar o compasso com as descobertas da ciência e com o progresso tecnológico. A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, sobre a Igreja no Mundo de Hoje, traça um retrato da realidade, em suas “mudanças rápidas e profundas”, que ainda hoje mantém grande atualidade. </div><div style="text-align: justify;">O terceiro aspecto refere-se à II Conferência dos Bispos da América Latina e Caribe, realizada na cidade de Medellín, Colômbia, no ano de 1968. Estamos em plena vigência das ditaduras militares. O tema – La Iglesia en la actual transformación de la América Latina, a la luz del Concilio Vaticano II – retrata um contexto de grande efervescência social e política. Os bispos cunham a expressão “violência institucionalizada” para sublinhar que “um surdo clamor brota de milhões de homens, como injustiça que clama aos céus”. Falam também da “vigência de estruturas inadequadas e injustas” que pesam duramente sobre os povos do continente. </div><div style="text-align: justify;">O aspecto de número quatro representa a prática libertadora das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) em vários países da América Latina e do Caribe. Inspiradas no método Ação Católica, por uma parte, e por outra, estimuladas pelas conclusões do Vaticano II e do Documento de Medellín, as comunidades cristãs passam a uma militância ativa pela transformação das estruturas sociais injustas. A leitura da realidade à luz da Palavra de Deus e a busca de soluções concretas para os problemas reais definem sua prática religiosa frente à dominação política e à pobreza econômica. Esse “novo jeito de ser igreja” realiza entre a fé e o compromisso social um casamento indissociável e rico em conseqüências. Vale sublinhar que essa “opção preferencial pelos pobres” tem na hierarquia amplo respaldo.</div><div style="text-align: justify;">E chegamos assim ao quinto e último aspecto a ser lembrado: um discurso social fortemente combativo, acompanhado de uma prática conseqüente, seja por parte de algumas conferências episcopais latino-americanas e caribenhas, seja por parte de alguns bispos isolados. No caso das conferências, o destaque vai para o Brasil, onde o enfrentamento à ditadura militar produziu documentos de uma veemência profética surpreendente. Quanto aos pastores mais engajados, vale apontar os nomes de Dom Hélder Câmara, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Oscar Romero – para só citar alguns.</div><div style="text-align: justify;">As três ordens de fatores e os cinco aspectos eclesiais, combinados entre si, estão na raiz da Teologia da Libertação. Esta nasce e se desenvolve como uma reflexão crítica a partir da práxis libertadora dos cristãos. Ou seja, num primeiro momento desenrola-se em inúmeros grupos, movimentos e pastorais sociais a luta pela libertação; só depois, num segundo momento, é que se desenvolve a reflexão teórica. Esta, no decorrer do tempo torna-se simultaneamente causa e efeito de novas lutas e novas sínteses reflexivas. Instala-se o que Juan Luis Segundo irá chamar de círculo hermenêutico: a consciência sobre a realidade opressiva leva a uma prática libertadora, a qual alimenta uma reflexão teórica que, por sua vez, retroage sobre a realidade, renovando e aprofundando a ação social e política.</div><div style="text-align: justify;">Esse esquema de dupla face – práxis transformadora e reflexão teórica – ganhou impulso sob as botas dos militares. Não é à toa que a perseguição política e o martírio acompanharam de perto essa nova forma de viver a fé cristã. Militantes de base, agentes pastorais e teólogos, às dezenas e centenas, sofreram no corpo e na alma o peso e o impacto da ação repressiva.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>II. A crise</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No final dos anos 70 e início dos 80, os regimes de exceção começam a dar lugar a um processo democrático lento e gradual. Este terá uma trajetória desigual e conturbada, de acordo com o contexto específico de cada país. À medida que esse processo se afirma, as CEBs e a TdL tendem a ofuscarem sua perspectiva crítica e a diminuir sua combatividade social e política. Tanto fora como dentro da Igreja, ambas perdem força de incidência. No caso particular do Brasil, há um agravante. Se, por um lado, é verdade que CEBs e TdL constituem um dos igarapés que engrossaram o rio caudaloso do Partido dos Trabalhadores e da eleição do governo Lula, por outro também é certo que seus integrantes sofrem grande perplexidade diante da aliança desse governo com setores historicamente retrógrados da sociedade brasileira.</div><div style="text-align: justify;">Essa crise, aliás, ultrapassa de muito os limites da Igreja. Ela irá marcar de uma forma generalizada todas as organizações sociais de esquerda, a partir da segunda metade dos anos 80, retornando com mais ênfase diante da timidez do governo Lula em enfrentar as mudanças estruturais. Mudanças que, não custa lembrar, constituíam as principais bandeiras de tais organizações.</div><div style="text-align: justify;">É neste contexto de crise que vêem à tona algumas lacunas da prática das CEBs e da reflexão teórica da TdL que, a bem da verdade, já se encontravam em germe desde a sua origem. Latentes na gênese, aparecem agora à plena luz do dia. Entre elas, gostaria de apontar as cinco principais: matriz teórica insuficiente, conceito redutivo de liberdade, dificuldade de incorporar o discurso do meio ambiente, problemas de linguagem, temas transversais. Vejamos uma por uma.</div><div style="text-align: justify;">1. Como já vimos anteriormente, a análise da realidade com que operam os representantes das CEBs e da TdL tem como base a matriz teórica do instrumental marxista. Esta matriz, como é notório, prima pela análise social, econômica e política da sociedade. Aliás, desde os primórdios da economia capitalista, tanto a direita quanto a esquerda irão desenvolver uma teoria marcadamente economicista, tendo como pano de fundo a racionalidade aplicada do iluminismo. Tanto Adam Schmidt e Ricardo, por uma parte, como Marx e Engels, por outra, trabalham com os dados da produção, comercialização e consumo. </div><div style="text-align: justify;">Importada para a América Latina, essa matriz se revela insuficiente e às vezes até inadequada para explicar o “caldeirão” cultural em que se transformou o continente latino-americano e caribenho. Ela não dá conta de captar toda a riqueza e a mestiçagem profunda das três raças que lhe deram origem. Tende a desconhecer, entre outras coisas, a inegável contribuição negra e indígena para a formação cultural de nossos povos.</div><div style="text-align: justify;">Essa lacuna necessita ser preenchida com novos dados da história do continente. Não que se deva jogar pela janela o instrumental de análise marxista. Ele nos ajudou e continua nos ajudando a compreender as estruturas sociais de concentração, pobreza e exclusão social. Mas, a essa matriz teórica, temos de incorporar novas informações, sobretudo de caráter antropológico, religioso, psicológico, etc. A dimensão econômica, política e social não conseguem explicar tudo. Há outras dimensões do ser humano que devem ser contempladas. Aliás, a experiência prática ensina que não basta resolver os problemas de ordem social para criar uma sociedade alternativa. Há questões de outra natureza e de maior profundidade que devem ser levadas em conta, se quisermos entender a alma dos povos latino-americanos.</div><div style="text-align: justify;">2. O conceito de liberdade que se encontra na visão das CEBs e da TdL, como aliás de outros setores da esquerda latino-americana, muitas vezes se reduz â noção de libertação. Isto se explica, em parte, pelo fato de terem se desenvolvido debaixo da repressão militar. Era urgente liberar-se das correntes, da pobreza, do machismo, etc. Não é sem razão que se buscava no Livro do Êxodo um cimento religioso e ideológico para o combate à opressão. Ocorre que a noção de libertação constitui apenas um lado do conceito mais amplo de liberdade, a liberdade de. Este tem que ser complementado com o outro lado, isto é, a liberdade para. E é justamente aqui que as coisas se complicam. </div><div style="text-align: justify;">Voltando ao caso do povo hebreu na experiência do Egito, quando se tratou de dar um conteúdo programático à liberdade conquistada, já na travessia do deserto, bateu-lhes a saudade do Egito. Ali, embora submetidos ao Faraó, tinham “as panelas cheias e não passavam fome”. Ou seja, preferem a escravidão à liberdade, desde que não falte o que comer. A liberdade, quando exige trabalho e responsabilidade, converte-se num fardo pesado. No caso dos romanos, como bem sabemos, a escravidão era compensada com “pão e circo”.</div><div style="text-align: justify;">Aqui há lições a serem aprendidas. A noção restritiva de liberdade, herança da época dos militares, torna muitas vezes imaturas algumas práticas de esquerda. Somos peritos em atirar pedras sobre o telhado de vidro das oligarquias históricas, e vemos fazê-lo, sem dúvida. Mas quando se trata de elaborar um plano de ação, um programa de governo ou um projeto de sociedade, as idéias se embaralham. O vigor teórico, tão vigoroso na crítica, perde força e alcance quando se trata de construir uma via alternativa.</div><div style="text-align: justify;">3. O discurso ecológico, felizmente, vem ganhando espaço nos movimentos sociais e organizações de esquerda. Mas em muitos casos, ainda aparece como um tema “transversal”, o que, não raro, é sinônimo de secundário. É preciso reconhecer que houve avanços em relação a algumas décadas atrás, quando a preocupação com o meio ambiente era considerada “coisa de quem não tem o que fazer” ou dos “ambientalistas europeus”. Mas há muito caminho a ser feito.</div><div style="text-align: justify;">Hoje cresce a consciência de que ou protegemos as diversas formas de vida do planeta, ou perecemos junto com ele. Nas análises do modelo neoliberal, cada vez mais entram a fazer parte itens como a devastação do meio ambiente, o uso indiscriminado dos recursos naturais, o aquecimento global, a contaminação das águas e do ar, o desenvolvimento ecológica e socialmente sustentável, e outros temas correlatos. O modelo econômico não é apenas concentrador e excludente, é também predatório em relação à biodiversidade. Diante dos alertas cada vez mais alarmantes dos cientistas, dos movimentos ambientalistas e das organizações não governamentais, o prefixo “bio-vida” passa a fazer parte de qualquer estudo sobre a realidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Cabe aqui um olhar ao Livro do Gênesis, em que se narra que Deus criou a terra e todas as coisas como “nossa casa” e “viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). Mais tarde, Deus estabelece uma aliança com seu povo, simbolizada pelo arco-íris. Vale sublinhar que a aliança não leva em conta apenas os homens e mulheres, mas, como diz textualmente a narração, “com todos os seres vivos” e “com todas as gerações futuras”. E o texto insiste: “com tudo o que vive sobre a face da terra”. Ou seja, o Deus Criador preocupa-se com a vida em todas as suas formas, por um lado, e, por outro, com a preservação da vida para as gerações vindouras (Gn 9,12-17).</div><div style="text-align: justify;">4. Na prática das CEBs e das Pastorais Sociais, como também no estudo da TdL, a linguagem tornou-se um desafio cada vez mais premente. Entre o universo popular e o universo do agente intermediário, não raro se abre um abismo quase intransponível. Enquanto o primeiro se revela rico em imagens, “causos”, histórias, mímica e uma rica coreografia de gestos, o segundo prima pela lógica acadêmica da racionalidade científica. Um fala predominantemente com o corpo e com o coração, outro com a cabeça. Não que isso seja problemático em princípio. Ambas as formas de linguagem e de comunicação são legítimas e necessárias. O problema é que muitas vezes uma não entende nem é entendida pela outra. Caminham em linhas paralelas. É como se um lado estivesse sintonizado em AM e outro em FM.</div><div style="text-align: justify;">O desafio é estabelecer pontes entre os dois universos. Isso requer capacidade de escuta e compreensão, particularmente por parte dos agentes de pastoral e dos estudiosos da teologia. Requer uma aguda penetração no mundo cultural e na alma da população, reconhecimento e valorização de seus valores, coisa de que nem sempre somos capazes. É necessário dar-se conta que os ouvidos da universidade e os ouvidos das ruas são distintos e exigem formas apropriadas de comunicação. Enquanto na rua funciona mais o canto, a música, a dança e a poesia, na sala de aula é a análise racional que prevalece. Confundir estes dois ambientes é bloquear a comunicação.</div><div style="text-align: justify;">Também não resolve simplesmente passar a palavra ou o microfone ao povo. Isso pode gerar situações altamente constrangedoras para ambas as partes. Se é verdade que a palavra não deve ser monopólio dos entendidos, também é verdade que existem outras formas de se comunicar. A linguagem verbalizada é apenas uma parte, e bem reduzida, do processo integral da linguagem. O que é necessário é abris espaços para novas formas de linguagem, nas quais os representantes do povo se sintam “mais à vontade e mais em casa”.</div><div style="text-align: justify;">5. Já vimos como o meio ambiente é tratado às vezes como “tema transversal”. Também vimos que isso é uma forma de reduzi-lo a um plano secundário. O mesmo se constata com outros temas, mais relegados ainda à condição ambígua de “transversais”. Sublinhemos apenas quatro: gênero, raça, opção sexual e democracia na Igreja. Todos eles, em geral, comparecem em nossas preocupações iniciais, reaparecem nas propostas finais de nossas assembléias e encontros, mas dificilmente chegam a figurar no primeiro plano das pautas aprovadas. Numa palavra, apenas tangenciam os temas de fundo.</div><div style="text-align: justify;">Daí a dificuldade de compaginar um discurso libertador, na arena política, com uma prática autoritária, no âmbito individual ou familiar. Daí também a persistência em nossa práxis de alguns vírus, como autoritarismo, centralismo, corporativismo, personalismo, e outros “ismos” igualmente nocivos. Daí, ainda, a falta de companheirismo entre homens e mulheres, no interior de nossas atividades, como também de verdadeira democratização das decisões. Daí, enfim, o grande estranhamento que manifestamos, implícita ou explicitamente, diante de algumas minorias marcadas por diferentes opções sexuais.</div><div style="text-align: justify;">E nem precisaria acrescentar a persistência de um racismo dissimulado ou declarado, mesmo entre aqueles que propugnam por uma sociedade nova. Apesar de todo nosso conhecimento das raízes históricas latino-americanas e da escravidão negra, ou justamente por causa disso, muitas vezes nossa prática consciente ou inconsciente aviva o estigma da marginalização na pele do povo negro. Deliberadamente ou não, fazemos sangrar feridas que em vão tentam cicatrizar.</div><div style="text-align: justify;">Quanto ao tema da democracia no interior da Igreja, basta lembrar a presença desproporcionada da mulher na base e no topo da pirâmide. Enquanto nas comunidades eclesiais e grupos de base elas representam a maioria absoluta, às vezes carregando sobre os ombros todo peso da responsabilidade, à medida que se sobe nas instâncias decisórias, elas vão se tornando cada vez mais raras, até desaparecer por completo no corpo da hierarquia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div><div style="text-align: justify;"><strong>III. Os desafios</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div><div style="text-align: justify;">A análise da gênese e da crise da Teologia da Libertação, ao fazer emergir as lacunas que estavam ocultas, trazem novos desafios. Diante deles, há posturas diversas, algumas claramente contrastantes. Enquanto uns simplesmente abandonam a TdL e outros se radicalizam ainda mais em seu estudo, uma boa parte procura evitar esses dois extremos, tratando de redefinir seus conteúdos e métodos. Creio que neste caso a “terceira via” seja a mais indicada.</div><div style="text-align: justify;">De fato, abandonar a TdL hoje é desconhecer a necessidade de prosseguir no combate à exploração exacerbada do ser humano, da biodiversidade e da natureza em seu conjunto. As vítimas do neoliberalismo e da economia globalizada, hoje, não são menos numerosas nem menos sacrificadas do que, ontem, as vítimas dos regimes de exceção. Qualquer tipo de ditadura, seja militar ou do mercado, deve ser combatida por quem se diz cristão. Não podemos esquecer que antes da “teologia” vem a “libertação”. Importa mais esta do que aquela. Mas tampouco podemos esquecer que uma reflexão teórica e sistemática sobre a práxis libertadora, em última instância, ilumina, orienta e fortalece a própria práxis. </div><div style="text-align: justify;">Por outro lado, persistir num radicalismo gratuito é desconhecer que o contexto histórico dos regimes democráticos, ainda que se trate de democracia formais e cheias de contradições, é diferente dos regimes de exceção. Novas perguntas emergem e exigem respostas igualmente novas. Embora o conteúdo de fundo e o método de interpretação hermenêutica sigam inalteráveis, mudam muitos conteúdos de caráter circunstancial e muda a pedagogia da organização social. Os debates da TdL, sob pena de se tornarem anacrônicos, devem acompanhar as mudanças do tempo.</div><div style="text-align: justify;">Mas um dos maiores desafios que hoje se coloca à TdL é, sem dúvida, o pluralismo cultural e religioso, como uma das principais características da chamada pós-modernidade. Da mesma forma com que foram banidos na aurora do mundo moderno, os deuses retornam com a força de águas represadas. No contexto de uma mentalidade cada vez mais urbanizada, não só do ponto de vista geográfico, mas em termos culturais, os deuses proliferam por todos os cantos. Estão nas ruas, nos centros comerciais, nos meios de comunicação, na mídia... É verdade que muitos deles se revelam divindades estranhas, pairando nas nuvens, alheias e indiferentes à dores e esperanças humanas. Outros primam pelo individualismo, pelo intimismo privativo ou pela prática da magia. Mas nem por isso merecem menos atenção.</div><div style="text-align: justify;">Diante de tal profusão de deuses, qual o rosto do Deus verdadeiro? Como o apóstolo Paulo em Atenas, Grécia, somos novamente confrontados nos areópagos de hoje com o Deus desconhecido. Ou seja, o Deus verdadeiro é sempre desconhecido. Os deuses demasiadamente conhecidos são deuses de fácil manipulação. Aliás, deuses no plural faz lembrar idolatria. O verdadeiro Deus revela e oculta sua face, interpelando permanentemente nossas práticas e crenças, e exigindo que o busquemos junto ao empobrecido.</div><div style="text-align: justify;">No testemunho radical da cruz, Jesus descobre o rosto de Deus ao descer ao “inferno do sofrimento humano”, por um lado, e, por outro, ao partilhar das alegrias e sonhos da população mais pobre, indefesa e excluída. Mais do que nunca, a TdL e as CEBs precisam orientar os cristãos deste continente crucificado a renovar a “opção preferencial pelos pobres”. Aliás, o Documento Final da V Conferencia dos Bispos da América Latina e do Caribe é enfático a esse respeito. Mantemos suas palavras no original, em espanhol: “Nos comprometemos a trabajar para que nuestra Iglesia Latinoamericana y Caribeña siga siendo, con mayor ahínco, compañera de camino de nuestros hermanos más pobres, incluso hasta el martirio. Hoy queremos ratificar y potenciar la opción del amor preferencial por los pobres hecha en las Conferencias anteriores. Que sea preferencial implica que debe atravesar todas nuestras estructuras y prioridades pastorales. La Iglesia latinoamericana está llamada a ser sacramento de amor, solidaridad y justicia entre nuestros pueblos” (nº 410).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pe. Alfredo J. Gonçalves</div><br />
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Fonte: <a href="http://www.adital.com.br/">http://www.adital.com.br/</a>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-7859634861223537532011-10-14T06:58:00.000-07:002011-10-14T06:58:43.008-07:00TdL em Mutirão 33<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-gQ1CDMzNMLI/Tpg_-ZSOKvI/AAAAAAAAALY/1S2RX3BOGWk/s1600/z%25C3%25A9+vicente.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" oda="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-gQ1CDMzNMLI/Tpg_-ZSOKvI/AAAAAAAAALY/1S2RX3BOGWk/s320/z%25C3%25A9+vicente.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>A IGREJA COMO COMUNHÃO.</strong></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O objetivo deste artigo é apresentar e entender a Igreja como comunhão.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A expressão Igreja (do grego εκκλησία [ekklesia] e do latim ecclesia) nasce da palavra hebraica qahal (ou qehal) conforme a tradução grega do Primeiro Testamento, a Septuaginta. Ekklesia significa, o ato da reunião e a própria comunidade reunida, a comunidade toda do povo de Deus. No Segundo Testamento, ekklesia significa o novo povo, o verdadeiro Israel no meio de nós enquanto comunidade reunida, portanto, ela é acontecimento e instituição. Ela é empregada três vezes em Mateus, treze vezes no Apocalipse, uma vez na epístola de Tiago; sem dúvida é frequentemente encontrada nos Atos dos Apóstolos (que acrescentam muitas vezes a expressão tou Theou – Deus é quem conclama e reúne toda a comunidade e nela se faz presente) e nas epístolas paulinas que também utiliza-a para designar a comunidade local e a Igreja universal.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja do Concílio Ecumênico Vaticano II diz: Cristo, Mediador único, constituiu e sustenta indefectivelmente sobre a terra, como organismo visível, a sua Igreja santa, comunidade de fé, de esperança e de caridade, e por meio dela comunica a todos a verdade e a graça. Contudo, sociedade dotada de órgãos hierárquicos e corpo místico de Cristo, assembléia visível e comunidade espiritual, Igreja terrestre e Igreja já na posse dos bens celestes, não devem considerar-se como duas realidades, mas constituem uma realidade única e complexa, em que se fundem dois elementos, o humano e o divino. Não é, por isso, criar uma analogia inconsistente comparar a Igreja ao mistério do Verbo encarnado. Pois, assim como a natureza assumida pelo Verbo divino lhe serve de órgão vivo de salvação, a ele indissoluvelmente unido, de modo semelhante a estrutura social da Igreja serve ao Espírito de Cristo, que a vivifica, para fazer progredir o seu corpo místico (LG,1997, p.110).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O conceito de comunhão (koinonia), manifestado nos textos do Vaticano II, mostram a profundidade do Mistério da Igreja como chave de leitura para a eclesiologia católica atual.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O mistério da Igreja deve suscitar uma reflexão teológica a partir do entendimento da comunhão, onde se admite novas e profundas pesquisas. Nesse sentido Pié-Ninot irá dizer: Pouco a pouco se evidenciou que a visão eclesiológica do Vaticano II comporta um conceito renovado de communio, embora a Igreja jamais tenha sido definida desse modo. Esse conceito tem um significado básico de comunhão com Deus, da qual se participa por meio da palavra e dos sacramentos. Esse tipo de comunhão é que leva à comunhão dos cristãos entre si e se realiza concretamente na communio das Igrejas locais fundadas mediante a eucaristia. Chega-se assim ao termo técnico de communio, conceito e realidade fundamental da Igreja antiga. (PIÉ-NINOT, 1998, p.30).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Congregação para a Doutrina da Fé assim se expressa: O conceito de comunhão está "no coração da autoconsciência da Igreja", enquanto Mistério da união pessoal de cada homem com a Trindade divina e com os outros homens, iniciada na fé, e orientada para a plenitude escatológica na Igreja celeste, embora sendo já desde o início uma realidade na Igreja sobre a terra. (...) Para que o conceito de comunhão, que não é unívoco, possa servir como chave interpretativa da eclesiologia, deve ser entendido no contexto dos ensinamentos bíblicos e da tradição patrística, nos quais a comunhão implica sempre uma dupla dimensão: vertical (comunhão com Deus) e horizontal (comunhão entre os homens). É essencial à visão cristã da comunhão reconhecê-la, antes do mais, como dom de Deus, como fruto da iniciativa divina cumprida no mistério pascal (CDF, 2011). </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É preciso compreender e experimentar uma comunhão entre todos os fiéis para que de fato participem da natureza divina, do Pai, do Filho e do Espírito Santo e reafirmar que somos a Igreja de Cristo mediante a fé e o batismo: una, santa, católica e apostólica.</div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div><div style="text-align: justify;">Emerson Sbardelotti</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estudante do Bacharelado em Teologia pelo Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo (IFTAV); Licenciado em História pelo Centro Universitário São Camilo, Vitória – ES; Bacharel em Turismo pela Faculdade de Turismo de Guarapari – ES; Autor de O Mistério e o Sopro – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens. Brasília: CPP (www.cpp.com.br), 2005; Autor de Utopia Poética. São Leopoldo: CEBI (www.cebi.org.br), 2007; Agente de Pastoral Leigo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Cobilândia, Vila Velha – ES; Assessor para as áreas de Mística, Espiritualidade, Juventude, Bíblia e Liturgia. Correio eletrônico: prof.poeta.emerson@gmail.com. </div><br />
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DOCUMENTOS DO Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulus, 1997.<br />
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PIÉ-NINOT, Salvador. Introdução à Eclesiologia. 5ª.ed. São Paulo: Loyola, 1998. <br />
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CONGREGAÇÃO PARA a Doutrina da Fé. Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre alguns aspectos da Igreja entendida como comunhão. Disponível em < http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_28051992_communionis-notio_po.html>. Acesso em 15 out. 2011.<br />
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</div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-86484838320203020212011-10-10T13:42:00.000-07:002011-10-10T13:45:45.570-07:00TdL em Mutirão 32<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Per9P0Iax58/TpNYXO0ly3I/AAAAAAAAALU/bZgQv8nhXc0/s1600/pedro+e+eu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" kca="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-Per9P0Iax58/TpNYXO0ly3I/AAAAAAAAALU/bZgQv8nhXc0/s1600/pedro+e+eu.jpg" /></a></div><strong>NÃO DEIXA CAIR A PROFECIA!</strong> <br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div><div style="text-align: justify;"><strong>Mensagem de Dom Pedro Casaldáliga à Assembléia Geral do Cimi, enviada por vídeo e apresentada na abertura, na terça-feira, dia 4 de outubro.</strong><br />
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</div><div style="text-align: justify;">"Reunida em assembleia geral, em tempos raríssimos, como dizia Santa Teresa, em tempos belos, que devem ser, simultaneamente, tempos de muito compromisso, de muita esperança.</div><div style="text-align: justify;">Eu estava lendo, estes dias, o livro de Marcelo Barros, sobre Dom Helder Camara - Profeta para os nossos dias. Nos últimos dias de sua vida, Dom Helder falou para Marcelo: não deixa cair a profecia. Nós família do Cimi, os presentes na Assembleia, os espalhados por aí, devemos abrir os olhos, abrir o coração, e assumir a hora. Estamos convencidos de que não serão os governos de baixa democracia que resolverão os desafios maiores da maioria do nosso povo. Sabemos por experiência, que a causa indígena é uma causa que atrapalha. Os povos indígenas são inimigos do sistema. E das oligarquias sucessivas e os impérios sucessivos que agora são um macro-império volátil das grandes empresas, dos grandes bancos, que não podem falhar, porque falha a humanidade, parece.</div><div style="text-align: justify;">Sentimos que mesmo aproveitando as brechas que os governos atuais nos dão, a nossa luta é maior. Devemos insistir no trabalho de conscientização no meio dos povos indígenas.</div><div style="text-align: justify;">[É preciso] recordar também que é um momento de tentação, de cooptação, de divisão. Recordar que as autarquias do Incra, da Funai, do IBAMA, são apenas instituições marginais dentro do sistema, que existem para dar aparência de uma dedicação, de um cuidado.</div><div style="text-align: justify;">De fato, a política indígena não é a favor dos próprios indígenas. A política agrária não é a favor do povo camponês. Sejamos conscientes. Sejamos críticos e autocríticos.</div><div style="text-align: justify;"><strong>E mantenhamos a esperança. Pode falhar tudo. Menos a esperança. </strong>Estamos na tentação. Vontade às vezes dá de largar tudo. Quanto mais difícil o tempo, mais forte deve ser a esperança.</div><div style="text-align: justify;">Na Romaria dos Mártires, celebrado agora em julho, recordávamos que fazer a memória dos mártires, é assumir as causas pelas quais eles deram a vida. É fazer memória de todos esses anos de Cimi, pelos quais tantos irmãos e irmãs, agentes de pastoral, agentes indigenistas, e os próprios índios, sobretudo, vêm lutando; vêm arriscando a vida; vêm dando a vida também.</div><div style="text-align: justify;"><strong>Recordamos que uma palavra testamentária de Jesus diz; "Façam isso em memória de mim." Dêem a vida em memória de mim. Dêem a vida aos pobres, aos pequenos, aos povos indígenas.</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um grande abraço, e a paz subversiva do Evangelho".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Dom Pedro Casaldáliga, outubro 2011</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong>Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;">Fonte: Cimi/Adital </div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-20446370027395314482011-10-10T07:48:00.000-07:002011-10-10T07:48:06.059-07:00TdL em Mutirão 31<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Z8GPsrQFR94/TpMFh3rv8UI/AAAAAAAAALQ/70nvYcFQllU/s1600/Marcelo+Barros.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" kca="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-Z8GPsrQFR94/TpMFh3rv8UI/AAAAAAAAALQ/70nvYcFQllU/s320/Marcelo+Barros.jpg" width="240" /></a></div><strong>UM CINQUENTENÁRIO PERIGOSO</strong> <div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para qualquer instituição, todo projeto de reforma soa como ameaça. Até na vida humana, as fases de mudança são épocas de crise e dor. Nestes dias, a Igreja Católica inicia o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, em Roma, no dia 11 de outubro de 1962. Desta semana até o próximo ano, no mundo inteiro, diversos eventos recordarão aquele evento que deu início a uma renovação da Igreja e a pôs em diálogo respeitoso e construtivo com o mundo contemporâneo. Se a Igreja quer ser fiel ao que, hoje, o Espírito de Deus diz às comunidades e ao mundo, deve prosseguir, com coragem e determinação, o diálogo com a humanidade e o trabalho exigente da sua renovação interna para melhor testemunhar o projeto divino neste mundo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Há 50 anos, na Igreja Católica, o apego a tradições dos séculos medievais e modernos, como se existissem desde os tempos evangélicos, era ainda mais forte do que é hoje. Por isso, a maioria dos católicos estranhou quando, na noite de 25 de janeiro de 1959, o papa João XXIII participou de um culto pela unidade das Igrejas cristãs e declarou ao mundo a decisão de convocar um concílio geral que reunisse todos os bispos do mundo para renovar a Igreja Católica em vista de melhor se adequar ao caminho para a unidade com outras Igrejas cristãs. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">João XXIII fazia uma distinção entre a Tradição (com t maiúsculo), memória da fé que vem de Jesus e as tradições (com t minúsculo), costumes que, durante o decorrer dos séculos, foram se juntando como elementos culturais na forma da Igreja ser. Para a renovação, o papa propunha dois critérios: voltar às fontes da fé e, ao mesmo tempo, atualizar o modo de ser e a linguagem da Igreja. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Concílio Vaticano II teve quatro sessões e se encerrou em dezembro de 1965. Ofereceu à Igreja e ao mundo 16 documentos que foram referência para a renovação eclesial e para o diálogo com o mundo. Desde esta época, o mundo viveu não apenas uma época de fortes mudanças, mas uma verdadeira mudança de época. Mais de 80% das invenções atuais que parecem normais nas casas e na vida das pessoas de hoje não existiam no começo dos anos 60. Em todo o mundo as sociedades de cultura agrária se urbanizaram. Mesmo quem vive no campo, convive com carro, assiste televisão e, de alguma forma, está dentro de uma cultura urbana. Nesta sociedade, o conhecimento experimental é fundamental. A sociedade se organiza através de uma permanente transformação. Um programa, hoje, atual, dentro de seis meses estará desatualizado. Em todas as ciências a mudança é contínua e progressiva. Dentro de um contexto cultural assim, mesmo uma sociedade religiosa não pode se mostrar simplesmente avessa a mudanças. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No Evangelho, ao falar sobre a religião, Jesus diz: “Não adianta colocar remendo novo em roupa velha. O remendo repuxa o pano e rasgão fica maior ainda. Ninguém coloca vinho novo em barris velhos porque o vinho novo arrebenta os barris velhos e tanto o vinho como os barris se perdem. Para vinho novo (que é o evangelho), temos de ter barris novos” (Mc 2, 21- 22). No Apocalipse, a única palavra que é escutada diretamente de Deus é: “Eu sou aquele que faço novas todas as coisas” (Ap 21, 5). Esta palavra de Deus ressoa hoje para cristãos e não cristãos como um novo apelo para nos abrirmos à permanente mudança inspirada pelo Espírito de Deus nas Igrejas e no mundo. </div><br />
<strong>Marcelo Barros</strong>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-87680819336714787732011-09-23T10:10:00.000-07:002011-09-23T10:10:57.095-07:00TdL em Mutirão 30<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-bJfPq_tXypI/Tny9eJyKhZI/AAAAAAAAALM/MZveNbpu5Ws/s1600/caminho.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" hca="true" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-bJfPq_tXypI/Tny9eJyKhZI/AAAAAAAAALM/MZveNbpu5Ws/s320/caminho.jpg" width="239" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>DESAFIOS ATUAIS PARA A ESPIRITUALIDADE DA LIBERTAÇÃO</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Introdução: </strong></div><div style="text-align: justify;"><strong>Dois motivos me levam a refletir sobre este tema.</strong></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando no começo da década de 90 alguns mais perspicazes mencionaram pela primeira vez a necessidade de uma “mudança de paradigma”- uma expressão que escutamos então pela primeira vez e que “vinha para ficar” -, pareceu que alguns dos que levantavam esta bandeira, o faziam para justificar seu abandono do compromisso com os pobres, a quem, naquela hora muitos, militantes “socialistas” e “revolucionários” até então, começavam a deixar sozinhos, sem protagonismo nem futuro. Entendendo que se tratava de dissimular um abandono – e creio que, na verdade, em muitos casos assim era – houve outros que recusamos aquela pretendida mudança de paradigma para nos manter fiéis aos compromissos fundamentais de nossa espiritualidade da libertação (E.L), cuja opção evangélica pelos pobres não nos permitia abandonar um paradigma como quem muda simplesmente de camisa para se acomodar a uma nova situação.</div><div style="text-align: justify;">Já se passou tempo suficiente desde então para que já se tenha como fato indiscutível e evidente a mudança profunda que se produziu, por uma parte, e para que, por outra, possamos avaliar isso que mudou e colocar nome concreto para os novos desafios com os quais a E.L. vai medir-se agora.</div><div style="text-align: justify;">Um segundo motivo. Nestes tempos de crise e -por que não dizer- de abandonos e retratações, não poucos militantes se afastaram da teologia da libertação (TL) e da EL. Com freqüência pensamos que se tratava de verdadeiros pecados de infidelidade ao evangelho e à Causa dos pobres e em certos casos o foi realmente. Mas também é verdade -isso aparece agora com mais clareza– que, de algum modo, a situação ambiente se configurou como “exatamente contra” ao que a EL tem de mais próprio e substancial. Diríamos que o momento cultural atual é estruturalmente contraditório com a própria EL. Em muitos aspectos, professar hoje a EL é ir diretamente na contra corrente da plausibilidade social vigente. Muitos dos que a abandonaram simplesmente “não puderam fazer outra coisa”, honradamente não viram outra saída. (excetuando-se enunciados mais heróicos não se crê no que se quer, mas no que se pode...).</div><div style="text-align: justify;">Pois bem, numa situação tão radical, não basta querer superar o problema com simples boa vontade, mas é conveniente medir bem a magnitude do problema e detectar a identidade exata de cada um de seus componentes, para estar capacitado a dar uma resposta “digerida” conscientemente, em vez de se empenhar em uma fidelidade cega e obstinada que não saiba “dar razão de sua esperança”. Ter bem assinaladas as características do problema já é parte da solução. </div><div style="text-align: justify;">É isso que me proponho neste estudo: colocar nome concreto para os problemas, elencá-los e trazê-los à luz. Não pretendo resolvê-los nem dar-lhes resposta –se isso fosse possível– neste momento. Interessa-nos somente analisar de um modo particularizado como e em quais campos este contexto atual desafia (dificulta, julga, inviabiliza) a Espiritualidade da Libertação.</div><div style="text-align: justify;">Faz-se difícil encontrar uma classificação “clara e distinta” dos fatores da crise, pois todos eles têm aspectos múltiplos mutuamente interligados e pertencem simultaneamente a níveis diversos. Por isso vamos abordá-los simplesmente de um modo sucessivo, sem marcar demais suas delimitações, prioridades ou mútuas relações.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>1. Dificuldades provenientes da cultura ideológico- política atual.</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong></strong><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um primeiro bloco de dificuldades para com a EL é o fato de que, como disse José Maria Mardones, com frase lapidária, “a caída do Muro de Berlim indica o fim de uma política entendida como promessa de libertação; o fim da visão teológica da política; nós nos encontramos diante do fim do messianismo político e religioso”. (Neoliberalismo y religión, Verbo Divino, Estella, 1998, p. 45).</div><div style="text-align: justify;">Ainda que o que “fracassou” com o Muro de Berlim não tenha sido nada mais que o experimento bolchevique, um a mais na grande história de tentativas para construir uma sociedade mais fraterna, o caso é que a atmosfera utópica e messiânica, em que todas aquelas tentativas militantes e esperançadas se desenvolveram, desapareceu em muitos setores e na sociedade como conjunto cultural. Já não é possível, para muitos, pensar o mundo em coordenadas de transformação histórica e libertação. A consciência de fracasso das tentativas revolucionárias realizadas nos últimos tempos calaram profundamente no subconsciente coletivo da sociedade. Perdeu-se a “inocência idealista”, e a sociedade ficou vacinada contra toda proposição utópico- messiânico; o cidadão moderno atual neoliberal se “ruboriza” diante da presença de um utopia messiânico- escatológica, ou sorri benevolamente. Fez-se céptico, pragmático, incrédulo diante das utopias, voltado ao aqui e agora, sem qualquer concessão para devaneios messiânicos.</div><div style="text-align: justify;">O “pensamento único” dominante inculca a inviabilidade de toda mudança, a impossibilidade de encontrar uma alternativa, o convencimento de estar “no melhor dos mundos possíveis” no “final da história”, com a conseguinte desesperança por parte dos outrora militantes da transformação social e da libertação dos pobres.</div><div style="text-align: justify;">Um dos eixos centrais da EL –como a estrutura central sobre a qual se constrói– é precisamente a leitura que faz da realidade em termos de história, de utopia e de praxe para realizá-la. A EL é um espírito que chama a pessoa para se auto realizar como sujeito, mediante o compromisso na praxe de transformação histórica de libertação, que quer se inspirar no projeto mesmo de Deus, manifestado na Causa de Jesus, assumida e feita Causa nossa. Isso, evidentemente, choca frontalmente com as dificuldades ideológico-políticas que esta sociedade atual tem com relação ao pensamento e à praxe utópica. É o próprio esquema mental da EL que é contrário à crise da cultura atual.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>2. O pós modernismo.</strong></div><div style="text-align: justify;">Simultaneamente e, vindo sem dúvida de mais longe, ainda que reforçado também por esses fracassos históricos, tanto das tentativas socialistas e revolucionárias como dos mesmos processos revolucionários, difundiu-se amplamente um novo fator, o pós modernismo, com forte componente de reação decepcionada com o pensamento modernizante, com o qual também se considera que fracassou, não somente porque não trouxe o que suas promessas tanto tempo anunciaram, como também porque trouxe a frustração decepcionante, a desigualdade crescente, a depredação da natureza e uma forma de civilização estressante e violenta.</div><div style="text-align: justify;">O pós modernismo está “de volta” das grandes visões de conjunto, dos grandes projetos históricos, das utopias e das grandes metas. Não crê neles. Recusa os “grandes relatos”. Refugia-se no fragmento: viver o momento presente (carpe diem), renunciando a grandes ideais e projetos históricos, resignando-se a um “pensamento débil” posto que não crê que seja possível outra coisa. A pós modernidade questiona e ridiculariza a militância, acreditando que ela é não só inviável e sem objetivo no atual contexto histórico, mas também ridícula e digna de melhor causa. Melhor causa que pode ser, para o pensamento pós moderno, a crescente valorização do prazer, do corpo, do hedonismo, do gozo estético... </div><div style="text-align: justify;">Também esse pós modernismo está exatamente nas antípodas da EL. Essa tem em si mesma toda a característica de ser uma espírito irmão do pensamento moderno; e não é que ela seja assim por ocidentalismo e por modernismo, mas por herança bíblica, por imitação do Jesus histórico. É, em todo caso, isso sim, um pensamento forte, seguro de si mesmo, com um grande relato (o projeto de Deus, a Causa de Jesus, o Reino!). Por isso, não se pode suportar facilmente o pensamento light do entorno pós moderno. Diríamos que em princípio não se pode ser ao mesmo tempo pós moderno e espiritual da libertação. Como, então, viver e pregar hoje a EL?</div><div style="text-align: justify;">A pergunta não é somente com relação a EL, mas ao cristianismo todo porque é o cristianismo inteiro que é um grande relato, “um pensamento forte e uma estrutura lógica de alguma maneira “moderna” (também aqui: não por influência moderna, mas por herança bíblica; talvez o modernismo seja devedor do cristianismo – através do qual teria bebido do pensamento histórico bíblico – e não o contrário).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>3. “Destradicionalização”, relativismo e cepticismo.</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong></strong><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desde um campo menos filosófico e mais sociológico e cultural, um novo fenômeno que analistas e sociólogos, como Giddens, chamam de “destradicionalização” vem aprofundar o mesmo estado de coisas que o pós modernismo produz, acrescentando-se novos e mais abrangentes elementos de relativismo e cepticismo cultural.</div><div style="text-align: justify;">O mundo se mundializou e hoje já todos existimos uns junto com todos os outros pelo bombardeio permanente dos meios de comunicação social, ainda antes que viajemos e caminhemos fisicamente ao encontro dos outros. Hoje, e já desde crianças, observamos, e as culturas, religiões, tradições, folclore, rituais de todos os povos da Terra estão muito perto de nós. E, ao observar todas essas tradições, torna-se inevitável a comparação com as nossas próprias. A partir desse momento, vamos compreendendo cada uma delas como “umas a mais” entre as muitas que existem na Humanidade, e assim vamos deixando de considerá-las como reflexos da objetividade do real para passar a considerá-las, por nós mesmos, como simples tradições, como construções humanas, queridas e muito nossas, mas despojadas agora desta auréola de justificação que dá o fato de considerá-las em referência a uma ordem objetiva universal indiscutível.</div><div style="text-align: justify;">Nesta vizinhança universal exigida, a que nos submete a mundialização diante dos povos, culturas e religiões do planeta, o “sentido da vida” deixa de ser para nós (para cada povo, para cada sociedade) “o sentido”, passando a ser “um sentido”, um sentido mais entre outros, o sentido concreto em que nós nascemos, o sentido que nos foi dado (ou que construímos). Já não podemos desconhecer que há outros sentidos, e um incontido instinto de realismo nos diz que nenhum deles pode pretender ser “o” sentido, “o único” sentido.</div><div style="text-align: justify;">O problema é que, quando o sentido da vida humana é assim descoberto como construção humana, deixa de ser sentido, deixa de ter sentido. As gerações jovens se incorporam à sociedade de um modo essencialmente diferente do modo em que nos iniciamos as 800 gerações anteriores; eles já não nascem nem entram em uma cosmovisão tida como objetiva, certa e indiscutível, mas em um mundo que sabem ser desprovido de toda pretensão de absoluto, de objetividade e de universalidade, carregado de relativismo e também de humildade. Humildade que em muitos casos não é fácil deslindar de um cepticismo latente ou declarado com respeito à existência de uma ordem objetiva, segura e indiscutível.</div><div style="text-align: justify;">Assim, o resultado final converge com os enfoques deletérios do pós-modernismo: já não há grandes valores seguros, nem “grandes relatos” que possam se apresentar para nós, nem causas pelas quais valha a pena viver (e morrer! Camus dizia que as grandes causas pelas quais vale a pena viver são precisamente aquelas pelas quais vale a pena também morrer). Para uma sociedade “destradicionalizada”, já não existem verdadeiramente essas causas, pois elas não são mais que “construções humanas de sentido”, às quais não se quer renunciar para não perder o gozo que proporcionam e para não ficar despidos ante a falta de sentido da vida, - mas às quais tampouco se pode prestar uma adesão vital, cordial, apaixonada, já que tudo nessa “destradicionalização” aparece como sem profundidade, desprovido de consistência objetiva e reduzido à “ilusão de sentido” na qual consiste a vida humana. O relativismo e o cepticismo espreitam de perto.</div><div style="text-align: justify;">Essa é, sem dúvida, uma cosmovisão nova, que, para nós que nascemos e nos configuramos como adultos em uma sociedade de tradições fortes, é difícil captar, mas é uma cosmovisão emergente nas novas gerações, que está formando um homem e uma mulher realmente novos, bem diferentes dos “tradicionais”. </div><div style="text-align: justify;">A EL é um pensamento forte, um espírito convencido e entusiasmado, uma paixão consciente do que vive e enamorada de Causas pelas quais vive e está disposta a morrer, apoiada na grande tradição de Jesus à qual se remete, reivindicando precisamente sua fidelidade e sua imediata proximidade. As gerações jovens -e todos os que de alguma maneira entraram nesta “destradicionalização”– não vão poder assimilar a EL se não ajudamos a fazer uma acomodação de categorias e uma releitura da EL em diálogo com esta nova cultura geracional emergente. </div><div style="text-align: justify;">Separadamente, –como logo veremos- resta-nos refletir hermeneuticamente na possibilidade de ser crente “destradicionalizado”, como em outros momentos estudamos a possibilidade de ser “crente a- religioso”, categorias todas elas aparentemente contraditórias, mas carregadas de possibilidades em sua aparente impossibilidade.</div><div style="text-align: justify;">Tudo isso não é algo que ocorre particularmente com a EL, mas com toda espiritualidade e crença religiosa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>4. Hegemonia neo-liberal conservadora</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É desnecessário insistir no evidente: a direita, o capital, os poderosos levam a hegemonia neste mundo atual. Costuma-se dizer de muitas maneiras: o neoliberalismo triunfou, estamos em uma revolução da direita, tivemos nestes anos uma avalancha do capital contra o trabalho: A “globalização” financeira mundial, o domínio e o controle que o capital conseguiu articular a nível planetário, até se mover sem qualquer restrição ou imposição tributária e até chegar a ter mais poder que qualquer entidade política ou de outro gênero, seria a expressão simbólica e ao mesmo tempo efetiva desta hegemonia das classes poderosas e endinheiradas.</div><div style="text-align: justify;">Não é que somente as idéias socialistas – ou ao menos socializantes – estejam em declínio ou tenham menos adeptos, mas, na opinião pública dominante – a controlada pela classe dominante, a que se expressa pelos grandes meios de comunicação massiva- estão desprestigiadas e com freqüência satanizadas. Em muitas ocasiões, os mesmos setores populares pobres reproduzem esse “pensamento único”, dominante, hegemônico, de um modo a-crítico e ingênuo, freirianamente introjetado como por osmose pelo ambiente. Não é preciso ser marxista para recordar aquelas palavras do Manifesto: “As idéias dominantes de cada época foram sempre as idéias dominantes da classe governante”. Não é diferente do que está acontecendo agora.</div><div style="text-align: justify;">Não cabe dúvida de que uma “hegemonia” dos poderosos e ricos, na cultura e na opinião pública da sociedade, é um ambiente negativo, de dificuldade acrescentada à dificuldade que a EL carrega em si mesma. Os pobres e seus interesses, com os quais a EL se identifica, são interesses secundários, inclusive antagônicos numa sociedade sob o influxo de tal hegemonia. Os pobres estão excluídos de todo o protagonismo. Corresponde a eles somente deixar-se levar por aqueles que estão capacitados para conduzir a sociedade. Os pobres só podem ser objeto (de misericórdia, de beneficência), mas não sujeitos de sua própria história. Os que cometem a loucura de apostar (optar) pelos pobres optam também por ficar fora do protagonismo da história, que corresponde aos que detêm a hegemonia ou pactuam com ela.</div><div style="text-align: justify;">É mais difícil assimilar e viver a EL nestes tempos da atual hegemonia neoliberal, conservadora e de direitas, do que na sociedade latinoamericana de trinta anos atrás. Apesar das ditaduras militares e da repressão, toda ela era um clamor pela justiça, pelas reivindicações sociais, pelas transformações revolucionárias... Esse clamor pela justiça era detentor da “hegemonia” dos pobres na sociedade de então. Abraçar a EL naquela hora não era uma decisão contrária à marcha da sociedade, mas algo que gozava da plausibilidade social mais alta e da aceitação coletiva mais profunda. Hoje sucede o contrário, e a EL não pode ignorar isso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>5. Depressão psicossocial</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As sociedades têm também sua psicologia. Por mais que nos pareça que somos autônomos e independentes em nossa vida, somos também membros da sociedade e participamos inevitavelmente de seus estados de espírito, altos ou baixos, sãos ou enfermos, que nos afetam, de um modo ou de outro, com maior ou menor intensidade.</div><div style="text-align: justify;">Em outro lugar, sustentei que, concretamente na América Latina dos anos 90, e olhando para ela do lado dos interesses dos pobres, podemos descobrir que entramos há algum tempo numa “noite escura” que, psicologicamente, pode ser explicada, dentro das hipóteses da psicologia condutivista, como depressão. Nossa sociedade latinoamericana, como resultado da crise da passagem dos 80 aos 90 – que culminou numa trabalhada história de várias décadas de luta e conflito, de heroísmo e martírio, de esperanças e fracassos -, entrou em uma etapa de depressão psicológica em muitos setores populares que até então haviam levado o peso da militância e da esperança. Todos os sintomas coletivos evocam a mesma síndrome de depressão individual, com um claro paralelismo. É algo que tratei de mostrar em meu livro “Aunque es de noche”.</div><div style="text-align: justify;">A EL tem que ser consciente de que ela é contrária a uma depressão psicológica. A EL é paixão, força, criatividade, energia, enamoramento, vida e luta pela causa, tenacidade (“teimosia”)... e há de saber, portanto, que em uma situação de depressão coletiva psicossocial, o sujeito social mesmo –e em cada caso também talvez o sujeito individual– está impossibilitado de viver essa espiritualidade com esse espírito.</div><div style="text-align: justify;">Será que a EL não é possível em nossa sociedade? Não diria tanto. E a prova dessa possibilidade é que ela existe, nós a apalpamos, há muitos setores que a proclamam e por ela se sentem inspirados e transformados. Direi, no entanto, que numa sociedade na qual essa síndrome depressiva aparece, a EL será duplamente difícil; e deverá contar sempre com essa dificuldade a mais. Talvez deva, inclusive, encontrar formas “light”, ou seja alimento de criança para aqueles que não agüentam o alimento adulto, mas que estão dispostos a responder, a seu modo, ao chamado da esperança, “mesmo que seja noite”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>6. A animosidade da instituição eclesiástica.</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A estas alturas da história, e após as últimas décadas, talvez já não cause espanto – como se isso pudesse ter acontecido em outros tempos - a afirmação de que uma das patologias próprias da Igreja católica é o tema do poder e de sua relação com o carisma, com a profecia, com o compromisso criativo com a libertação dos pobres. Os interesses da instituição não somente são muito poderosos por serem próprios de uma entidade internacional de tal envergadura, mas pela própria estruturação da desigual distribuição jurídica (canônica) do poder dentro da comunidade cristã. A história da igreja católica é uma trabalhada história de repressão contra todos os brotos proféticos que surgem em seu seio. Existe um rosto oculto do cristianismo na história dos movimentos proféticos de compromisso com os pobres, de diálogo com a vanguarda profética da sociedade, sufocados e reprimidos pela autoridade eclesiástica, como o deus grego que devora seus próprios filhos, aqueles que mais poderiam devolver-lhe a vitalidade e a criatividade perdida.</div><div style="text-align: justify;">A TL e a EL se inscrevem nessa corrente profética que atravessa toda a história. Foram o broto profético que na segunda metade do século XX levou mais à frente a renovação do cristianismo, o diálogo com a modernidade (da primeira e da segunda ilustração), a volta a suas origens proféticas mais primitivas de compromisso com a justiça e com os pobres. Enquadrada no movimento de reconciliação da Igreja católica com o mundo contemporâneo, depois da primavera iniciada com o Concílio Vaticano II, imediatamente a esperança foi abortada com o movimento de involução que implementou o cardeal Wojtila, dirigente do grupo de oposição (coetus minor) derrotado no Concílio, quando foi nomeado Papa, ajudado pelo teólogo José Ratzinger, que por sua vez modificou profundamente a primeira orientação de sua teologia. A TL e a EL foram atacadas frontalmente – com um afã e persistência digna de melhor causa – mediante a perseguição de agentes de pastoral, o pretendido esquecimento dos mártires, a censura e o silenciamento dos teólogos, a destituição autoritária de autoridades (CLAR, congregações religiosas...), a imposição ao povo de Deus de bispos numa linha conservadora radical em sistemática desestima da própria voz desse mesmo Povo de Deus, a desvalorização progressiva das conferências episcopais até o sufocamento da grande tradição da Igreja latinoamericana, construída em Medellin e Puebla e bloqueada na imposição metodológica de Santo Domingo e no centralismo emudecedor do Sínodo para a América em Roma...</div><div style="text-align: justify;">Falou-se da Igreja como sociedade “disfuncional”, enferma, carregada de medo e carente de coragem para dar respostas novas e criativas que concretamente nestas décadas já não resolve os problemas, mas simplesmente os prorroga, repetindo respostas que provavelmente não os resolvem.</div><div style="text-align: justify;">Neste contexto tão conhecido, e tão poucas vezes tematizado serenamente –como efeito mesmo do que descrevemos- a TL e a EL hão de saber, sabem que, ainda dentro da Igreja, estão em terra estranha, exiladas, clandestinas e perseguidas. Vencidas, mas não convencidas... Este é um desafio real, muito concreto, muito doloroso, quase nunca tematizado. E a pergunta é: como fazer teologia e como viver a EL no seio de uma Igreja que a persegue e que se mostra radicalmente incapacitada para dialogar? Talvez, precisamente por amor à Igreja, a TL e a EL não tenham elaborado praticamente o tema da contenda, a análise desta situação disfuncional e anômala que atravessamos. Mas, sem dúvida, é uma de suas tarefas pendentes e inclusive urgentes, tanto por motivos evangelizadores e missionários, como em atenção a tantos cristãos e cristãs que vivem sinceramente o cristianismo a partir desta ótica libertadora tão genuinamente evangélica e se acham gravemente desconcertados e decepcionados.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>7. As suspeitas confirmadas.</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A crise do marxismo fez com que alguns esquecessem muito precipitadamente desenvolvimentos elementares da sociologia da religião que já possuíamos pacificamente.</div><div style="text-align: justify;">Não é preciso reviver qualquer extremismo ideológico para se fazer consciente do que já pertence ao acervo popular: a religião sempre tem, ineludivelmente, uma dimensão social e política. Desempenha um papel na sociedade, não pode deixar de desempenhá-lo e tampouco pode subtrair-se ao influxo social, nem pode deixar de ser requisitada pela sociedade para cumprir um papel que atenda os interesses dos que o reclamam.</div><div style="text-align: justify;">O quadro atual que os diversos fenômenos da religiosidade compõem se presta facilmente a uma interpretação das diversas funções sociais cumpridas pelos movimentos religiosos maioritários. Um comentarista tão alheio aos interesses eclesiásticos e aos dos pobres e aos da TL, como Huntigton, professor de Harward, apresentado como expert em transformações mundiais, sustenta a tese de que a religião conservadora e fundamentalista é, paradoxicamente, a que melhor se adapta ao mundo moderno da globalização.</div><div style="text-align: justify;">A modernidade, diz, está chegando já à prática totalidade do planeta, não quanto do desenvolvimento humano, lamentavelmente, mas nas estruturas de dominação que se fazem presentes em toda parte. Não poucas religiões tentaram um diálogo com a modernidade a nível profundo, com meritórias tentativas de aggionamento e reformulação. Mas – diz Huntigton – os resultados não foram favoráveis, e sim perturbadores e desestabilizadores para as grandes religiões como instituições mundiais. Ao contrário, a religiosidade fundamentalista é a que está se revelando como mais conjugável com a modernidade mundializada. Esta religiosidade aceita a modernidade em seus sucessos científico-técnicos e em sua eficácia produtiva, assim como no jogo democrático representativo, já que compatibiliza e combina essa aceitação com uma interpretação fundamentalista clássica, que se nega a toda hermenêutica atualizadora e reafirma o mais tradicional, oferecendo orientação, tranqüilidade, segurança dogmática. Isto é, aceita os sucessos da modernidade, mantendo as vantagens da tradição.</div><div style="text-align: justify;">Definitivamente, o fundamentalismo é a religião do presente neoliberal porque é a que melhor resolve as necessidades dos indivíduos submetidos aos traumas da modernidade, já que deixa passagem inteiramente livre para a economia neoliberal de livre mercado, interesse supremo do capital e dos grandes deste mundo. Assim, Huntigton, a quem se pode acusar de qualquer coisa, menos de propensão ao marxismo, interpreta para nós o papel da religiosidade no atual quadro da modernidade neoliberal com base em sua funcionalidade para com o sistema.</div><div style="text-align: justify;">É evidente que a TL e a EL são disfuncionais ao sistema. Não somente porque supõem um diálogo em profundidade com a modernidade, que reinterpreta a religião mesma e produz, não poucas vezes, insegurança e desestabilização, mas também porque representam e fazem seus os interesses dos pobres em seu tríplice caráter de sujeito coletivo, conflitivo e alternativo. Tudo isso, realmente, não é nada novo; mas em um tempo em que a hegemonia silencia esses aspectos, é bom recordá-los e retomá-los.</div><div style="text-align: justify;">A TL e a EL são uma peça de discórdia e conflito na engrenagem do sistema socioeconômico e, também aqui, poderão sair na frente, somente na contramão, “desde o reverso da história”, “com os pobres da terra” e com o “pequeno resto de Israel”, que possa se manter a salvo dos movimentos de massa bem controlados pelo sistema. A EL há de saber que tem diante de si, em contra, todo o sistema da globalização e que só será tolerada enquanto esteja calada. Quando a influência de sua denúncia exceder os limites toleráveis pelo sistema, voltarão a perseguição e o sangue até o martírio. Há de saber também que essa hegemonia neoliberal atravessa a Igreja e que também nela coloca todos os ventos contra os que defendem o Reino de Deus entendido como boa nova para os pobres. É tempo de exílio- na Igreja e no mundo- além de ser permanentemente tempo de êxodo. Hoje, mais que nunca, temos que ser conscientes de que o Senhor não nos chama ao triunfo histórico, mas escatológico...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>8. O desafio do pluralismo</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong></strong><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sempre houve na humanidade pluralidade de religiões. O que não houve é o pluralismo, aquele que começa quando as religiões travam contato (em vez de se ignorarem) e estabelecem alguma forma de reconhecimento mútuo e, eventualmente, de colaboração. É uma realidade inevitável num mundo crescentemente unificado como atual. O diálogo, a mútua influência entre as religiões começou já de fato e está em curso na arena da vida religiosa da humanidade, ainda antes dos diálogos oficiais das cúpulas de diferentes religiões.</div><div style="text-align: justify;">Por sua parte, o tema teológico do pluralismo religioso é reconhecidamente novo, pois “surgiu no tempo de vida da presente geração” (Hick); no entanto, alcançou um desenvolvimento notável sobretudo no mundo anglo saxão. Atualmente está invadindo- é uma verdadeira irrupção- o campo latino e está fazendo sentir seu desafio em todos os tratados teológicos (sobretudo na cristologia e na eclesiologia), assim como na liturgia, na linguagem, nas categorias... que foram criadas em um modelo exclusivista e ignorante da existência de outras religiões, e que exigem agora que sejam reformulados e adaptados às novas coordenadas.</div><div style="text-align: justify;">Há grandes temas mais concretos, ainda que transversais, que experimentaram já uma revisão mais profunda: a própria concepção de revelação, a missão evangelizadora e missionária, a “eleição” do “povo de Deus”...</div><div style="text-align: justify;">Também a TL e EL hão de enfrentar este desafio. Não podemos pedir que tenham antecipado tudo isto. Vão resistir muito dignamente ao desafio, mas em todo caso, certamente, devem enfrentá-lo, desenvolvendo ulteriores proposições. Concretamente o macroecumenismo da EL, se bem que em boa parte se tenha antecipado aos questionamentos atuais, pode sem dúvida dar um passo adiante em diálogo com tudo que se elaborou nestes últimos anos em torno deste tema do diálogo religioso.</div><div style="text-align: justify;">Podemos dizer sem dúvida que o diálogo e o pluralismo religiosos são “um novo paradigma”, um novo esquema de pensamento, um salto qualitativo com o qual todo o universo do pensamento cristão está desafiado a concordar. Até onde nos levará...? É difícil prever, mas aqui temos já, para este início de terceiro milênio, uma tarefa coletiva nova, inexplorada, que, sem dúvida, vai ser apaixonante. </div><div style="text-align: justify;">Quero destacar a chamada de atenção que há algum tempo Paul Knitter - um dos mais destacados teóricos dos questionamentos pluralistas - fez sobre a necessidade de que os teólogos do pluralismo religioso dialoguem com os teólogos da libertação. O “novo paradigma” do pluralismo religioso não vai significar uma abandono da TL e da EL. Ao contrário, vai pedir que o cristianismo traga ao diálogo inter-religioso o mais nuclear de si mesmo, o que constitui a própria essência do cristianismo, e, nesse campo, ninguém como a TL e a EL tem conseguido se remeter ao mais primitivo da herança bíblica e judeu-cristã. A TL e a EL não vão ser substituídas pela teologia do diálogo religioso, mas vão ser nele continuadas e continuadamente convocadas a se incorporar ao diálogo. O caminho prossegue.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>9. A crise epocal.</strong></div><div style="text-align: justify;">Podemos assim chamar a uma crise mais ampla, mais de fundo, mais profunda e mais embaixo de tudo que acabamos de dizer, como uma crise que afeta os cimentos de todo o edifício. Martin Buber a chama de “eclipse de Deus”, lembrando-nos a expressão “Deus está morto” de Nietzsche. Juan Bautista Metz a chamou de “crise de Deus”, considerando-a o “fato nuclear” que está repercutindo na configuração da pessoa humana moderna. Os traços desta crise de religiosidade atual foram prodigamente descritos pelos comentaristas e sociólogos e não vamos repeti-los aqui.</div><div style="text-align: justify;">Na prática, na Europa e na América do Norte, a gravidade da situação adquire níveis dramáticos. Claude Imbert, diretor de “Le Point” fala do “desmoronamento do universo cristão”. E. Poulat fala de uma “era pós-cristã”, de uma lenta “evaporação do sistema cristão” ou de uma “crise espetacular” que as Igrejas – sobretudo a católica – estão atravessando hoje em dia, e da distância considerável que existe entre a Igreja solenemente convocada por João Paulo II para o jubileu e aquela que cada dia os sociólogos da religião quantificam e analisam. Os números, com efeito, confirmam esta interpretação: nos Países Baixos, por exemplo, no Centro da Europa, a percentagem dos cidadãos que têm ensino superior e declaram não formar parte de nenhuma Igreja passou de 44% em 1970 para 66% atualmente. Se dermos crédito a um estudo recente, 75% dos holandeses estarão fora de qualquer Igreja em 2010. A prática dominical continua em baixa contínua em todos os países europeus, e o catolicismo alemão perde concretamente cada ano cerca de duzentos mil fiéis. Na católica Espanha, José Maria Mardones afirma que “em dez anos, os efetivos eclesiais estarão dizimados, algumas instituições religiosas e dioceses praticamente desaparecerão”, e acrescenta: “o pior é que já não há possibilidades de reagir criativamente, cabem apenas medidas reativas e de defesa: fazer uma retirada ordenada e inteligente, com o menor custo possível.</div><div style="text-align: justify;">Não pensemos muito precipitadamente em nosso Continente na hora de resolver a crise primeiromundista, porque a Igreja católica do Brasil perde anualmente mais de 500 mil fiéis, que emigram para as Igreja evangélicas e para novos movimentos religiosos (Lupeau – Michel). No mesmo Brasil, 70% das celebrações dominicais se realizam sem a presença de ministro ordenado.</div><div style="text-align: justify;">É lógico que, numa situação assim, a Igreja católica registre as reações típicas das instituições em perigo ou em crise de esperança, como aquelas às quais aludimos no item 6. É um círculo vicioso que esperamos que seja logo quebrado.</div><div style="text-align: justify;">É lógico que, a EL, ao ser uma espiritualidade voltada para o mundo, reinocêntrica, não esteja espontaneamente inclinada a se ocupar do intraeclesiástico. A isso acrescenta-se um sentimento como de pudor e de pena; preferiríamos que tudo isso não fosse realidade e, por ser desagradável, tende-se a pensar que é melhor construir positivamente o Reino fora do que discutir a problemática interna dentro...</div><div style="text-align: justify;">Mas toda essa situação de mal estar e de desconforto é algo cujo enfrentamento a TL e a EL não podem continuar adiando. Os muitos cristãos e cristãs desorientados e decepcionados merecem uma palavra. A gravidade da situação também merece uma abordagem urgente, humilde, mas nada tímida. A libertação integral que a TL e a EL proclamam inclui a libertação da desesperança e da crise de futuro que esta situação está gerando.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>10. Um novo tempo axial?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dispostos a ir até o fundo na análise da crise em curso, devemos tomar consciência das múltiplas vozes que repetem uma e outra vez que estamos em uma “mudança de época”, muito mais profunda do que se poderia imaginar. Cada vez é mais freqüente a lembrança da mutação civilizacional que Jaspers denominou de “mudança do tempo eixo”, que abarcou aproximadamente uns 500 anos, entre 800 e 200 A.C., e que introduziu na consciência humana uma ruptura radical, a partir da qual se operou uma profunda inflexão no curso da história e da civilização tal como as conhecemos hoje em dia (Carlos Palacio).</div><div style="text-align: justify;">A secularização, entendida como esse processo que começou na idade moderna, não é a causa última da crise que experimentamos. Para Pánikar, a secularidade atual indicaria que “o passado período de 6.000 anos está sendo substituído progressivamente por outras formas de consciência. No meu entender, a consciência histórica, ou o mito da história, começou a ser substituído Kairologicamente (não cronologicamente) pela consciência transhistórica. Talvez estejamos enfrentando outro “período axial”.</div><div style="text-align: justify;">Tudo parece abonar a hipótese de que nossa época está vivendo uma mudança religiosa que não se esgota na reelaboração da tradição, como ocorreu permanentemente ao longo da história religiosa da humanidade, mas que autorizaria a afirmação de que se trata de uma mudança no próprio horizonte em que se inscrevem as tradições e no sentido que lhes é atribuído. Isto é, forçaria a reconhecer uma verdadeira “metamorfose do sagrado” (J. Martin Velasco).</div><div style="text-align: justify;">Acontece uma crise das crenças, uma progressiva emancipação dos crentes com respeito à ortodoxia vigente nas Igrejas, abandonam-se as práticas religiosas, distanciam-se os fiéis da moral oficial, dilui-se o sentimento de ser propriedade da instituição, produz-se uma regulagem individual do sistema religioso (uma “religião de escolha”)... A crise da religião nos países ocidentais de tradição cristã é um fato unanimemente reconhecido. E, afortunadamente, cada vez se é mais consciente da envergadura e da profundidade epocal que a crise tem...</div><div style="text-align: justify;">A crise é, então, maior e mais profunda do que se poderia imaginar à primeira vista. Não é nossa, não é da TL e da EL. Transborda inteiramente, é impossível abarcá-la. Nós a sofremos, estamos no meio dela, como ocorre com todos os outros. Convém sermos conscientes disso para não desanimar nem culpabilizar-nos indevidamente. A própria crise precisa de ser sistematizada como um novo Kairós moderno, uma oportunidade de reformular, de reinterpretar, de recriar inclusive toda a religiosidade em diálogo com a situação do homem e da mulher modernos. A TL e a EL, em vez de maldizer a escuridão da crise, hão de colaborar para acender uma luz.</div><div style="text-align: justify;">Perguntamo-nos: será que a TL e a EL, com o que significaram no momento de sua irrupção na terceira parte do século XX, eram precisamente uma tentativa positiva e original de recriação (“refundação” é o nome usado agora) do cristianismo, que respondia a essa necessidade epocal de repensar tudo de cima até embaixo? Acreditamos que sim, acreditamos que, apesar de perseguidas e difamadas, a EL e a TL serão os pontos mais avançados do cristianismo, que ajudarão a atravessar a crise com credibilidade e com criatividade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Questões para ajudar a Leitura individual ou o Debate na Comunidade religiosa o na Comunidade cristã. </strong></div><div style="text-align: justify;"><strong></strong><br />
</div><div style="text-align: justify;">1. A Vida Religiosa latino-americana e as CEBs têm sido os sujeitos coletivos a quem a Espiritualidade da Libertação mais deve. Por sua própria natureza de experiência forte de Deus, de seguimento de Jesus em radicalidade, de liberdade diante da estrutura hierárquica do poder, procurou libertar-se para se deixar impulsionar pela profecia e pela solidariedade com os oprimidos.</div><div style="text-align: justify;">Como esta hoje a vida religiosa a respeito da EL? Continua sendo um sujeito coletivo que a apóia? Sai a vida religiosa em defesa da opção pelos pobres, na defesa das perspectivas liberadoras? Onde está hoje maioritariamente a vida religiosa em seu compromisso com os pobres e excluidos: alentando a libertação ou a resignação, com o asistencialismo da promoção humana ou com os projetos liberadores, consolando ou conscientizando…?</div><div style="text-align: justify;">2. (A respeito especialmente do ponto 6, a situação eclesial). Qual é realmente a situação da Igreja como comunidade humana e cristã hoje em dia, com relação à liberdade, com relação aos direitos humanos dentro dela, a participação comunitária em sua gestão, a situação da mulher?</div><div style="text-align: justify;">Como qualificar a posição atual dos religiosos e das comunidades cristãs diante desses problemas: ausência, participação no sofrimento, denúncia profética, ajuda positiva (ainda que inevitavelmente conflitiva) para fazer a Igreja avançar, inibição, voz dos que não têm voz, compromisso militante contra qualquer tipo de opressão dentro da Igreja?</div><div style="text-align: justify;">3. Por baixo da aparente crise de simples cansaço, apatia ou depressão, as águas estão se movendo profunda e vertiginosamente. O tema do diálogo interreligioso e do pluralismo religioso irromperam com toda força no cenário mundial das religiões. Está em curso por outra parte uma crise de fundo de dimensões epocais. Muitas coisas do velho mundo que morre clamam por uma reformulação criativa, uma recriação original que as torne aptas para dialogar com o mundo novo que ainda não acabou de nascer.</div><div style="text-align: justify;">Como estamos como religiosos/as, “especialistas em Deus” no dizer de Paulo VI, e as comunidades cristãs de vanguardia, diante de todos estes desafios da espiritualidade da libertação? Temos lido ou ouvido falar em nossa comunidade da renovada opção pelos pobres em contexto neoliberal? da teologia do pluralismo religioso? Quanto temos estudado ou simplesmente escutado sobre a metamorfose atual do religioso em comparação com a crise do “tempo axial” que Jaspers situa no século VII A.C.? São temas que estão na agenda de nossa formação permanente, pessoal ou comunitária? Que preocupação lhe dedicam nossas congregações como entidades globalmente responsáveis? As congregações que se dizem missionárias estão preocupadas em estudar e enfrentar estes fenômenos que indicam como será o futuro, ou estão simplesmente tapando os buracos de um sistema já decadente, destinado a morrer? </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>José Maria Vigil</strong></div><br />
<strong>Fonte: <a href="http://servicioskoinonia.org/">http://servicioskoinonia.org/</a></strong>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-14942073385420019752011-09-19T08:08:00.000-07:002011-09-19T08:08:58.344-07:00TdL em Mutirão 29<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-c9a-rtbw2zk/Tnda_atqZDI/AAAAAAAAALI/Qd_qpP5eSfM/s1600/gustavo+guti%25C3%25A9rrez.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" rba="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-c9a-rtbw2zk/Tnda_atqZDI/AAAAAAAAALI/Qd_qpP5eSfM/s1600/gustavo+guti%25C3%25A9rrez.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>REPORTAGEM ESPECIAL: A IGREJA DA LIBERTAÇÃO! </strong></div><div style="text-align: justify;"><strong>ENTREVISTA COM GUSTAVO GUTIÉRREZ</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong></strong><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em entrevista exclusiva a <strong>Adital</strong> o Pe. Gustavo Gutiérrez, um dos maiores representantes da Teologia da Libertação, fala sobre a Igreja da Libertação e aborda suas motivações profundas, as perspectivas e a reflexão da sua prática sistematizada pela Teologia da Libertação. Refere-se, também, às responsabilidades do trabalho teológico atual em relação às soluções exigidas pelos problemas mundiais graves, tais como a fome e as guerras autoritárias, ao desafio da diversidade cultural latino-americana e ao protagonismo dos diferentes setores populares, abrangidos pela prática pastoral profética. Por último, partilha suas atuais preocupações teológicas, sua opinião sobre os recentes processos políticos democratizadores na América Latina e sua inserção à família dominicana, de onde, atualmente, seu trabalho teológico. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A entrevista é apresentada no final da série de Reportagens sobre a Igreja da Libertação nos países andinos -Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela y Peru, publicada por ADITAL, de 26 de Março a 23 de Abril-, indicando as perspectivas que a Igreja da Libertação na América Latina oferece.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - Os teólogos da libertação sistematizaram uma vivência que foi nascendo no meio popular da igreja. Você foi o primeiro a reconhecer e a escrever sobre a nova ação do Espírito na América Latina. Você recorda um fato concreto ou o momento em que sua atenção se voltou para as novidades que estavam nascendo dentro da igreja?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Gustavo Gutiérrez</strong> - É difícil falar de um fato singular. Trata-se da confluência de dois processos históricos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por um lado, através de pequenos passos que se foram acelerando com o passar dos anos, assistimos, nas décadas de 1950 e 1960, a uma nova presença dos pobres do continente na cena social e política. Os que haviam estado, de certo modo, "ausentes" de nossa história (fisicamente sempre haviam estado aí, mas estavam invisibilizados), começaram a fazer-se presentes. Chegavam, como dizia Bartolomé de las Casas sobre os índios, no século XVI, "com sua pobreza nas costas".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por outro lado, com esta irrupção histórica do pobre, que não estava - e que não está - a não ser em seus primeiros momentos, converge outro processo que se desenvolve dentro da igreja católica: o Concílio Vaticano II. O Concílio insistiu na intuição de João XXIII: estar atento aos signos dos tempos; abrindo, dessa forma, novas pistas para a vida cristã e para o anúncio do evangelho. Nessa linha, o Papa João falou, pouco antes do início do Concílio, da igreja dos pobres, encarregando-se da nova consciência que se tinha dessa condição desumana a que chamamos pobreza.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esses dois processos, cujo alcance percebemos lentamente, levaram muitos cristãos, dos meios populares e de outros ambientes sociais a comprometer-se com os pobres e contra a pobreza, como uma exigência de sua fé, se aprofunda a pastoral em meios pobres, as comunidades cristãs nesses âmbitos são afiançadas, buscando pensar sua fé desde essa experiência. A Teologia da Libertação busca refletir sobre essa prática à luz da mensagem cristã. Se tivéssemos que buscar um fato, como ponto de partida, seria a prática que mencionamos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - Qual é a motivação profunda dessa vivência teológico-pastoral que continua inspirando a tanta gente, apesar do modelo de igreja e de sociedade vigentes?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Gustavo Gutiérrez</strong> - Tenho a impressão que isto se deve a vários fatores. A um estreito contato com a realidade e com as mudanças inevitáveis que nela acontecem. É uma reflexão sobre a fé que não pretende colocar-se em um ângulo morto da história para vê-la passar, colocando-se em uma neutralidade cômoda diante dos acontecimentos que golpeiam as pessoas. Mas, busca - com todas suas limitações e com o que ainda tem que fazer -, como o Verbo de Deus, segundo o evangelho de João, colocar sua tenda dentro da história, da vida cotidiana.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um segundo elemento: isso significa que é uma teologia fortemente marcada pela leitura da Bíblia, que nos revela um Deus da vida que rejeita a situação de morte prematura e injusta, significação última da pobreza. Morte física, prematura e injusta, é o que vemos, claramente, no mundo de hoje; morte cultural, também, na medida em que se discrimina a alguém por razões culturais, raciais ou por sua condição feminina. Tudo isso é a pobreza na Bíblia e, por isso, apresenta-se desse modo, desde o início, na Teologia da Libertação. Nessa perspectiva, apesar da dimensão econômica ser muito importante, é apenas uma das dimensões. É importante perceber a complexidade, ou, como dizem os economistas, a multidimensionalidade da pobreza.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Outros fatores contam muito: as opções feitas pela igreja latino-americana em Medellín, Puebla e Santo Domingo e também o testemunho - inclusive entregando sua própria vida - de numerosos cristãos, em seu esforço por reconhecer o rosto de Cristo no rosto dos maltratados e oprimidos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - Que seria mais urgente para que a Teologia e a Prática Pastoral da Libertação ajudem o mundo a encontrar soluções para problemas, tais como a fome, a guerra, o autoritarismo armado, etc.?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Gustavo Gutiérrez</strong> - Denunciar tudo o que atenta contra a dignidade da pessoa, especialmente, daqueles que sofrem, sistematicamente, situações de injustiça. O amor ao próximo é inseparável do amor de Deus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os problemas que vocês mencionam na pergunta são fatos históricos complexos, com aspectos que se movem em campos nos quais a reflexão teológica não tem uma competência especial. Porém, tem uma contribuição a dar. Ela pode fazer com que cresça o respeito pelos direitos humanos, bem como o rechaço que a sua violação (como a causada pela fome, pela guerra, pela tirania) deve provocar em uma pessoa que crer e em toda pessoa. Não se deve esquecer que a religião, o cristianismo inclusive, tem sido utilizada e continua sendo, para justificar essas situações. Estamos presenciando isso por ocasião da invasão do Iraque, uma guerra - com todos os sofrimentos que acarreta e com as conseqüências que poderão durar por anos - sem nenhuma justificativa, como anunciou, energicamente, o Papa João Paulo II.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Muitas vezes se pensa, e, em muitos casos, esta idéia tem-se arraigado em alguns setores populares, que a pobreza é algo assim como um fato natural, quase uma fatalidade. Um destino e não, como realmente é, uma condição criada por mãos humanas e, portanto, suscetível de ser mudada. Não há solução aos problemas mencionados, e a tantos outros semelhantes, se, juntamente com as imprescindíveis medidas de ordem social, político e legal, não mudarem a mentalidade para poder criar os caminhos que enfrentem as situações desumanas. A quantidade de cristãos que foram assassinados ou passaram por outras formas de maltrato e exclusão na América Latina, por serem solidários e por dar testemunho, prova que não falamos de abstrações.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - A nova visão teológica que nasceu na América Latina poderia ser, também, um denominador comum para contribuir à unidade entre as culturas de nosso continente?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Gustavo Gutiérrez</strong> - Não sei se a expressão correta seria dizer que ela pode ser um denominador comum. Porém, o certo é que a grande maioria da população da América Latina vive em uma condição de marginalidade e insignificância social, ocasionada por causas distintas. É importante estar atento a essa diversidade e a não reduzir a situação de conjunto a apenas um dos motivos que a produzem; além disso, em muitos casos, as causas se acumulam nas mesmas pessoas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É legítimo e enriquecedor acentuar uma dimensão que consideramos pouco valorizada, porém seria grave que se fizesse em detrimento de outros aspectos da situação de insignificância, com o risco de criar uma oposição, no fundo absurda, entre os que partilham uma condição de pobreza e marginalização. Este é o ponto chave na perspectiva da Teologia da Libertação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - A partir da Teologia da Libertação nasceram outras teologias, tais como: a Teologia Afro, Índia, da Mulher, favorecendo a inculturação. Como a reflexão teológica pode contribuir para fortalecer a articulação destes diferentes setores da sociedade?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Gustavo Gutiérrez</strong> - Creio que esse é um dos fatos mais importantes na reflexão teológica que se faz entre nós. Essas teologias são uma expressão do processo em curso que denominamos de irrupção do pobre. O aprofundamento das diversas vertentes da situação de marginalização e de exclusão permite vislumbrar a crueldade das situações em que vivem tantos habitantes deste continente, e, ao mesmo tempo, reforça a percepção de que a pobreza não é unicamente carência; os pobres são seres humanos com valores humanos e culturais e podem contribuir muito no processo de libertação, para uma convivência social humana e justa e à inteligência da fé.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As diferentes linhas teológicas mencionadas na pergunta sublinham uma diversidade enriquecedora para todos; elas estão em pleno processo, realizando um trabalho sumamente valioso e tem muito pela frente. Parece-me que sim, a Teologia pode exercer um papel na articulação que se alude; porém essa articulação requer uma boa análise social e histórica que permita ver, em toda sua crueza, os desafios comuns que enfrentamos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - Quais são os temas que a realidade latino-americana coloca ao fazer teológico, hoje? Quais dentre estes temas você está trabalhando prioritariamente?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Gustavo Gutiérrez</strong> - Quiçá, o primeiro que convém dizer é que a pobreza, com a complexidade que se falou, não é somente um problema social, o que é importante para os que sentem uma vocação especial neste campo. Trata-se de uma questão humana que se constitui em uma interpelação à consciência cristã, por isso é um desafio à reflexão teológica.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Teologia está a serviço da vida cristã, do seguimento de Jesus, que chamamos espiritualidade, e a serviço da tarefa eclesial do anúncio do evangelho. Esta é sua razão de ser, é uma re-flexão que vem depois da prática do cristão, com vistas a contribuir à sua fidelidade ao testemunho e ao ensinamento de Jesus, que nos faz caminhar por duas grandes vias, sem as quais não há vida cristã autêntica: a contemplativa ou mística e a profética ou do compromisso na história. A Teologia da Libertação vem de uma pergunta: como dizer ao pobre - e a toda pessoa - que Deus o ama, quando suas condições de vida parecem contradizer esse amor que a Bíblia considera, inclusive, dirigido a eles, em primeiro lugar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Atualmente, estou tentando retomar os fundamentos bíblicos da opção preferencial pelo pobre - que constitui o centro mesmo da Teologia da Libertação - para considerar o que esta perspectiva tem a dizer diante dos desafios que se apresentam hoje, como a globalização, por exemplo. Se nos inspiramos em um texto do Antigo Testamento, penso que é importante perguntar-se por onde dormirão os pobres no século que acaba de começar. A Teologia é uma hermenêutica, uma interpretação da esperança, dos motivos que temos para esperar. Por isso está estreitamente ligada a como viver hoje a mensagem de Jesus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - Qual sua apreciação sobre os processos político-sociais que culminaram nos resultados eleitorais do Brasil, da Bolívia e do Equador?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Gustavo Gutiérrez</strong> - Bem, há variações grandes entre esses três processos. O caso do Brasil é particularmente significativo. É interessante, sem dúvida, que, de uma maneira ou de outra, a voz dos marginalizados se faça ouvir. Porém, sabemos da instabilidade dos processos políticos, das pressões internacionais e de outros obstáculos que se encontram no caminho das mudanças sociais importantes. Não faço estas observações em tom pessimista, mas para que se pense que é necessário estar vigilantes e não esquecer que são requeridas mudanças mais profundas as quais, apesar de vinculadas a processos políticos, os ultrapassam.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - Qual o significado de sua inserção na família dominicana e qual a repercussão dessa decisão em seu trabalho teológico?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Gustavo Gutiérrez</strong> - É o resultado de um processo muito longo, de muitos contatos pessoais e de diferentes situações. Alguns aspectos foram importantes, tais como a afinidade ao modo de fazer Teologia, ligada à predicação e à espiritualidade, que aprendi com os mestres dominicanos Chenu, Congar, Schillebeeckx e outros; e de um outro aspecto, distante no tempo, mas, próximo, por outras razões, Bartolomé de Las Casas. Espero, nesta nova situação, ter um marco importante para trabalhar a linha teológica que acabo de recordar. Aprecio e agradeço a maneira fraterna com que fui acolhido.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>[Reportagem publicada originalmente em 25/04/2003].</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Fonte: <a href="http://www.adital.com.br/">http://www.adital.com.br/</a></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-50275739571944455042011-09-19T07:47:00.000-07:002011-09-19T07:47:21.767-07:00TdL em Mutirão 28<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-SjamSRGv7M8/TndV4IYsTlI/AAAAAAAAALE/7fs3jS25dRA/s1600/z%25C3%25A9+vicente.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" rba="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-SjamSRGv7M8/TndV4IYsTlI/AAAAAAAAALE/7fs3jS25dRA/s320/z%25C3%25A9+vicente.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>DEUS, CRISTO E OS POBRES. LIBERTAÇÃO E SALVAÇÃO NA FÉ À LUZ DA BÍBLIA</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como se pode perceber ao longo deste livro, o conflito na Teologia da Libertação baseia-se num pressuposto fundamental que ambas as partes reconhecem, mas do qual tiram conclusões contrárias. Se o um e o mesmo Jesus Cristo é verdadeiramente ser humano e verdadeiramente Deus, há duas possibilidades. Ou ele é visto prioritariamente como o Deus que permaneceu transcendente e que salva (assim Clodovis Boff), ou ele é visto como aquele ser humano em que Deus se tornou o irmão de todos, especialmente dos pobres, passou a ser igual a eles e assim os salvou (assim os teólogos da libertação criticados por Clodovis Boff).</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Segundo essa doutrina tradicional, mas não bíblica, Deus tornou-se ser humano para que o ser humano se tornasse Deus. Isso impossibilita explicar a transcendência de Deus e a importância que a fé nesse Deus maior possui para a esperança na salvação e para a moldagem de uma prática social libertadora. A teologia pode ser substituída por uma antropologia "platonizante” idealista, na qual Deus ainda é sinônimo para o futuro do ser humano, mas já não é o fundamento maior permanente e o Senhor dele. Por isso, em sua crítica a essa "virada antropológica” na teologia moderna (C. Boff 2007, 1009), Clodovis Boff percebe algo que é correto, mas não vai suficientemente longe. Ele assume os mesmos pressupostos dogmáticos em vez de questioná-los e corrigi-los numa releitura da cristologia bíblica. É sintomático que ele se refira somente a uma "transcendência da fé” ou mais generalizadamente à "transcendência” que é a "parte menor e menos relevante” na Teologia da Libertação (ibidem, 1005), mas não da transcendência de Deus acima da criação e dos seres humanos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Deus transcendente e o ser humano a ser salvo não podem se tornar iguais, nem mesmo por graça. Isto se aplica também a Jesus Cristo. Por isso, Jon Sobrino enveredou em sua cristologia e soteriologia pelo caminho certo, na medida em que rejeitou a transferência de atributos divinos ao ser humano Jesus Cristo. Ele permaneceu contraditório, porém, na medida em que supôs ao lado desse Cristo humano um Cristo divino, segundo o dogma de Niceia (cf. Cap. 5). Uma reorientação do pensamento nesse ponto permitiria também uma melhor consideração das possibilidades humanas limitadas e da inevitabilidade do sofrimento numa criação que é limitada e ainda está passando pelas dores do parto. Uma volta para a visão bíblica da transcendência inabolível de Deus também acima de Jesus Cristo, bem como da salvação através da reconciliação com a finitude da existência a caminho para a plenificação esperada de Deus poderia provavelmente ajudar a solucionar a "contenda entre irmãos” na Teologia da Libertação. Além disso, seria um grande desafio para o magistério que também precisaria mudar seu pensamento nessas questões. Essa volta para a fé bíblica e sua releitura seria pelo bem da teologia e da igreja, e assim também e principalmente pelo bem das pessoas pobres. A libertação delas é a preocupação compartilhada por ambas as partes do conflito e oxalá as unirá em breve.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Afinal, a opção pelos pobres não é apenas o tema de uma "teologia de segunda ordem”, separada como um campo parcial secundário ou uma mera aplicação de uma "teologia de primeira ordem” que iniciaria com Deus e a partir da qual todo o resto poderia ser deduzido. Esta é a posição de Clodovis Boff criticada por Weckel e Aquino Júnior (Weckel, 13-16; Aquino Júnior, 82-104). Deus é e permanece transcendente para o ser humano – também para Jesus Cristo – e nesse sentido precisa ser o "tema” mais importante dentro da teologia que é uma. Por isso, podemos falar dele somente quando partimos do ser humano e interpretamos, retroativamente e no modo de busca, nossas experiências em relação a Deus como o fundamento de nossa existência. Se passarmos ao largo dos seres humanos concretos e da história da salvação, não teremos acesso a Deus. Emprestando as palavras de Júnior: "O Deus bíblico revela-se como Deus dos pobres e dos oprimidos (embora ele seja mais do que isto)” (Aquino Júnior, 99s). Por isso não existe, no sentido bíblico-cristão, uma "teologia de primeira ordem” ou uma "teologia da fé” (cf. C. Boff 2007, 1006) antes ou acima da Teologia da Libertação como uma "teologia de segunda ordem” que tratasse dos seres humanos e preferencialmente dos pobres. Existe apenas uma única teologia, e esta sabe da transcendência de Deus e parte por isso de modo histórico-concreto das experiências humanas, especialmente aquelas que se tornaram possíveis graças à vida e obra de Jesus e que devem ser testemunhadas numa prática adequada – numa prática libertadora.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Fonte</strong>: [in Wess, Paul: DEUS, Cristo e os Pobres. Libertação e Salvação na Fé à Luz da Bíblia. Apresentação: João Batista Libanio. Tradução do alemão: Monika Ottermann. São Bernardo do Campo: Nhanduti Editora, 2011. www.nhanduti.com, p. 196-198].</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Sobre o autor:</strong></div><div style="text-align: justify;">Paul Wess, nascido em 1936 em Viena (Áustria), estudou filosofia e teologia em Innsbruck (inclusive com Karl Rahner), onde obteve em 1961 seu doutorado em filosofia. Ordenou-se presbítero em 1962 e trabalhou em Viena como vigário paroquial e professor de ensino religioso. Após um tempo de reorientação e novos estudos (1965/1966), assumiu –inicialmente numa equipe de padres– o trabalho numa paróquia recém-fundada em Viena (Machstrasse - Rua Mach), com o objetivo de formar comunidades de base e fazer experiências concretas de uma igreja communio.</div><div style="text-align: justify;">Em 1968, obteve o doutorado em teologia pela Universidade de Innsbruck com a tese "Como falar de Deus? Um debate com Karl Rahner” (Graz, 1970), e em 1989 a habilitação para o ensino universitário da teologia pastoral com a tese "Igreja de Comunidades – Lugar de fé. A prática como fundamento e consequência da teologia” (Graz, 1989). Liberado para o ensino universitário em 1996, foi o primeiro professor convidado em Graz (Áustria) e em Würzburg (Alemanha) e, desde 2000, é professor de Teologia Pastoral na Universidade de Innsbruck. Em 1992 participou como membro da delegacia austríaca do 8º Intereclesial das CEBs, em Santa Maria.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nos países de fala alemã, Paul Wess é um dos principais defensores das comunidades de base, da revisão dos conteúdos da fé e da reestruturação da Igreja Católica segundo os princípios bíblicos de fraternidade e sororidade ("Geschwisterliche Kirche”). Seus numerosos ensaios e artigos deram origem a vários livros e coletâneas, alguns deles já "verificados” pelo Vaticano; mas, por enquanto, ainda não objetos de notificações. </div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-13795106844642103922011-09-19T07:36:00.000-07:002011-09-19T07:36:38.013-07:00TdL em Mutirão 27<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-auIqXTdvtc0/TndTQQJA5zI/AAAAAAAAALA/v_3xjGV0-3k/s1600/MinoMuralSaoFelix.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="115" rba="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-auIqXTdvtc0/TndTQQJA5zI/AAAAAAAAALA/v_3xjGV0-3k/s320/MinoMuralSaoFelix.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>ENTREVISTA – FRANCISCO DE AQUINO JUNIOR: "TODA TEOLOGIA É SOCIAL: QUEIRA OU NÃO QUEIRA, TENHO OU NÃO TENHA CONSCIÊNCIA DISSO"!</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"Toda teologia é social: queira ou não queira, tenha ou não tenha consciência disso”. Esta é uma das frases contidas na entrevista concedida recentemente pelo teólogo e escritor Francisco de Aquino Junior à ADITAL. Aqui, ele fala sobre o caminhar da Teologia da Libertação e seus desdobramentos durante essas últimas décadas. </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A citação também faz referência ao seu livro A dimensão socioestrutural do reinado de Deus – Escritos de teologia social, no qual o autor se debruça sobre os avanços, desafios sobre esse modo de ser e viver a Igreja nos dias atuais. "Falar de Deus é tão importante e tão teológico quanto falar dos processos de organização e estruturação coletivas da vida humana”, diz.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Francisco Aquino Junior é Doutor em teologia pela Westfälische Wilhelms-Universität de Münster (Alemanha), professor de teologia na Faculdade Católica de Fortaleza e presbítero da Diocese de Limoeiro do Norte, no Ceará. Publicou ainda A teologia como intelecção do reinado de Deus: o método da teologia da libertação segundo Ignácio Ellacuria.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL </strong>- Seu livro A dimensão socioestrutural do reinado de Deus – Escritos de teologia social foi lançado há poucos dias pela Editora Paulinas. É o segundo livro que você escreve a partir da teologia da libertação. O que isso significa em termos eclesiais? É uma novidade?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Francisco de Aquino Junior</strong> - Significa, em primeiro lugar, que continua existindo uma Igreja da libertação, comprometida com os processos históricos de libertação. Porque existe também uma Igreja comprometida (por aliança ou por omissão) com os processos históricos de dominação – tanto no passado quanto no presente. E significa, em segundo lugar, que esse compromisso da Igreja com os processos de libertação e os próprios processos de libertação enquanto tais são refletidos e sistematizados teologicamente. É o momento teórico de um processo histórico-práxico. No início da década de 1970, Gustavo Gutiérrez já falava da teologia como "reflexão crítica da práxis histórica à luz da Palavra”, como "um momento do processo por meio do qual o mundo é transformado, abrindo-se ao dom do reino de Deus”. E Ignacio Ellacuría, nesse mesmo período, falava da teologia como "momento consciente e reflexo da práxis eclesial” que é a práxis do reinado de Deus.</div><div style="text-align: justify;">Neste sentido, o livro não constitui propriamente uma novidade. Ele se situa dentro da tradição teológica que vem sendo desenvolvida na América Latina e mundo inteiro nos últimos 40 anos, conhecida como Teologia da Libertação (TdL). O que pode ser novo é o modo de tratar certas questões (fé-política, dimensão social da fé), a abordagem de problemas mais recentes (globalização, meio ambiente, povo da rua) e o próprio fato de se continuar fazendo TdL frente à insistência dos profetas de calamidade, comprometidos com os impérios de ontem e de hoje, em "anunciar” o fim ou a morte de uma teologia comprometida com os pobres e oprimidos deste mundo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - Na introdução do seu novo livro você afirma que a Teologia da Libertação e as que dela derivaram, são sociais, sendo o ser humano um ser social (seu saber é social, seu trabalho, etc.). Esta é uma característica específica desta teologia?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Francisco de Aquino Junior</strong> - Toda teologia é social: queira ou não queira, tenha ou não tenha consciência disso. Ela trata da história da salvação que tem uma dimensão social constitutiva; ela responde ou corresponde a determinados interesses sociais; ela está ligada a uma tradição eclesial que é uma força social; ela utiliza mediações teórico-conceituais socialmente produzidas e mediadas; e tem sempre um caráter conflitivo. O que acontece é que nem sempre ou quase nunca (por ingenuidade ou por má fé) os/as teólogos/as assumem explicitamente o caráter social de suas teologias nem muito menos se perguntam a quem servem/interessam essas teologias ou quem se dá bem com elas. A TdL é uma das poucas teologias que desde o início assumiu explicitamente tanto seu caráter social, quanto o lugar social a partir de onde ela deve ser produzida e onde ela deve ser testada/provada: o mundo dos pobres e oprimidos. </div><div style="text-align: justify;">Dito isto, é preciso evitar um mal entendido acerca da TdL. O fato de ter uma dimensão ou um caráter social constitutivo, não significa que seja uma teologia das questões sociais, como defendia no passado e voltou a defender nos últimos tempos Clodovis Boff. A TdL não é simplesmente uma teologia do social. Ela trata de tudo, inclusive ou mesmo especialmente do social, a partir e na perspectiva do reinado de Deus, cujo critério e cuja medida são sempre as necessidades dos pobres e oprimidos deste mundo (Mt 25, 31-46; Lc 10,25-37). Na medida em que trata da história da salvação ou do reinado de Deus, trata de Jesus Cristo, trata do mistério de Deus, trata do ser humano, trata da Igreja, trata dos sacramentos etc., e trata também de questões mais direta e explicitamente sociais, como é o caso do livro que estamos comentando. </div><div style="text-align: justify;">Nesta perspectiva, falar de Deus é tão importante e tão teológico quanto falar dos processos de organização e estruturação coletivas da vida humana – sempre a partir e em vista do reinado de Deus. E não sejamos ingênuos. Não é que primeiro tenhamos que falar de "Deus em si” para depois falar da vida humana, pois todo discurso sobre Deus está mediado por uma experiência histórica concreta. No caso da tradição judaico-cristã, trata-se de uma experiência de libertação dos pobres e oprimidos que se constitui em critério do discurso sobre Deus, sobre a fé e sobre a vida em geral.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - Entendemos que a teologia nasce dentro da fé que se pauta pela prática da vida de Jesus Cristo. Portanto uma única referência com práticas e teologias diferenciadas, a partir das culturas e das diferentes situações sociais?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Francisco de Aquino Junior</strong> - O que está em jogo na fé e na teologia cristãs é sempre a realização histórica do reinado de Deus, como afirmamos há pouco. E o reinado de Deus diz respeito não somente a Deus, mas a seu reinado sobre a vida humana e mesmo sobre a totalidade da criação. Neste sentido, a teologia deve tratar de todas as questões e de todas as dimensões da vida humana, sempre a partir dos pobres e oprimidos e sempre na perspectiva de sua libertação. Esse "a partir de” e "na perspectiva de” é o que permite falar de TdL no singular. Mas na medida em que trata de questões ou dimensões específicas, constitui-se como uma realidade plural. E isso é o que justifica falar de teologias da libertação no plural: feminista, negra, indígena, ecológica, macro-ecumênica etc.</div><div style="text-align: justify;">Em síntese, a teologia é plural, na medida em que trata de temas, questões, dimensões e perspectivas distintas e o faz com distintas mediações prático-teóricas. É singular, na medida em que, tomando como critério a experiência bíblica de Deus, trata tudo isso a partir e na perspectiva dos pobres e oprimidos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - Até hoje, para muitos cristãos, o modelo da igreja ocidental era único e hegemônico, mas existem modelos diferentes e até conflitantes de igreja. Esses modelos são igualmente legítimos? </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Francisco de Aquino Junior</strong> - Embora não exista acima nem independentemente das culturas, a Igreja não pode se identificar sem mais com nenhuma cultura. Deve encarnar-se nas mais diferentes culturas, sem perder a profecia nestas mesmas culturas. Mas isso é algo extremamente complexo e conflitivo, como se pode constatar no nascimento da Igreja "fora” do mundo judaico (Gl 2; At 15), na vivência da fé e em sua formulação teórica no mundo greco-helenista nos primeiros séculos, na ação missionária da Igreja ao longo de sua história e na chamada "mudança de época” que caracteriza o momento presente. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A tentação constante é absolutizar uma determinada configuração histórica da Igreja, o que normalmente vem junto da defesa (nem sempre explícita) de determinados privilégios e interesses. Creio que aqui é muito importante ter presente que nenhuma cultura nem nenhuma configuração histórica da Igreja é absoluta, por mais valiosa/evangélica que seja e que o caráter missionário da Igreja exige que ela esteja aberta a todas as culturas, que possa adquirir diferentes configurações. E o critério evangélico de discernimento das diferentes culturas, das diferentes configurações da Igreja e da legitimidade dessas diferentes configurações está dado na única exigência que o chamado Concílio de Jerusalém fez às igrejas nascentes no mundo "pagão”: "somente pediram que nos lembrássemos dos pobres, questão que me esforcei por cumprir” (Gl 2,10).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - No nosso continente vários países já realizam mudanças radicais na política, na economia, etc. Na hierarquia eclesiástica, porém, não há abertura para realizar as profundas mudanças que vários setores da igreja estão reivindicando com sempre mais força. E aí? É melhor trabalhar para o Reino de Deus e ignorar as igrejas?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Francisco de Aquino Junior</strong> - A questão é bem mais complexa...Em primeiro lugar, creio que é importante recordar com o Vaticano II que a Igreja é o povo de Deus, com seus carismas e ministérios. Ela não pode ser identificada sem mais com os que assumem o ministério de presidência da comunidade, seja oficialmente (bispos, presbíteros), seja na prática (lideranças comunitárias, agentes de pastoral). Neste sentido, ignorar a Igreja seria ignorar a presença e ação dos cristãos no mundo, seu compromisso com a realização histórica do reinado de Deus.</div><div style="text-align: justify;">Em segundo lugar, é preciso reconhecer os ventos contrários ao espírito do Concílio, as tentativas de frear e mesmo barrar o processo de renovação conciliar, a "volta à grande disciplina”, o eclesiocentrismo etc., que foi se impondo na Igreja, sobretudo a partir de João Paulo II e da geração de bispos por ele nomeada. Há quem diga que quase exterminaram a raça dos profetas no meio episcopal...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em terceiro lugar, não podemos negar nem menosprezar as grandes mudanças que se deram na Igreja, particularmente na América Latina, nas últimas décadas. Seja no que diz respeito à identidade eclesial (missão como compromisso batismal e não como encargo da hierarquia), seja no que diz respeito à democratização eclesial (não apenas bispos e padres, mas também comunidades, pastorais e movimentos falam como Igreja e em nome da igreja), seja no que diz respeito àquilo que constitui o centro da vida e da missão cristã (realização histórica do reinado de Deus). E não obstante todos os limites destes avanços e todos os conflitos que eles implicaram e acarretaram.</div><div style="text-align: justify;">Em quarto lugar, não podemos ser tão otimistas/ingênuos com relação às mudanças econômicas e políticas que vêm ocorrendo em alguns países da AL nos últimos anos. É que elas que não são tão radicais como afirmam seus promotores e propagadores. Embora tenha havido um crescimento significativo das políticas sociais em alguns países e isso tenha ajudado a reduzir o índice de pobreza absoluta, quase não alterou a estrutura econômica neoliberal em curso. É o caso, sobretudo, do Brasil, onde, como indica Marcio Pochmann, a diminuição da "pobreza absoluta” (de 71,5% em 1978 para 31,4% em 2008) foi acompanhada de um crescimento da "pobreza relativa” (de 23,7% em 1978 para 45,2% em 2008): "a tendência positiva de redução da pobreza absoluta parece implicar na migração para a pobreza relativa”, afirma.</div><div style="text-align: justify;">Tudo isso para dizer que o fundamental da vida cristã é o compromisso com a realização histórica do reinado de Deus na sociedade, em geral, e na igreja, em particular. E que tanto na sociedade como na Igreja há sinais de sua presença e há forças contrárias a seu dinamismo. O grande desafio para nós é identificar esses sinais e potencializá-los e combater essas forças contrárias. Sem esquecer que o fazemos como Igreja de Jesus Cristo... Muitas vezes, apesar da Igreja...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ADITAL</strong> - O Fórum Social Mundial como o fogo do Pentecostes se multiplicou em milhares de chamas: fórum da saúde, educação, ecologia, teologia, de parlamentares, etc. Em cada fórum há centenas de padres, bispos, religiosos/as, cristãos militantes e oficinas de trabalhos realizados por pastorais. Esta seria a prática de Jesus para ‘ser sal e luz do mundo'?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Francisco de Aquino Junior</strong> - Com certeza! Onde quer que se defenda a vida, que se lute pela justiça, que se esforce e se empenhe na construção de um mundo mais justo e fraterno ai está o Espírito do Deus de Jesus e aí tem que estar aqueles/as que se deixam conduzir por este mesmo Espírito. Pouco importa a confissão religiosa. Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor toma parte no reinado de Deus, mas aqueles que fazem sua vontade... Isso não nega a importância e mesmo a necessidade da Igreja, mas simplesmente põe no centro aquilo que é central: a realização do reinado de Deus, cuja característica e cuja medida mais importante é a justiça aos pobres e oprimidos deste mundo. <strong>Neste sentido, bem diz o profeta Pedro Casaldáliga, "tudo é relativo, menos Deus e a fome”...</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fonte: <a href="http://www.adital.com.br/">http://www.adital.com.br/</a></div><div align="justify"></div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-948538922468421342011-09-13T07:21:00.000-07:002011-09-13T07:23:02.473-07:00TdL em Mutirão 26<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ZKMIz-qJUVI/Tm9m3QX91qI/AAAAAAAAAK8/HnVP5Vj_uOk/s1600/pc.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="311px" rba="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-ZKMIz-qJUVI/Tm9m3QX91qI/AAAAAAAAAK8/HnVP5Vj_uOk/s320/pc.jpg" width="320px" /></a></div><div align="justify"><strong>CARTA ABERTA A NOSSOS MÁRTIRES</strong></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Escrevo a todos vós, nossos e nossas mártires,</div><div style="text-align: justify;">que destes a vida pela Vida,</div><div style="text-align: justify;">ao longo de toda a nossa América,</div><div style="text-align: justify;">nas ruas e nas montanhas,</div><div style="text-align: justify;">nas oficinas e nos campos,</div><div style="text-align: justify;">nas escolas e nas igrejas,</div><div style="text-align: justify;">de noite ou em pleno dia.</div><div style="text-align: justify;">Por vós, nossos e nossas mártires, sobretudo,</div><div style="text-align: justify;">nossa América é o continente da morte com esperança.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Escrevo em nome de todos os nossos povos e de nossas igrejas,</div><div style="text-align: justify;">que vos devem a coragem de viver, defendendo sua identidade,</div><div style="text-align: justify;">e a vontade obstinada de seguir anunciando o Reino,</div><div style="text-align: justify;">contra o vento e a maré do anti-reino liberal</div><div style="text-align: justify;">e apesar das corrupções de nossos governos, </div><div style="text-align: justify;">ou das involuções de nossas hierarquias,</div><div style="text-align: justify;">ou de todas as nossas próprias claudicações.</div><div style="text-align: justify;">Acreditamos que enquanto houver martírio haverá credibilidade,</div><div style="text-align: justify;">enquanto houver martírio haverá esperança.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vós, nossos e nossas mártires, lavastes as vestes de vossos compromissos</div><div style="text-align: justify;">no sangue do Cordeiro.</div><div style="text-align: justify;">E vosso sangue em Seu sangue</div><div style="text-align: justify;">continua lavando também nossos sonhos, nossas fragilidades</div><div style="text-align: justify;">e nossos fracassos.</div><div style="text-align: justify;">Enquanto houver martírio, haverá conversão,</div><div style="text-align: justify;">enquanto houver martírio, haverá eficácia.</div><div style="text-align: justify;">É morrendo que o grão de milho se multiplica.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Escrevo contra a proibição</div><div style="text-align: justify;">dos poderes das ditaduras - militares, políticas ou econômicas - </div><div style="text-align: justify;">e contra a covardia esquecediça de nossas próprias igrejas.</div><div style="text-align: justify;">Bem que eles e elas quiseram impor-nos</div><div style="text-align: justify;">uma anistia que fosse amnésia,</div><div style="text-align: justify;">e uma reconciliação que seria claudicação.</div><div style="text-align: justify;">Inutilmente.</div><div style="text-align: justify;">Sabeis perdoar, mas quereis viver.</div><div style="text-align: justify;">Não permitiremos que se apague o grito supremo de vosso amor,</div><div style="text-align: justify;">nem vamos deixar que seja infecundo o vosso sangue.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Muito menos nos contentaremos, superficiais ou irresponsáveis,</div><div style="text-align: justify;">em expor vossos pôsteres</div><div style="text-align: justify;">e cantar-vos numa romaria</div><div style="text-align: justify;">ou chorar-vos numa dramatização.</div><div style="text-align: justify;">Assumiremos vossas vidas e vossas mortes</div><div style="text-align: justify;">assumindo vossas Causas.</div><div style="text-align: justify;">Aquelas Causas concretas</div><div style="text-align: justify;">pelas quais destes a vida e a morte.</div><div style="text-align: justify;">Aquelas Causas, tão divinas e tão humanas,</div><div style="text-align: justify;">que desglosam em conjuntura histórica e em caridade eficaz</div><div style="text-align: justify;">a Causa maior do Reino,</div><div style="text-align: justify;">pela qual deu a vida e a morte e pela qual ressuscitou</div><div style="text-align: justify;">o Primogênito dentre os mortos,</div><div style="text-align: justify;">Jesus de Nazaré, o Crucificado-Ressuscitado para sempre.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um a um, uma a uma vos recordamos,</div><div style="text-align: justify;">e não dizemos agora nenhum de vossos ilustres nomes,</div><div style="text-align: justify;">para dizer a vós todos e todas, numa só voz,</div><div style="text-align: justify;">de amor e de compromisso:</div><div style="text-align: justify;">nossos mártires! Mulheres, homens, crianças, anciãos,</div><div style="text-align: justify;">indígenas, camponeses, operários, estudantes,</div><div style="text-align: justify;">mães de família, advogados, professores,</div><div style="text-align: justify;">militantes e agentes de pastoral, artistas e comunicadores,</div><div style="text-align: justify;">pastores, sacerdotes, catequistas, bispos...</div><div style="text-align: justify;">Nomes conhecidos e já incorporados ao nosso martirológio,</div><div style="text-align: justify;">ou nomes ignorados, mas gravados no santoral de Deus.</div><div style="text-align: justify;">Sentimo-nos como herança vossa, Povo-testemunho, Igreja martirial,</div><div style="text-align: justify;">diáconos a caminho por essa longa noite pascal do Continente,</div><div style="text-align: justify;">tão tenebrosa ainda, mas tão invencivelmente vitoriosa.</div><div style="text-align: justify;">Não cederemos, não nos venderemos, não renunciaremos </div><div style="text-align: justify;">a esse paradigma maior de nossas vidas</div><div style="text-align: justify;">que foi o paradigma do próprio Jesus</div><div style="text-align: justify;">e que é o sonho do Deus Vivo para todos os seus filhos e filhas</div><div style="text-align: justify;">de todos os tempos e de todos os povos,</div><div style="text-align: justify;">em todos os mundos, até o Mundo único e pluralmente fraterno:</div><div style="text-align: justify;">o Reino, o Reino, seu Reino!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Com São Romero da América e com todos vós, nossos e nossas</div><div style="text-align: justify;">mártires,</div><div style="text-align: justify;">e unidos à voz e ao compromisso comum,</div><div style="text-align: justify;">de todos os irmãos e irmãs de solidariedade que nos acompanham,</div><div style="text-align: justify;">declaramo-nos "alegres de correr como Jesus</div><div style="text-align: justify;">(como todos vós)</div><div style="text-align: justify;">os mesmos riscos, </div><div style="text-align: justify;">por identificar-nos com as Causas dos despossuídos".</div><div style="text-align: justify;">Neste mundo prostituído pelo mercado global e pelo bem-estar egoísta,</div><div style="text-align: justify;">com humildade e decisão, vos juramos:</div><div style="text-align: justify;">"Longe de nós gloriar-nos</div><div style="text-align: justify;">a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo"</div><div style="text-align: justify;">e em vossas cruzes, irmãs da sua!</div><div style="text-align: justify;">Com Ele e convosco,</div><div style="text-align: justify;">seguiremos cantando a Libertação.</div><div style="text-align: justify;">Por Ele e por vós,</div><div style="text-align: justify;">saberemos jubilosamente</div><div style="text-align: justify;">que nos cabe ressuscitar "mesmo que nos custe a vida".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>D. Pedro Casaldáliga</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><em>testemunha de muitos/as mártires</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-21168504389123458082011-09-01T11:59:00.000-07:002011-09-01T12:01:09.220-07:00TdL em Mutirão 25<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-zwfivpf3500/Tl_VfPSWfvI/AAAAAAAAAKw/qHuEvQb97fw/s1600/pedro+e+eu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="233" src="http://1.bp.blogspot.com/-zwfivpf3500/Tl_VfPSWfvI/AAAAAAAAAKw/qHuEvQb97fw/s320/pedro+e+eu.jpg" width="320" xaa="true" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>ORAÇÃO, ORAÇÃO, ORAÇÃO</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tomem nota mesmo: sem oração (cristã) não há espiritualidade cristã. A espiritualidade é mais do que só oração, porque também é serviço, renúncia, luta contra a injustiça, promoção do Reino de Deus. Mas de nossa oração depende fundamentalmente nossa espiritualidade!</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A que Deus oramos? Que tipo de oração fazemos? Até quanta oração?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Da resposta a estas perguntas dependerá nossa espiritualidade. Não nos enganemos. </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A ação não é oração. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O serviço não é oração.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A luta pelo Reino não é oração.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A oração é oração.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Posso dizer mais? Tacando mesmo?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Moça ou rapaz da Pastoral da Juventude que não faz todo dia meia hora de oração é um traste a mais na Pastoral da Juventude...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jesus, a quem tentamos seguir, viveu intensamente a oração. Os evangelhos fazem questão de nos apresentar a oração de Jesus e como essa oração chamou a atenção de seus discípulos até o ponto deles lhe pedirem: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11,1). E vejam outras referências bem significativas, nos Evangelhos: Mt 4,1-2; Lc 5,16; Mc 1,35; Lc 6,12; Mt 26,39; Lc 22,41-44; Lc 18,1; Mc 14,32-42; Lc 23,34.46; Mt 27,46. Ele passava noites em oração, se retirava, madrugava para orar, insistia: “É preciso orar sempre sem desfalecer” (Lc 18,1). </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A oração evidentemente se faz de muitos modos, mesmo sendo sempre uma comunicação com o Deus vivo. </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Agradecer, pedir perdão, adorar, louvar, reclamar ajuda, contemplar em silêncio humilde e confiado. Cantando e meditando a Bíblia, lendo devagar um bom livro de espiritualidade e se voltando para Deus com a mente e com o coração (como as galinhas do quintal que bebem e levantam a cabeça). A sós, em família, com o grupo, na comunidade, com o povo em geral...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esses padres e essas freiras e esses leigos e leigas, já mais crescidos e “sabidos” que acompanham a Pastoral da Juventude, bem que poderiam ensinar a orar, não é? Aliás, já ensinaram! Com o exemplo sobretudo...E podem indicar livros bons que ajudem a orar, e eles/as, rapazes e moças, podem organizar encontros para isso: para orar, para aprender a orar... </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando organizarão o primeiro encontro desse tipo?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tacada vai! Você querida, querido, ora meia hora todos os dias? Sim ou sim?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>D. Pedro Casaldáliga</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fonte: TAVARES, Emerson Sbardelotti. <strong><em>O Mistério e o Sopro - Roteiros para Acampamentos Juvenis e Reuniões de Grupos de Jovens</em></strong>. Brasília: CPP, 2005.</div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-79230100621754115932011-08-26T05:28:00.000-07:002011-08-26T11:08:32.229-07:00TdL em Mutirão 24<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-gwtsmKgqngk/TleROmjte2I/AAAAAAAAAKs/7MTzZqdbjB8/s1600/jung+mo+sung.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" qaa="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-gwtsmKgqngk/TleROmjte2I/AAAAAAAAAKs/7MTzZqdbjB8/s200/jung+mo+sung.jpg" width="146" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>"ECONOMIA PARA A VIDA": CONTRIBUIÇÕES DA TEOLOGIA PARA A CRÍTICA À IDOLATRIA.</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>- ENTREVISTA ESPECIAL COM JUNG MO SUNG</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">“Todas as sociedades produzem deuses, que são obras de ações e interações humanas que são sacralizadas, e em seu nome se funda a ordem social existente e se exige sacrifícios de vidas humanas necessários para a reprodução da ordem”. Para o teólogo Jung Mo Sung, o neoliberalismo, hoje, apresenta uma lógica idolátrica, devido à “dimensão fascinante do capitalismo global atual”. “Diante da fascinação, não basta criticar, é preciso desvelar o processo sacrificial para desmascarar a fascinação que cega”, afirma.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nesse contexto, “a teologia tem um papel importante a cumprir na sociedade. Podemos dizer que a crítica pela teologia da fascinação da idolatria do mercado é um papel ou uma contribuição importante a dar no espaço público da sociedade e do debate acadêmico”, defende.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nesta entrevista, concedida por e-mail à IHU On-Line, Sung faz também uma análise das contribuições do Concílio Vaticano II, prestes a completar 50 anos de sua convocação, além das Jornadas preparatórias para o Congresso Continental de Teologia, que irá ocorrer na Unisinos, em outubro de 2012. E também explica qual a sua compreensão da importância e do significado da “teologia pública”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung é teólogo e filósofo leigo católico. É mestre em Teologia Moral pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo – Umesp, com pós-doutorado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba. É professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Umesp. Dentre suas obras, destacamos: Sementes de esperança: a fé em um mundo em crise (Vozes, 2005, 2ª. ed.), Educar para reencantar a vida (Vozes, 2006) e Se Deus existe, por que há pobreza? (Paulinas, 2000, 3ª. ed.). </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Confira a entrevista.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – Qual é a importância de celebrar os 50 anos do Concílio Vaticano II? A partir dessa data especial, quais são os principais desafios que a igreja precisa discutir no atual momento histórico?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – Uma pessoa sabe quem ela é a partir da sua memória. Quando sofre amnésia e perde completamente a memória, perde também a sua identidade, não sabe quem é, e assim não consegue compreender o seu presente e nem consegue pensar no seu futuro. Assim também funciona para instituições ou igrejas. É claro que nenhuma instituição sofre de amnésia total, mas, de forma semelhante às pessoas, a sua memória é conformada de modo seletivo. Guardamos certos fatos e esquecemo-nos de outros. Esquecer é fundamental na formação da memória e, portanto da identidade, porque não é possível guardar na memória todos os fatos. Perdoar, por exemplo, é um exercício de esquecimento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se sabemos quem somos a partir da nossa memória, o processo de seleção desta memória impacta não somente na identidade, mas na forma como compreendemos o presente e as tarefas e objetivos para o futuro. Assim sendo, esquecer ou lembrar-se de certos fatos ou acontecimentos do passado da Igreja Católica influencia o modo como esta igreja compreende o seu presente e os desafios do seu futuro. Por isso, celebrar os 50 anos do Concílio ou não e como se celebra são opções importantes na “organização” da memória da Igreja e, portanto, da sua identidade e do seu futuro.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dito isso, podemos dizer que o primeiro desafio consiste na luta pela interpretação do Concílio na história recente da Igreja, pois a memória é sempre constituída de reinterpretação de fatos passados. Interpretado como uma abertura da Igreja ao Espírito de Deus e às realidades do mundo moderno, eu penso que a celebração dos 50 anos de Concílio nos coloca, em primeiro lugar, o desafio de repensar o próprio conceito de modernidade ou de mundo moderno que esteve presente no Concílio e ainda está em muitos documentos e textos teológicos de hoje.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A modernidade foi compreendida como emancipação humana, racional e secularizada, quando na verdade apresenta duas faces aparentemente contraditórias. A proposta de emancipação humana baseada na razão veio acompanhada de colonização e escravização da população do mundo não europeu ocidental. A racionalidade moderna justificou a irracionalidade da matança e exploração de centenas de milhões de pessoas em nome do progresso e civilização. Franz Hinkelammert chama a racionalidade moderna de “racionalização do irracional”. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Além disso, a dita secularização não significou negação completa da religião ou do sagrado, mas o deslocamento do sagrado para a esfera do mercado, no capitalismo, e Estado no comunismo. Na crítica teológica ao capitalismo, isso foi chamado de “idolatria do mercado”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A compreensão da modernidade como racional e secularizada traz para a Igreja o desafio de justificar a fé diante da razão e a religião diante do mundo secular. A compreensão mais crítica do mundo moderno traz o desafio de criticar teologicamente a idolatria que explora e mata, ou não permite a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, além da degradação ambiental, em nome de um novo tipo sagrado. Como todo sagrado, este Império global que está se formando com a globalização econômica fascina e atrai ao mesmo tempo em que gera medo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Hoje, especialmente o medo de ser expulso da globalização.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Diante do mundo assim, a Igreja Católica, que celebra os 50 anos do Concílio como abertura ao Espírito de Deus e “às alegrias e esperanças” e também aos sofrimentos do mundo, deve assumir o desafio de encontrar formas concretas mais eficientes de testemunhar o amor de Deus junto aos pobres e vítimas deste sistema imperial global.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – Quais são as temáticas eclesiais ou teológicas que requerem uma mudança para que se dê continuidade ao espírito do Concílio Vaticano II?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – Eu penso que uma das grandes novidades do Concílio foi tentar superar a noção de a Igreja ser ou estar “separada” do mundo que se fortalece no mundo moderno. A visão do mundo dividido em religioso e secular é uma criação do mundo moderno, pois antes tudo estava sob o “manto” do religioso; a vida em sua integralidade era explicada a partir do senso religioso. Com a emergência da modernidade e da separação entre Estado e Igreja, a secularização, surgiu o “espaço público” que ficou fora do controle ou da esfera do religioso, que ficou mais restrito ao campo da vida privada.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Uma das reações da Igreja foi a de se valorizar como uma instituição “separada” por Deus que tinha como função a salvação das almas das tentações e perigos do “mundo”; isto é, o caminho da salvação consistia em “sair” do mundo, ou pelo menos não se intrometer demasiadamente nos problemas do mundo. Por isso, a religião se via como não tendo relação com a política. E o clero, com o seu celibato, era uma expressão social visível desta teologia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Concílio procura superar esse dualismo Igreja/mundo, assumindo que as alegrias e esperanças do mundo também são as da Igreja e desenvolve também uma eclesiologia que procura superar a divisão interna das pessoas “separadas”, consagradas, sagradas, das pessoas comuns. E propõe uma visão da Igreja como Povo de Deus, dentro do qual todos os seus membros são iguais no Batismo, com diferentes serviços ou ministérios.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para dar continuidade e aprofundamento neste caminho ou espírito, eu penso que é fundamental retomarmos o debate teológico em torno da Igreja como Povo de Deus a serviço do testemunho da presença do Reino de Deus no mundo. Superar a teologia da “separação”, teologia centrada na noção do sagrado. Pois, sagrado é aquilo que foi separado do mundo profano. Cristianismo não é uma religião que anuncia um novo sagrado, um sagrado mais poderoso do que outros; pelo contrário, anuncia que Deus se esvaziou do seu poder e se encarnou, entrou no mundo, na forma de um ser humano.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – Passados 40 anos desde a obra seminal de Gustavo Gutiérrez, como a Teologia da Libertação deve ser compreendida hoje? De que libertação falamos no contexto contemporâneo, que não é mais o mesmo de 40 anos atrás?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – Eu penso que é fundamental retomarmos as novidades fundamentais da Teologia da Libertação – TdL que a diferenciaram de outras teologias políticas ou progressistas da época. A principal novidade da TdL não consistiu em falar dos pobres ou da inserção política dos cristãos na sociedade, mas na sua “ruptura epistemológica”, na sua metodologia e princípios teóricos que norteiam o fazer teologia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O primeiro elemento desta ruptura foi a relação práxis/teologia. A TdL se propôs a fazer sua reflexão teológica a partir e sobre problemas das práxis de libertação. A TdL não quis reler todos os tratados teológicos a partir dos pobres – como alguns pensam ainda hoje –, mas refletir e dar respostas e pistas de ação para perguntas que vinham das lutas diante de uma realidade tão injusta. Infelizmente, muitos dos livros considerados de TdL não explicitam qual problema ou pergunta que surge da realidade e das práticas que estão tentando elucidar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O segundo elemento foi a ruptura com a noção de que existe uma abordagem universal ou neutra na busca da verdade ou das verdades na teologia ou em outras áreas de saber. A opção pelos pobres, além de ser uma opção que norteia a condução das práticas pastorais, é uma afirmação de que, em situações de opressão, não há um ponto de vista neutro ou universal para interpretar a realidade e a fé; e que a perspectiva bíblica é a perspectiva dos pobres ou das vítimas das relações de dominação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um terceiro elemento tem a ver com a noção de libertação que foi colocada na pergunta. No início da TdL, a noção de libertação era bem concreta; falava-se da libertação das relações de dependência no campo da economia política internacional e nacional. Na medida em que a TdL refletia as questões das lutas sociais, a noção de libertação era entendida de uma forma bem “encarnada”, dentro das possibilidades históricas. Com o passar do tempo, começou a predominar a noção de libertação como a passagem para um mundo “sem dominação e injustiça, um mundo de plena harmonia”. Isto é, uma noção abstrata de libertação que pressupõe a libertação de todas as contradições humanas e de todos os conflitos e problemas inerentes a todas as sociedades humanas. No fundo, a libertação passou a significar a “construção do Reino de Deus em plenitude” no interior da história. Com isso, perdeu-se a concretude histórica que se pretendeu no início da TdL com o diálogo com as ciências do social.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É claro que há outros elementos importantes nessa teologia, como a necessidade da “libertação da teologia” (a autocrítica da teologia, da Igreja, da religiosidade dos pobres, incluindo as CEBs) para que possa haver a teologia da libertação; mas o espaço aqui não permite alongar muito esse tema.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para terminar a resposta a esta pergunta, eu penso que é importante repensarmos o próprio conceito de libertação antes de responder libertação do “quê” falamos hoje. Em outras palavras, repensar a relação entre a libertação, liberdade e a condição humana.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – A partir dos debates da Jornada Teológica do Cone Sul e do Brasil, que ocorreram em junho, por onde anda a teologia hoje? Que questões centrais foram debatidas?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – A Jornada Teológica que ocorreu em Santiago, Chile, precisa ser entendida dentro da realidade da Igreja Católica chilena. Não foi uma jornada de especialistas discutindo ou avaliando a situação da TdL hoje, mas foi um encontro que serviu mais para ser um “sinal dos tempos” na Igreja de Chile, que passa por dificuldades. Isto é, um evento que reuniu diversos setores da Igreja chilena para discutir temas que giravam fundamentalmente em torno do testemunho profético da Igreja na realidade social. Por isso, não é possível dizer por onde anda a teologia hoje a partir daquela jornada. Para interessados em mais detalhes sobre a jornada, vale a pena conferir o sítio que contém também textos discutidos lá: www.jornadasteologicas.cl.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – O espaço dos leigos e leigas – especialmente mulheres – na Igreja continua sendo reduzido. A que “paradigma” esse fenômeno está associado? Que mudanças são necessárias para uma nova eclesiologia, menos clericalista?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – Eu penso que o ponto nevrálgico na discussão de um novo modo de compreender a estrutura interna da Igreja está na articulação entre dois temas: a missão da Igreja no mundo e a tradição como parte da revelação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Setores da Igreja Católica que reivindicam mudanças estruturais que ofereçam mais espaço de atuação e decisão para laicato (homens e mulheres) e possibilidade de ordenação das mulheres se fundamentam em dois pontos:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">a) a missão da Igreja no mundo como testemunho profético capaz de questionar a sociedade e, por isso, a necessidade de adequações internas para fazer jus a este papel profético; </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">b) uma leitura da Bíblia que não se reduz a repetição das regras existentes no tempo bíblico, mas a que se utiliza da hermenêutica para “atualizar” o espírito da Bíblia nos dias de hoje.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Setores que se opõem a essas mudanças têm uma concepção da missão que se funda mais na “separação” do mundo ou na salvação eterna das almas, que têm pouco a ver com o testemunho profético. Além disso, esses setores costumam compreender a tradição da Igreja – incluindo aqui toda a história da conformação das estruturas institucionais e hierárquicas – como parte do processo de revelação da vontade de Deus no mundo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sendo assim, a modificação na relação clero/laicado e a ordenação das mulheres são vistas como contrárias à verdade revelada e guardada pelo magistério da Igreja.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por isso, penso que a mudança eclesiológica pressupõe uma mudança na compreensão da relação entre a verdade revelada e a Igreja. O que implica em um debate teológico e mudança cultural muito interessante e difícil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mudanças profundas em instituições seculares como a Igreja Católica são resultados de dois movimentos: um interno, a partir de uma nova compreensão de si e da sua missão, que é fruto de uma luta interna em termos de debate teológico-ideológico e de relações força entre os grupos; e a pressão do contexto onde está localizada. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O crescimento de religiões não cristãs, como o islamismo, e principalmente de Igrejas evangélicas e pentecostais pode ser um fator de pressão para mudanças. Quando ficar mais claro que as respostas tradicionais não são capazes de fazer frente às novidades e pressões do contexto social e religioso, haverá mais espaço para mudanças desejadas por grupos internos que hoje não são hegemônicos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – Em sua opinião, qual é o espaço e a importância de uma “teologia pública”?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – Eu penso que há dois tipos de compreensão quando se fala da “teologia pública”. O primeiro é no sentido de que a teologia e a Igreja têm ou devem ter um papel ou uma contribuição a dar na “esfera pública”. Uma visão mais ampla e mais “neutra” da teologia política ou TdL, na medida em que inclui na esfera pública a sociedade civil, além da esfera da política no sentido estrito. Eu usei o termo “neutro” para dizer que o fato de se assumir como teologia pública não conota necessariamente nenhum posicionamento ideológico ou político definido. Há autores da teologia política que são mais conservadores ou mais “liberais” (no sentido norte-americano) ou progressistas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O segundo é a compreensão da teologia pública como uma presença pública da teologia nas universidades, dialogando com as ciências em geral. É uma forma de a teologia sair do “gueto” dos seminários ou faculdades de teologia e participar de forma amadurecida no âmbito da academia. Seria uma forma de superar a preconceito contra a teologia que surgiu após o Iluminismo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu penso que esses dois tipos de compreensão da teologia pública são úteis e podem contribuir no diálogo e na inserção das igrejas cristãs na sociedade hoje. Mas “teologia pública” por si só não define suficientemente os pressupostos epistemológicos e opções éticas de cada corrente interna. Por isso, penso que é preciso adjetivar a expressão, como, por exemplo, “teologia pública neo-ortodoxa” ou “teologia pública profética”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – As novas tecnologias digitais mudaram os espaços, os tempos, os conceitos de comunidade, pertença etc. Como essa realidade se reflete (ou não) no campo teológico e pastoral?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – A vida e os relacionamentos das pessoas e das comunidades estão marcados profundamente pela noção de tempo e espaço. Na medida em que novas tecnologias estão criando novo tipo de espaço, o espaço virtual, que permite, por exemplo, redes de relacionamentos que ultrapassam limites do espaço geográfico, elas modificam também a noção de tempo e assim a própria noção de pertença e do que é importante na vida.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Com certeza, essas modificações estão afetando a pastoral, mas ainda há poucas pesquisas e reflexões teológicas sobre isso. Como disse antes, a TdL deve se ocupar com temas e problemas que surgem das práticas pastorais sociais e, portanto, este deveria ser um tema urgente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Deixe-me dar um pequeno exemplo como provocação para reflexões. Através de redes sociais estão surgindo comunidades virtuais de cristãos, com pessoas de diversas partes do mundo, em torno de visões teológicas ou religiosas convergentes. É claro que comunidades virtuais não possibilitam a experiência de “face a face”, que é fundamental na experiência comunitária. Todavia, elas permitem que pessoas que se sentem isoladas, seja porque vivem longe da sua comunidade de pertença original ou porque não aceitam a teologia ou a linha pastoral da sua igreja local, se vejam pertencendo ao que poderíamos chamar de versão tecnológica da “comunhão dos santos”. Há muitas pessoas que usam, por exemplo, Twitter como um “púlpito” para a divulgação de mensagens ou de pensamentos teológicos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – Em sua fala na Jornada Teológica, o senhor abordou as referências no âmbito econômico de conceitos religiosos ou teológicos como dogmatismo, fundamentalismo, sacralização do mercado, sacrifícios. O que isso revela a respeito da sociedade contemporânea?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – Na verdade, eu citei autores fora da teologia, especialmente da área da economia e administração de empresas que usam esses termos religiosos para falar das práticas e teorias no campo econômico e das empresas. Este tipo de pesquisa e reflexão começou já na década de 1970, na TdL, com autores como Franz Hinkelammert e Hugo Assmann e eu tenho participado disso desde 1988.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A constatação do uso de termos religiosos e teológicos no campo da economia não é um acaso ou um simples uso de metáforas sem importância na economia. Este uso constante de termos e símbolos religiosos para sintetizar lógicas, práticas e cosmovisões econômicas revela que o mundo moderno não é não religioso. Pelo contrário, não se pode compreender o mundo moderno se não levar em consideração o fato de que ele se levanta contra o mundo feudal com a pregação de uma boa nova: a libertação humana pelo avanço tecnológico e econômico. Só que essa salvação, como toda religião, exige sacrifícios. A economia capitalista não nega a soteriologia da cristandade medieval, mas a modifica. Agora os sacrifícios necessários para a salvação são exigidos em nome do mercado. É por isso que os ideólogos e defensores do capitalismo se dão bem que setores conservadores das igrejas que defendem que não há salvação sem sacrifício.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em resumo, o mundo moderno não é secularizado no sentido antirreligioso, mas é idólatra. Karl Marx e Max Weber já apontaram para esse aspecto do capitalismo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – Em sua crítica ao neoliberalismo, o senhor usa termos como “ídolo” e “idolatria”. Em que sentido?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – Um dos conceitos teológicos fundamentais da Bíblia, se é que podemos dizer que é um conceito no sentido mais técnico, é o da idolatria. Todas as sociedades produzem deuses, que são obras de ações e interações humanas (objetos ou instituições) que são sacralizadas, e em seu nome se funda a ordem social existente e se exige sacrifícios de vidas humanas necessários para a reprodução da ordem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os profetas perceberam isso e desvelaram e criticaram esse processo de produção de deuses, os ídolos. Em oposição a ídolo, que se caracteriza por exigir sacrifícios de vidas humanas, a Bíblia nos apresenta Deus que não quer sacrifícios, mas misericórdia. Os seguidores de Deus misericordioso podem doar suas vidas por amor, na liberdade, mas não se sentem coagidos entregando suas vidas em sacrifício.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um aspecto que é importante na crítica à idolatria é que o ídolo é sempre visto como deus por seus adoradores e, por isso, fascina e atrai. Quando digo que o neoliberalismo apresenta uma lógica idolátrica estou também querendo apontar para a dimensão fascinante do capitalismo global atual. Diante da fascinação, não basta criticar; é preciso desvelar o processo sacrificial para desmascarar a fascinação que cega. Nesta tarefa, a teologia tem um papel importante a cumprir na sociedade. Voltando ao tema da teologia pública, podemos dizer que a crítica pela teologia da fascinação da idolatria do mercado é um papel ou uma contribuição importante a dar no espaço público da sociedade e do debate acadêmico.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>IHU On-Line – Para o senhor, a vida econômica hoje é percebida como uma religião, e o neoliberalismo, como uma nova religião econômica. É possível uma “outra economia”, justa e eticamente regulada? Sobre que parâmetros estaria assentada?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jung Mo Sung – Uma ideia ampla como “economia justa e eticamente regulada” nos ajuda a pensar na superação da economia capitalista que conhecemos hoje. Mas, ao mesmo tempo, não é muito operacional e não oferece muitas pistas concretas para formular os pontos principais de uma “outra economia”. Isso porque entramos em uma discussão sem fim sobre o que é “justo” e “ético”; só para depois entrarmos na discussão de como ética pode regular economia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Economia é o campo da produção e distribuição de bens materiais e simbólicos necessários para a reprodução da vida humana. Não basta que uma economia seja justa e ética – não importa aqui o que se entende por isso –, se não produz o suficiente para a reprodução da vida de toda a sociedade. Por isso, eu prefiro a proposta por Franz Hinkelammert de discutirmos em torno da “economia para a vida”. Esta expressão remete a Jo 10, 10, “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”, e se opõe a economia capitalista que é pensada para o crescimento econômico e acumulação do capital.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Economia para a vida implica também na preservação do meio ambiente, que é condição de vida, e na vida de todas as pessoas. Aqui estamos falando de vida corporal, a única que temos e podemos cuidar de fato – pois a vida eterna é graça de Deus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O grande desafio para quem luta por uma sociedade mais justa e humana, onde todas as pessoas tenham a oportunidade e possibilidade de ter uma vida digna e prazerosa, é responder à pergunta: como será a nova forma de coordenação da divisão social do trabalho?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Uma característica das economias não simples é o fato da fragmentação do processo produtivo. Isto é, ninguém ou nenhum grupo pequeno produz todos os bens necessários para a sua sobrevivência. Com isso, cada um faz uma parte do trabalho necessário e há a necessidade de coordenação desses trabalhos ou processos fragmentados. O comunismo propôs, como alternativa ao capitalismo, o modelo de planejamento centralizado pelo Estado. A experiência histórica nos mostrou que esse caminho é ineficiente porque é impossível conhecer de modo eficaz todos os elementos da economia para esse planejamento. O neoliberalismo propõe que o mercado seja o único ou principal instrumento de coordenação da divisão social do trabalho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A luta por uma “economia justa” ou uma “economia para a vida” passa necessariamente por este desafio de pensarmos uma forma alternativa dessa coordenação. Propostas econômicas alternativas no âmbito de unidades produtivas (por exemplo, empresas na linha da “economia de comunhão”) ou em âmbitos microrregionais ou marginais ao mercado global (por exemplo, muitas experiências de economia solidária) são importantes e ajudam muito na vida concreta do povo. Mas, em termos de outro sistema econômico, não há como evitar o tema dessa coordenação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A princípio, podemos dizer que há sim alternativa ao capitalismo, pois ele não é eterno, mas não será solução perfeita ou definitiva.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fonte: Entrevista feita por Moisés Sbardelotto para <a href="http://www.ihu.unisinos.br/">http://www.ihu.unisinos.br/</a></div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-39694377796901224012011-08-26T05:08:00.000-07:002011-08-26T05:08:59.888-07:00TdL em Mutirão 23<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-mxbG0hWfYno/TleMw_pXx3I/AAAAAAAAAKo/PHZXLHtjgpY/s1600/foto_libanio_02.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" qaa="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-mxbG0hWfYno/TleMw_pXx3I/AAAAAAAAAKo/PHZXLHtjgpY/s320/foto_libanio_02.jpg" width="234" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>PROCESSO E ESTADO ATUAL DA TEOLOGIA LATINOAMERICANA E SUA RELAÇÃO COM O MUNDO DOS JOVENS</strong></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>I. CONSIDERAÇÃO INICIAL</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Entre os vários tipos de teologia na América Latina, privilegiaremos a teologia da libertação. Seu método se define por duas coordenadas: partir da opção pelos pobres e pensar-se como práxis libertadora.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>II. DESAFIOS</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os maiores desafios lhe vêm na linha de ampliar suas relações com as novas exigências atuais: valorização da subjetividade, a religiosidade indígena, negra e pós-moderna, o movimento feminista, a nova cosmologia, as exigências ecológicas e os novos pobres. Para essa exposição, atenderemos de modo especial os questionamentos levantados pelos jovens pós-modernos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Outro tipo de desafio surge da queda do socialismo e da gigantesca crise do neoliberalismo na linha de encontrar um caminho alternativo. Em que a teologia e os cristãos podem colaborar na criação de novo paradigma? </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>III. NOVOS TEMAS CENTRAIS DA TEOLOGIA</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">L. Boff formulou de modo perspicaz e mordente o tema central da teologia latinoamericana sob a forma de grito. O grito fundamental, universal e primeiro vem da Terra. Se esta morre, todos morremos juntos. Cabe fazer rápido diagnóstico da situação ecológica para pensar na construção de numa teologia libertadora da criação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dos pobres, brota um segundo grito. A realidade do pobre necessita ser refletida em outra perspectiva que a dos primeiros anos da teologia da libertação, sobretudo em relação com uma sociedade do conhecimento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Outros desafios surgem da parte do fenômeno religioso, do crescimento da consciência de etnia, da reivindicação da mulher e da crise de valores.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>IV. RESPOSTAS AOS JOVENS PÓS-MODERNOS</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Finalmente, na última parte trataremos do desafio à teologia vinda da parte dos jovens. Distinguimos nos jovens pós-modernos quatro tendências, que podem combinar-se de diferentes maneiras. Há uma tendência que considera a vida um sucesso continuo. Outra assinala antes o caráter de desilusão. Cresce também um forte lado religioso. E não falta a presença do traço de compromisso crítico e libertador numa sociedade de tanta injustiça.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A conclusão deixa o jovem diante das múltiplas possibilidades de viver e agir como cristão. A evangelização pode salientar mais um aspecto que o outro. E isso se faz objeto da discussão.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>DINÂMICA</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">1. Que elementos fundamentais decorrem da palestra no referente à compreensão do jovem pós-moderno e sua relação com a teologia da libertação?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">2. Que percebo na minha experiência pessoal e grupal de jovem pós-moderno que responde ou se distancia da teologia da libertação?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>João Batista Libânio - teólogo</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Fonte: <a href="http://www.jblibanio.com.br/">http://www.jblibanio.com.br/</a></strong></div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-81042443058684741992011-08-26T04:45:00.000-07:002011-08-26T05:11:42.702-07:00TdL em Mutirão 22<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-qtdjU8R4YoM/TleHUe29WGI/AAAAAAAAAKk/yllKgiC5L-o/s1600/leonardo+boff.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" qaa="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-qtdjU8R4YoM/TleHUe29WGI/AAAAAAAAAKk/yllKgiC5L-o/s1600/leonardo+boff.bmp" /></a></div><strong>TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO: VIVA E ATUANTE</strong> <br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Teologia da Libertação é, por um lado, uma teologia polêmica, mal compreendida, difamada e condenada e, por outro, uma teologia saudada como a primeira produção teórica nascida na periferia do cristianismo, que apresenta um novo modo de fazer teologia, a partir dos pobres e contra a sua pobreza, profética e com um apelo à consciência ética da humanidade, por colocar no centro de sua preocupação a sorte das grandes maiorias condenadas à miséria e à exclusão por causa das minorias nacionais e internacionais insensíveis, cruéis e sem piedade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por isso, membros da Teologia da Libertação, desde os anos 70, desapareceram ou foram perseguidos, presos, torturados e assassinados: bispos, padres, teólogos, religiosos e religiosas, leigos, jovens, homens e mulheres. A causa conquistou, em razão de sua dignidade, admiração e respeito de espíritos generosos do mundo inteiro. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nascida no final dos anos 60 do século passado, ela continua viva e atuante, especialmente na América Latina, na Ásia, na África e em vários centros da Europa e dos Estados Unidos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>Na esteira das rebeliões dos anos 60</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Teologia da Libertação deve ser entendida na esteira das rebeliões jovens que irromperam em muitas partes do mundo a partir de meados dos anos 60 do século 20. Tratava-se de criticar as instituições tradicionais como a família, o Estado burocrático e a cultura dominante por seu caráter autoritário e centralizador. Criou-se uma cultura da liberdade e da criatividade. Como as Igrejas estão dentro do mundo, foram também elas perpassadas por esse ar libertador. Daí se explica, em parte, a Teologia da Libertação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Simultaneamente, na América Latina os pobres invadiam a cena política com movimentos organizados, dos quais participavam muitos cristãos. Estes se perguntavam: em que medida o cristianismo, junto com outros, ajuda a libertar a humanidade, e não é um simples fator de acomodação e de legitimação do status quo? Formulado em termos teológicos: “Como anunciar que Deus é bom em um mundo de miseráveis?”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Só podemos anunciá-lo de forma convincente e crível se mudarmos este mundo de ruim em bom. Então, temos uma mediação histórica que torna verossímil crer na bondade de Deus. Caso contrário, vivemos uma fé alienada e estéril. Ao contrário, a própria fé no Deus bíblico nos fornece motivações para transformar este mundo, pois Ele se revelou como aquele que escuta o grito dos oprimidos no Egito e abandonou sua transcendência e desceu à terra para libertá-los.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vale ainda lembrar o significado do Concílio Vaticano II (1962-1965), que criou um espírito de aggiornamento e a mobilização que representavam figuras proféticas como Dom Helder Câmara no Brasil e o bispo Larrain no Chile. Eles cedo entenderam que o nosso subdesenvolvimento era a outra face do desenvolvimento dos países centrais e que isso representava uma dinâmica de opressão que deveria ser rompida. À opressão contrapunham a libertação. Assim nascia o termo e sua alta significação política e religiosa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>Tendências da Teologia da Libertação</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desde o início se entendeu que o sujeito dessa libertação seria o próprio pobre quando conscientizado, organizado e disposto a se engajar em favor de mudanças sociais. Fundamental para essa compreensão foi Paulo Freire, com sua “pedagogia do oprimido” e a “educação como prática da liberdade”. Ele mostrou que o pobre não é um pobre, mas um empobrecido, feito pobre por relações econômico-sociais que o oprimem. Não é um ignorante, mas produtor de outro tipo de cultura e portador de força de transformação social. Se a libertação não for resultado da luta dos próprios oprimidos, nunca será verdadeira libertação. As Igrejas e outros grupos poderão e deverão ser seus aliados, mas jamais os protagonistas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por essa razão, a marca registrada da Teologia da Libertação é a opção pelos pobres, contra sua pobreza e em favor de sua vida e liberdade. Se os pobres são oprimidos, eles o são de muitas maneiras: pela opressão econômica que os faz carentes e excluídos; pela opressão racial que atinge os negros; pela opressão étnica que afeta os índios; pela opressão sexual que diz respeito às mulheres submetidas ao patriarcalismo desde o neolítico (há 10 mil anos) etc.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para cada opressão específica se elaborava sua correspondente libertação. Assim, surgiu uma Teologia da Libertação feminina, negra, índia e, nos últimos anos, ecológica. Entendeu-se que a Terra é tão ou mais explorada que os pobres. Por isso ela deve ser inserida na opção pelos pobres contra a pobreza, especialmente agora que está ameaçada pelo aquecimento global.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>Método e prática libertadora</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A palavra primeira da Teologia da Libertação é a prática. No início de tudo estão os movimentos sociais ativos. Depois vem o fenômeno da Igreja da Libertação, que se expressa pela troca de lugar social de seus agentes: o bispo abandona seu palácio, padres, religiosos e religiosas vão morar nos meios populares, teólogos combinam o trabalho acadêmico com a inserção no movimento popular. Surgem as comunidades eclesiais de base, a leitura popular da Bíblia e as várias pastorais sociais, por terra, por teto, pelo índio, pelo negro, pela saúde e outras. Esse ensaio funda uma verdadeira eclesiogênese, o nascimento de um novo modelo de Igreja. Após essa diligência, entra a Teologia da Libertação como momento de reflexão e crítica de tais práticas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ela utiliza um método que possui algo de revolucionário. Parte primeiramente da percepção da realidade em suas várias dimensões (ver), e aí se identificam quais são os desafios principais. Aqui surgem as questões relevantes que movem o povo. Em segundo lugar, faz-se o juízo crítico dessa realidade (julgar) à luz das Escrituras, da teologia e da grande tradição da fé; então se discernem os momentos de graça e de pecado da realidade e se realçam os pontos que devem ser transformados. Por fim, vem o compromisso efetivamente libertador (agir) com a definição das estratégias, a distribuição das tarefas e o trabalho concreto sobre a realidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esse método é o mais temido e combatido pelo Vaticano, pois atinge exatamente o ponto mais fraco de todas as suas intervenções: de serem autoritárias, escritas em grupos fechados, afastadas da realidade, dedutivistas e meramente doutrinais, geralmente desgarradas dos processos históricos. Esse método desafia as demais correntes teológicas a não serem meros produtos de consumo interno dos cristãos, mas momentos de reflexão das questões relevantes da humanidade, sob risco, caso contrário, de não escapar da pecha de alienação e de cinismo histórico.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os dois documentos do Vaticano, de 1984 e 1986, um condenatório e outro mais positivo, deram crédito aos detratores dessa teologia, pois isso convinha à visão burocrática do Vaticano, refratária a qualquer mudança. Por isso os teólogos não se sentiram aí representados. O efeito de tais intervenções foi parco, pois os pobres do mundo aumentaram, o que reforçou a urgência dessa teologia, praticada nas Igrejas que articulam fé e justiça e dão centralidade aos pobres. Os dois Fóruns Mundiais da Teologia da Libertação, o de Porto Alegre (2005) e o de Nairóbi (2007), mostraram sua vitalidade em todos os continentes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>Questões relevantes em discussão</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Cada continente elabora questões específicas na ótica da libertação. Na América Latina, há uma forte corrente que discute a relação da economia de mercado com a ética e as novas formas de dominação global. Crescente é a preocupação ecológica, pois sabe-se que o futuro da vida no planeta passa pela forma como trataremos a Amazônia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na África, continua atuante a questão da aculturação. Reivindica-se o direito que tinham os primeiros cristãos de assumirem as matrizes das culturas em presença de onde resultou o cristianismo atual. As culturas africanas não são ocidentais nem cartesianas; elas podem conferir outro rosto ao cristianismo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na Ásia, a grande questão é o diálogo inter-religioso. Em que medida Jesus se relaciona com os grandes mestres das grandes tradições do Oriente? Eles também não seriam figurações da dimensão “Cristo” que não pode ser monopolizada por Jesus de Nazaré?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Concluindo, cabe dizer: o importante não é a Teologia da Libertação, mas a libertação histórica dos oprimidos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Leonardo Boff - Teólogo</strong><br />
<br />
<strong>Fonte: <a href="http://www.leonardoboff.com/">http://www.leonardoboff.com/</a> </strong></div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7956381073476477790.post-84888690578272510632011-08-23T21:59:00.000-07:002011-08-23T21:59:17.319-07:00TdL em Mutirão 21<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-dkuaKGRuqKA/TlSFC3lqDFI/AAAAAAAAAKg/p-vNYdlREME/s1600/images3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" qaa="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-dkuaKGRuqKA/TlSFC3lqDFI/AAAAAAAAAKg/p-vNYdlREME/s400/images3.jpg" width="260" /></a></div><div style="text-align: justify;"><strong>ESPIRITUALIDADE E MÍSTICA A PARTIR DE UMA REALIDADE PÉ-NO-CHÃO!</strong></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Pastoral da Juventude trabalha a espiritualidade e a mística dos grupos de base a partir da realidade em que estão inseridos: uma realidade pé-no-chão!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O que diferencia a espiritualidade e a mística da PJ da dos Movimentos Religiosos?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os Movimentos Religiosos trabalham a espiritualidade e a mística sem um compromisso com a realidade do grupo de jovens, com o que esteja acontecendo ao redor, é uma espiritualidade e mística de fora para dentro da Igreja, de portas fechadas!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A PJ trabalha a espiritualidade e a mística a partir da experiência do(a) jovem, na base, no bairro, no município, no estado, no país, no continente e no mundo, um abraço no Planeta Terra como ser vivente, leva em consideração tudo o que acontece ao redor, é mística e espiritualidade da libertação, começa de dentro para fora da Igreja, sempre de portas abertas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>A palavra espiritualidade tem sua raiz na palavra ESPÍRITO (ruah - em hebraico - Gn 2,7).</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><br />
</strong></div><div style="text-align: justify;"><strong>A palavra mística tem sua raiz na palavra MISTÉRIO (mysterion - em grego - Mc 4,11; 1Cor 2,1.7; Cl 1,27; Ef 1,9). </strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Espírito e Mistério são palavras que se completam, e no nosso caso, estão estritamente ligadas ao Mistério Pascal de Jesus e ao Espírito Santo de Deus que nos impulsiona e encoraja na caminhada cotidiana, de conversão, de recuos e avanços.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Espiritualidade e mística, se não forem sentidas e bem usadas, se tornam fuga.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E o que mais acontece hoje em dia é a fuga.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A juventude se deixa induzir por várias correntes de pensamento, pela mídia, pelos Movimentos Religiosos a não mais assumir compromissos no campo político e social, em não mais defender a justiça e anunciar a vida. É uma juventude que prefere esperar no seu canto, alienada, erguendo e balançando as mãos, que outros jovens e até mesmo, os adultos, resolvam por eles, problemas que possam surgir, na maioria das vezes, transferem para Deus esta responsabilidade. É a fuga! </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>MAS AFINAL, O QUE É ESPIRITUALIDADE E MÍSTICA? </strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O teólogo Leonardo Boff parafraseando Sua Santidade, O Dalai Lama diz: "Espiritualidade é aquilo que produz dentro de nós uma mudança. O ser humano é um ser de mudanças..."</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tenho dito nos grupos em que presto assessoria que: "Mística é o fio condutor, uma linha invisível que une a memória e os sonhos, que une a história e a utopia, que une o passado e o futuro e que faz do presente uma grande festa. Uma grande celebração".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Seguindo os passos de Jesus, tento lançar as redes em águas mais profundas e ousando olhar para a frente, penso em um Programa de Espiritualidade e Mística que aborde: </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>PROJETO 01: FORMAÇÃO E VIVÊNCIA BÍBLICA E LITÚRGICA.</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Incentivar o uso da Bíblia (primeiro a de linguagem popular pastoral depois a de estudo).</div><div style="text-align: justify;">* Realizar o método da Leitura Orante da Bíblia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Incentivar e fortalecer a formação sistemática, aproveitando as experiências.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Realizar escolas, oficinas, encontros em parceria com entidades como o CEBI e a REDE CELEBRA. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>PROJETO 02: EXPRESSÕES E VIVÊNCIAS DA ESPIRITUALIDADE E DA MÍSTICA.</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Celebrar a memória dos mártires e das lutas populares.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Incentivar e valorizar o Ofício Divino das Comunidades (com grupos de jovens: Ofício Divino da Juventude).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Preparar e realizar acampamentos juvenis inspirados em temas bíblicos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>PROJETO ESPECÍFICO:</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><br />
<em></em></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><em>PROJETO O1:</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Formação Litúrgica (incentivar a continuação das escolas litúrgicas e outras atividades: oficinas, cursos). </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>PROJETO O2:</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Formação Bíblica (divulgar e fortalecer as escolas bíblicas, as escolas de teologia para leigos/as, organizar cursos referentes ao estudo de introdução ao Primeiro e Segundo Testamento, para iniciantes e para quem está na caminhada). </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><em>Mas quais são os passos para fazer um itinerário na espiritualidade e na mística da PJ?</em></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Primeiro passo: FAZER SILÊNCIO.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- O(a) jovem deve perceber que é no silêncio que Deus se revela a nós e nós nos revelamos a Ele; entender que ao calarmos nossas vozes interiores e exteriores, todo o nosso ser se cala e aguçam-se nossos sentidos na escuta daquele que vem. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Segundo passo: PEDIR HUMILDEMENTE A AJUDA DO ESPÍRITO SANTO.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- É necessário pedir ao Pai que mande o seu Espírito. Pois, sem esta ajuda do Espírito de Deus, não é possível descobrir o sentido que a Palavra de Deus tem para o seu povo hoje. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Terceiro passo: A LEITURA ORANTE DA BÍBLIA.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O(a) jovem deve subir os degraus:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- primeiro degrau: A LEITURA - o que o texto diz em si?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- segundo degrau: A MEDITAÇÃO - o que o texto diz para mim, para você?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- terceiro degrau: A ORAÇÃO - o que o texto me faz dizer a Deus?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- quarto degrau: A CONTEMPLAÇÃO - ver o mundo em que vivemos com os olhos de Deus, saboreando o jeito de ser e agir de Deus; o quanto Ele é bondoso e o que faz para nós. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Quarto passo: A REZA DO OFÍCIO DIVINO DAS COMUNIDADES.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">* Quinto passo: O CONTATO COM A LITERATURA ESPECIALIZADA SOBRE O TEMA .</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Indico algumas obras importantes para o crescimento pessoal e grupal: </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">BOFF,Leonardo. Espiritualidade - Um Caminho de Transformação. 2a. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2001.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">BOFF,Leonardo, BETTO,Frei. Mística e Espiritualidade. 4a. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">CASALDÁLIGA,Pedro, VIGIL,José Maria. Espiritualidade da Libertação. 4a. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1996.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">CASALDÁLIGA,Pedro. Juventude com Espírito. São Paulo: CCJ, 1996.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">___________________. Nossa Espiritualidade. São Paulo: Paulus, 1998.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">GALILEA, Segundo. Caminho de Espiritualidade. São Paulo: Paulus, 1981.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">GUTIÉRREZ,Gustavo. Beber em seu próprio poço. São Paulo: Loyola,2000.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">TAVARES, Emerson Sbardelotti. O Mistério e o Sopro - roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens. Brasília: CPP, 2005.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Emerson Sbardelotti</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Autor de O MISTÉRIO E O SOPRO - ROTEIROS PARA ACAMPAMENTOS JUVENIS E REUNIÕES DE GRUPOS DE JOVENS. Brasília: CPP, 2005.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Autor de UTOPIA POÉTICA. São Leopoldo: CEBI, 2007. </div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;">Estudante do Curso Superior em Teologia pelo Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo - IFTAV. </div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;">Coordenador do Instituto Capixaba de Juventude do Estado do Espírito Santo - ICJ-ES.</div>TdL em Mutirãohttp://www.blogger.com/profile/07880138209282626121noreply@blogger.com0