JUSTIÇA
E PROFECIA A SERVIÇO DA VIDA!
O
que posso dizer destes dias em que vivi na Diocese do Crato, em Juazeiro do
Norte, no Cariri, do Ceará de Padre Cícero, no Ceará de Patativa do Assaré, no
Ceará do 13º. Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base?
Próximo
ao mistério de Deus no meio de tantos romeiros, tantas romeiras, prefiro me
calar e lembrar na mente e em meu coração, momentos que nunca se apagarão...que
estão cravados para sempre.
Tive
a imensa alegria de ser adotado pelo povo guerreiro do Norte I: Amazonas e
Roraima, que me abraçaram, que me beijaram, como se eu já estivesse com eles a
muito tempo e que nosso encontro fosse um reencontro...neste momento as
lágrimas rolam por saudade e por amor a todos, todas que daqui para frente
estarão em minhas orações e lembranças...e são muitas...muitos risos
também...quero reencontrá-los, reencontrá-las em breve.
Fui
acolhido por uma família especial do Cariri, do Crato/CE, a Família Lobo: me
deixaram a vontade com meu novo irmão, eu tenho um irmão indígena...(risos)...o
querido Delmir, que deve chegar em breve em Belém do Pará...é um choro de
alegria o de agora e de muita saudade...saudade das minhas novas irmãs, do meu
novo irmão, de painho e mainha.
No
dia 07 de janeiro, após o credenciamento me dirigi para Assaré, a cidade do
poeta profeta Patativa. Que alegria estar ali naquele pequeno lugarejo de onde
brotou um verdadeiro ser humano. Eu agora sei que minha pesquisa em torno dele
será ainda mais difícil, pois parafraseando Luiz Gonzaga a respeito de Jackson
do Pandeiro: “Quando a gente encontra alguém que é muito melhor...a única coisa
a se fazer é ficar quieto”. Ao conversar com as meninas da Casa da Memória
Patativa do Assaré, e ver nos olhos delas, o amor pela história do grande
mestre do Assaré, é que senti que ainda tenho muito a fazer e a crescer
enquanto ser humano, poeta e cantador.
Voltei
de lá com a sacola cheia de livros, discos e um documentário, enquanto escrevo
esta memória, ouço e canto uma canção chamada SINA (Raimundo Fagner / Ricardo
Bezerra / Patativa do Assaré):
Eu
venho desde menino
Desde
muito pequenino
Cumprindo
o belo destino
Que
me deu Nosso Senhor
Não
nasci pra ser guerreiro
Nem
infeliz estrangeiro
Eu
num me entrego ao dinheiro
Só
ao olhar do meu amor
Carrego
nesse meus ombros
O
sinal do Redentor
E
tenho nessa parada
Quanto
mais feliz eu sou
Eu
nasci pra ser vaqueiro
Sou
mais feliz brasileiro
Eu
num invejo dinheiro
Nem
diploma de doutor...
A
noite celebramos a abertura dos trabalhos. E abracei Reginaldo Veloso e Zé Vicente
e outros artistas da caminhada.
E começou no dia 08, de
fato, o Intereclesial, com uma linda celebração e tantas vozes e chapéus, que
eu disse baixinho: “Obrigado Jesus por revelar seu amor aos pequeninos”...e o
Caldeirão esquentou ainda mais quando Francisco, bispo fraterno de Roma nos
mandou sua mensagem de amor, afago e carinho...quando um irmão indígena nos
lembrou que podem nos tirar tudo, mas nunca irão matar nossas raízes...e
assim...a paz!
Depois
de dez anos, abracei meu querido irmão e amigo Vilsom Basso, scj, hoje bispo de
Caxias – MA...e assim...a paz!
E reencontrei a família do
querido amigo e irmão Zé Martins num vagão...ops...num rancho em sua
homenagem...ao abraçar a Angela e as filhas do Zé...a emoção foi grande
demais...e assim...a paz!
Todos
os dias as famílias, apesar do calor e do cansaço, nos recebiam com sorrisos,
beijos e abraços e isso nos dava ainda mais força.
No
dia 09 saímos em missão, visitando paróquias e conhecendo um povo
lindo...ouvimos histórias, recitação de cordel, deixamos chapéus e levamos no
peito a certeza que Deus está muito mais perto dos pobres do que imaginamos. E
vimos neles os profetas e profetisas que ainda não somos...mas estamos a
caminho...e assim...a paz!
No
mesmo dia, subimos ao Horto de nosso Padim Padi Ciço...fomos pedir sua benção,
fomos rezar os mártires de nossa caminhada: todos, todas. Foi lida a Carta
fraternal que será enviada ao querido Papa Francisco.
No
dia 10 retornamos aos ranchos, depois de ouvirmos um animado Luis Mosconi, fiel
romeiro e articulador das santas missões populares e o querido Frei Carlos
Mesters, que no alto de sua simplicidade nos ensinou como trabalhar com o povo
a partir dele próprio e da Palavra de Deus. A noite cantamos com Zé Vicente e
os artistas da caminhada.
No
dia 11 escolhemos o Paraná como estado que acolherá o próximo Intereclesial das
Cebs, o 14º., na cidade de Londrina.
Depois
partimos em romaria para o que seria a caminhada jubilar em homenagem ao
centenário da Diocese do Crato. Depois aconteceu a Missa de Envio e com a lua
surgindo, nos abraçamos uma vez mais, numa irmandade linda, desejosos de nos
reencontrar nessas estradas todas da vida e manter sempre viva a profecia,
defendendo a vida, lutando por justiça.
Que
Deus nos abençoe.
Que
Deus vos abençoe.
Amém.
Axé. Awerê. Aleluia.
Emerson Sbardelotti
12 de dezembro de 2014
23:45
Vitória do Espírito Santo